quarta-feira, 6 de abril de 2022

 PAULO GRACINDO UM ATOR COMPLETO-   PARTE 3

 SUA ATUAÇÃO NA RADIO NACIONAL  

Roberto Salvador

Ele fazia sucesso na Rádio Tupi, desde o final dos anos trinta. Mas se transferir para a Nacional, era uma tentação e um desafio. E Paulo Gracindo foi parar na   Nacional no limiar dos anos 50.

 

Já era um artista consagrado  e uma vez  na Nacional,  Gracindo, versátil,  usava seu talento para viver papéis dramáticos nas novelas, onde quase sempre era o galã  ou cômicos nos programas humorísticos, como aconteceu no Edifício Balança mas. não cai.

Para ele, atuar na poderosa Nacional era motivo de orgulho.


Além de atuar como radioator, conduzia também programas musicais noturnos diretamente do auditório. Mas seu programa de auditório aos domingos entrou para a história do velho rádio.

Embora Emilinha Borba se apresentasse no Cesar de Alencar, Gracindo contribuiu muito para a campanha da cantora então candidata  à Rainha do Rádio . O objetivo era nobre: os recursos angariados com a compra dos votos revertiam em favor da construção do Hospital do Radialista. Emilinha ganhou naquele ano e recebeu a coroa de Rainha do Rádio no programa de Gracindo.


Blecaute, também conhecido como General da Banda era atração do Programa Paulo Gracindo


Os fãs de Dalva de Oliveira podiam ouvi-la aos domingos


Mais uma vez Blecaute em festa de Natal no no auditório da Nacional

Caravanas eram organizadas para visitar o programa


Gracindo, versátil,: um dos redatores do humorístico
 Edifício Balança mas não cai.

É carnaval no Programa do PG!

O programa possuía grande audiência e foi aumentando sua duração com o passar dos anos. No principio entrava no ar no final da manhã, mas depois passou a ser transmitido a partir das 9 da manhã e ia até as 4 da tarde.

 A alegria contagiante do auditório parece que se irradiava pelo país e chegava aos milhões de ouvintes.


                Dona Berenice, figura lendária, frequentava assiduamente o auditório do Programa

Reservamos mais algumas curiosidades a respeito da vida desse grande radialista e mostraremos na nossa próxima postagem. Aguardem!


                                                    Roberto Salvador: autor do blog


Leia o livro A Era do Radioteatro. 
Na página inicial você descobre como proceder para  comprar o livro pelo
 Pag Seguro



Meu objetivo é preservar a memória do velho rádio.

E assista também  pelo YouTube os Episódios de meu Canal A História do Rádio


Até a próxima!










sábado, 27 de fevereiro de 2021

PAULO GRACINDO UM ATOR COMPLETO 2a.PARTE

 PAULO GRACINDO, O BEM AMADO

Roberto Salvador

Paulo Gracindo, o Bem Amado não é apenas o título de um lindo filme que Gracindo Junior  produziu , homenageando o pai. Nem, tampouco o titulo da famosa novela da   Globo que correu o mundo nos anos setenta.  É também a revelação da personalidade   de um homem  engajado em causas nobres e mais do que tudo,  preocupado em ajudar e prestigiar colegas que estavam começando.

    Paulo Gracindo, de branco gesticula, conduzindo seu                   programa: animação aos domingos.

 Como já dissemos, sua trajetória é vasta e por isso  vamos apenas falar do Paulo Gracindo do rádio. No final de 1949 e inicio de 1950 ele  deixa a Tupi, e se transfere  para a Nacional, que já ocupava o primeiro lugar no Ibope e era a maior emissora do país.

Gracindo a esquerda quando chegou à Nacional em 1950
 e colegas do radioteatro
 Na Nacional tal como acontecera na Tupi,  ele reina no radioteatro e faz vibrar o auditório no programa que leva seu nome e que entrava no ar aos domingos no final da manhã. Neste Episódio vamos  mostrar porque ele é o Bem Amado.

Gracindo a esquerda e atores da Nacional: Samir de Montemor,João Zacarias,Emma Dávila, Floriano Faissal, Isis de Oliveira e Elza Gomes.

                                         Auditório da Nacional:
Cesar de Alencar reinava aos sábados e Gracindo aos domingos 

O programa do Cesar tinha um prefixo musical cantado pelos 4 Azes e um Coringa. Foi ai que a direção musical da rádio determinou que Gracindo tivesse também uma música que abrisse seu programa. O prefixo musical, como se chama no jargão radiofônico.  E surgiu a melodia, cuja letra é de Uriel Azevedo e a melodia do pianista Amirton Valim. Se vocês visitarem meu canal no Youtube sobre a História do Rádio, poderão ouvir o próprio Gracindo cantando a melodia.

