quarta-feira, 4 de setembro de 2019

RÁDIO NACIONAL: ANDAR 22, USINA DE RADIONOVELAS.


Roberto Salvador

NO ANDAR 22,NO TOPO DO EDIFÍCIO A NOITE, UM ESPAÇO PARA OS ESCRITORES DE RADIONOVELAS.
             Edifício A NOITE na praça Mauá anos 40:
 quatro últimos  andares ocupados pela Rádio Nacional.
                         No último  reinava o radioteatro

UMA MÁQUINA DE CRIAR EM CIMA DE UMA MÁQUINA DE ESCREVER.
Os escritores de novelas eram chamados de novelistas. Tanto na Nacional quanto na Tupi, na Tamoio, ou na MEC, que mantinham programas de radioteatro ou novelas no ar. Os novelistas não levavam boa vida.

Luiz Quirino, novelista
 e Olavo de Barros, ator e diretor do radioteatro da Tupi 



Walter Foster, escrevia para a Rádio Tupi.
Era também radioator



Radioatores em ação:
 interpretação  dos textos escritos pelos novelistas

Mário Lago, acumulava funções: 
radioator e autor de textos para o seriado
Presídio de Mulheres






Estúdio de radioteatro da Nacional anos 1950: 
Fábrica de sonhos. 
Saint Clair Lopes,Olga Nobre, Celso Guimarães e Domicio Costa

ALEM DE ESCREVEREM OS CAPÍTULOS OS  NOVELISTAS TAMBÉM REDIGIAM OS TEXTOS COMERCIAIS. 

E isto porque os textos publicitários, que iam ao ar nos intervalos comerciais, eram feitos pelos próprios escritores. 
Mais tarde a Nacional, sempre em busca da perfeição, criou a figura do redator comercial. Eram escritores de gabarito que se dedicavam a produzir textos comerciais e criativos. Oranice Franco, antes de se consagrar como produtor  de As histórias do Tio Janjão e No meu tempo de rapaz, produziu textos comerciais, para os patrocinadores, Chiquete Adams e Casa Valentim, patrocinadores dos programas durante anos.

Doralice e Oranice Franco: começo no rádio,
 depois a literatura.
 Ele foi para Academia Brasileira de Letras

Além das novelas, muitos autores escreviam também esquetes, programas humorísticos, musicais e programas montados.Muitos, além disso, atuavam no microfone, como Mário Brasini,Cícero Acaiaba,Walter |Foster,Álvaro Aguiar,Mário Lago e outros.


Mario Brasini desabafou: Sou uma máquina de criar, em cima de uma máquina de escrever. Chego na emissora de manhã e nunca saio antes das 11 da noite.

Escrever, portanto, era uma obsessão para muitos, que tinham que cumprir suas tarefas e entregar os textos a tempo e a hora. Por isso valia tudo.A estrela Isis de Oliveira, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som revelou que os novelistas "roubavam" as falas dos atores e as colocavam nos personagens, transferia para os textos conversas e desabafos que captava pelos corredores e até nos elevadores!

Isis de Oliveira, rainha do radioteatro da Nacional


SILENCIO! ESCRITORES TRABALHANDO.

No vigésimo segundo andar, o diretor Floriano Faissal criou uma área em que alguns novelistas dispunham de um espaço onde poderiam escrever e guardar seu material. Eram pequenos boxes de meia parede, onde cabia apenas uma mesa com máquina de escrever  e um arquivo.Vários novelistas dividiam esse pequeno espaço, trabalhando em turnos.Do lado de fora se ouvia o martelar das máquinas de escrever e se evitava fazer algazarra para não atrapalhar quem estava escrevendo.
Outros produtores possuíam instalações no 20º. andar. Boa parte deles, no entanto, escrevia fora da emissora. 

O médico radialista Paulo Roberto escrevia  Obrigado Doutor, Lira de Xopotó, Nada além de dois minutos e outros lindos programas, em casa ou em seus plantões na Maternidade de Cascadura. Os manuscritos eram datilografados por sua secretária que os encaminhava à Nacional.

Paulo Roberto:
 escrevia 5 programas por semana e uma crônica diária,
Bom dia compadre .

Como a demanda por novelas era muito grande, com frequência, a emissora da praça Mauá, simplesmente comprava os textos de  autores que não faziam parte de seus quadros permanentes. Com a valorização do gênero, as empresas de publicidade ou simplesmente adquiriam textos dos autores ou contratava novelistas para escreverem com exclusividade. Gilberto Martins estava incluído neste último caso.


SUBLITERATURA?
Os novelistas faturavam bem e certamente por isso, começaram a despertar uma certa inveja entre os escritores tradicionais. Com frequência eram acusados por estes de produzir subliteratura para o rádio.Não era bem assim. Embora algumas concessões tivessem que ser feitas para atender aos patrocinadores, a grande maioria produzia uma literatura para o rádio que os ouvintes consumiam e os incentivavam a fazer cada vez melhor. Muitos que escreviam para rádio acabaram por se consagrar nas letras e ingressaram na Academia Brasileira de Letras. 

Entre eles Viriato Correia, Oranice Franco, Genolino Amado, Dinah Silveira de Queiroz, Dias Gomes, entre outros.
Viriato Correa escrevia Histórias de Chinelo. 
Destaque na literatura ingressou na Academia Brasileira de Letras


Genolino Amado escrevia também para a Nacional a famosa
Crônica da Cidade, lida às 13 horas por Cesar Ladeira.


Dinah Silveira de Queiroz:
antes de ser acadêmica escreveu por décadas a crônica
Café da Manhã, pela Nacional.

Alguns patrocinadores relutavam em aceitar novelas extraídas da literatura universal. Mas quando alguns novelistas conseguiam romper a barreira, os ouvintes apreciavam e os editores adoravam. É que era comum os ouvintes promoverem uma corrida às livrarias para comprar o livro, a fim de conhecer o final da novela.
Mas isto era muito pouco, pois em um país com os altos índices de analfabetismo dos anos 50, teria sido desejado que as grandes obras da literatura universal houvessem ocupado um espaço maior no nosso radioteatro.


Dias Gomes, Janete Clair e os filhos: 
casal vitorioso das radionovelas, que depois migrou para a tevê

Ivani Ribeiro, considerada a que mais escreveu novelas para o rádio e depois para a tevê, era assim nos anos 1950.

Dias Gomes e sua inseparável máquina de escrever.
 Sempre foi um produtor preocupado em levar para o público obras clássicas da literatura. Pôde fazer isso no projeto do Grande Teatro. 

Geni Marcondes

Também a Rádio Ministério da Educação, que não possuía compromissos com patrocinadores, chamou para si a tarefa de valorizar não só  os autores clássicos, mas  também jovens que se lançavam na literatura e buscavam espaço no velho rádio. Geni Marcondes foi um desses talentos. Escrevendo para a Rádio MEC nos anos 50,  programas destinados a crianças e publico jovem.

O autor do blog

E então, gostou desta postagem? Mande seus comentários.Quer saber mais?  Leia meu livro! Meu objetivo é preservar a memória do nosso velho Rádio!



Abraços!



Até breve!




3 comentários:

  1. Que beleza.Recordar um tempo feliz é ser feliz por algum tempo.
    Parabéns.

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  2. Obrigado por seu simpático comentário! Continue nos prestigiando! Saudações radiofônicas!

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  3. Parabéns por todos este anos ao lado e parceria dos novos colaboradores e compositores ....

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