Está na hora louca, de cantar assim comigo. Faz nascer na boca, o nome do Programa Paulo Gracindo. Louras e morenas, fazendo alegre união, cantando em  coro dizem todas as pequenas: programa do meu coração.

O embora muita gente não saiba, o animador também compunha marchinhas de carnaval e chegou a ganhar vários carnavais. Ele promovia suas marchinhas em seu programa aos domingos e no Balança  mas Não cai.

 Gracindo, com frequência usava seus programas de auditório para se engajar em campanhas. Ainda na Tupi ele aderiu à campanha Pró-Estreptomicina  um antibiótico muito caro, que combatia a tuberculose e inúmeras outras  infecções que grassaram nos anos 40.

No final dos anos 50 eu ancorava O Programa de Estudantes, dirigido pela professora Maria de Lourdes Alves pela Nacional. E aderimos à campanha de Paulo Gracindo que combatia com veemência,  os fogos de estampido, que como sabem, provocavam e provocam acidentes e transtornos. Eu e Gracindo nos empenhamos e a  campanha repercutiu pela Rádio Nacional. Passou a existir mais conscientização e surgiram várias leis municipais e estaduais proibindo os fogos de estampido. Mais ou menos né!? Hoje  há projetos de Lei tramitando  no Congresso. Meio Ambiente na  história...etc.. Mas o fato é que o Brasil é um país de fogueteiros  e as coisas fazem muito barulho e as vezes, não dão em nada. Mas é bom lembrar que essa discussão começou com Paulo Gracindo no início dos anos 60! 

O radialista gostava de ajudar as pessoas e prestigiava sempre os principiantes em que ele farejava talento. Quando via que um colega tinha potencial ele o ajudava na carreira. Há inúmeros casos, mas vou me restringir a apenas alguns.

Wanderléia:
adolescente recebe o aval  de Orlando Silva e o apoio de Gracindo

Cauby Peixoto e Ângela Maria:
empurrão de Paulo Gracindo

                                                   Roberto Carlos:
      antes de ser rei sempre teve vez no Programa de  Gracindo


Orlando Drummond:
 de contrarregra a ator e dublador consagrado.

Geraldo José:
 de humilde servidor de cafezinho a profissional consagrado

 Um caso emblemático, que conto agora para vocês, aconteceu com o especialista em efeitos sonoros Geraldo José e o grande ator e dublador Orlando Drumond. Geraldo servia cafezinho na redação da radio Tupi. Gracindo de vez em quando interrompia o trabalho e gritava: “Geraldo, café”!  E seu apelido acabou ficando Geraldo Café. Orlando Drumond fazia os efeitos especiais nas novelas. Ruídos de passos,  abre e fecha porta. Vidraças quebrando...  aqueles  ruídos que davam mais realismo às cenas. Eis que  Paulo Gracindo descobre  que Orlando Drumond levava jeito para radioator. Pois Drumond andava fazendo imitações pelos corredores da rádio divertindo os colegas. Gracindo aconselhou que Drumond largasse a contrarregra e fosse atuar nas novelas e nos programas humorísticos. Para seu lugar indicou o jovem Geraldo José que já estagiava na função.

E assim surgiu um grande radioator, que se consagraria também na televisão e na dublagem. Graças ao empurrão do Paulo Gracindo. Quanto a Geraldo José se transformaria no maior especialista em efeitos especiais que o Brasil conheceu.

Sempre fui muito amigo de Geraldo José e foi ele quem me contou, com muita emoção a ajuda que recebeu de Gracindo no inicio de sua carreira.

Visitei recentemente Orlando Drumond. Ele tem mais de 102 anos  e me confessou, emocionado,  que "Gracindo foi um anjo que surgiu na minha vida, lá nos anos 40".


Aniversário de Paulo Gracindo com bolo que imita o palco da Nacional. Zezé Gonzaga, Bill Far Heleninha Costa,Dalva de Oliveira e Nelly Amaral.

Gracindo Junior e seu pai: amor e profissionalismo

                                         Gracindo e seu filho

                 que se tornou diretor de alguns de seus sucessos


                             Família Gracindo em torno de seu amado

Entenderam porque Ele é o Bem Amado?

Roberto Salvador autor do blog

Gostaram dessa postagem que diz porque Paulo Gracindo é um cara tão querido por todos? No próximo tem mais, quando falaremos do ídolo no auditório da Rádio Nacional

E visite também nosso canal no Youtube para saber mais sobre a História do Rádio.

Leia também nosso livro !


até breve!


 Queremos preservar a memória do nosso rádio!




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

PAULO GRACINDO: UM ATOR COMPLETO 1a. parte

 

Roberto Salvador

PAULO GRACINDO- PARTE 1 -  

O SURGIMENTO DE UM MITO

Se eu tivesse que citar um nome do velho rádio que reunisse entre muitos outros artistas,  maior talento e versatilidade eu não pensaria duas vezes: Paulo Gracindo. Ele foi um radialista importante desde o final dos anos trinta. Emocionando os ouvintes através das radionovelas. Fazendo rir nos quadros de humor. (Acesse meu canal do Youtube para ver Paulo Gracindo no Edifício Balança mas não cai).

Paulo Gracindo, de branco,anos 40. 
Ari Barroso de terno cinza. Auditório da Rádio Tupi

 A vida artística de Paulo Gracindo foi tão  vasta que não caberia  apenas em um  episódio. Por isso vamos dividir o tema em quatro partes. Nesta primeira parte vamos falar de sua chegada ao Rio e seu trabalho na rádio Tupi, onde ficou até 1949.

Paulo Gracindo no final dos anos 30
quando entrou na Tupi 

E como aqui o assunto  é a História do Rádio, vamos nos restringir tão somente à  trajetória de Gracindo no rádio.

Chegou ao Rio como soldado, vindo de Maceió, em plena Revolução de Trinta.Sem dinheiro, chegou a passar dificuldades. Ele tinha um sonho: queria ser artista. Mas também queria estudar. Tanto assim que se formou em Direito.

Era assim, após dar baixa e tentar a vida artística

 Gracindo tenta o teatro:É o primeiro a esquerda, seguido de Procópio Ferreira e Dulcina de Moraes grandes nomes do teatro na época.

Novelista Luis Quirino e Olavo de Barros:
 pioneirismo no radio teatro na Tupi

No teatro conhece o ator e diretor Olavo de Barros. Assis Chateaubriand o homem forte da comunicação da época, acabara de fundar a Rádio Tupi, isso em setembro de 1935. É quando Olavo de Barros começa na Tupi a fazer umas experiências com um negócio chamado “radioteatro”. Que na época tinha o nome de “teatro cego”.  E logo depois Olavo de Barros monta um pequeno grupo e lança então aquela que seria a primeira novela transmitida pelo rádio: “Mulheres de Bronze”, em 1937.

Paulo Porto em Mulheres de Bronze,
primeira novela do rádio.


Norka Smith em 1937:
 o papel feminino em Mulheres de Bronze

O triângulo amoroso da trama  era formado por Paulo Gracindo e  também por um jovem, que na vida real era professor de Língua Portuguesa e que se transformaria no grande ator e diretor Paulo Porto, que fez grande carreira tanto na rádio quanto na TV Tupi e no cinema nacional. O papel feminino era vivido por Norka Smith. O sucesso de Mulheres de Bronze foi tão grande que  Olavo de Barros, segue com outras novelas, sempre com Paulo Gracindo no papel principal. 

Mas a carreira como  animador de auditórios chega, graças a uma indicação de seu colega de radio Tupi, Ari Barroso. Ari irradiava futebol aos domingos e não chegava a tempo de fazer o programa de auditório. Indicou Gracindo para substitui-lo.Começa ai a carreira do animador.

Ari irradiava futebol 
Quando era  gol ele tocava uma gatinha.

Em meados dos anos 40 a direção da Tupi decide criar uma programação de auditório, num horário inédito: de onze da manhã a uma e meia da tarde. Chamava-se Rádio Sequência G-3, uma ideia  de Gilberto Martins, que logo emplaca sob o comando de Paulo Gracindo, que pertencia ao radioteatro e foi chamado para conduzir o programa. Surge assim o programa Paulo Gracindo .

Chacrinha magrinho anos 40:
 inicio de carreira como tesoureiro de Rádio Sequência.

Jorge Veiga era o contrarregra de Rádio Sequência.
Gracindo lhe deu uma chance e virou cantor

Manoel de Nóbrega
 escrevia quadros humoristicos em Rádio Sequência G-3

Silvino Neto
 escrevia também quadros humoristicos para o programa


O horário de 11 a uma e meia  da tarde  pegava os ouvintes almoçando em suas casas, bares e restaurantes que ligavam o rádio a todo o volume. Até nas calçadas do centro da cidade  se podia escutar Rádio Sequência G-3.   Ele era um “fantástico-show da vida” da era do rádio. Tinha de tudo um pouco: poesia, humor, informação, promoções, sorteios, pontuado por muita música e tudo ao vivo, com o público participando do auditório. Sob o comando de Paulo  Gracindo.O sucesso de Paulo Gracindo nos programas de auditório da Rádio Tupi foi tão grande que ele passou a ter participação na bilheteria, conforme encontrei noticiado na revista O Cruzeiro de 12 de abril de 1947.

                                                      Fernando Lobo


O cronista e radialista Fernando Lobo, pai de Edu Lobo assim escreveu em sua coluna:  “Foi um sucesso na primeira segunda-feira em que o galã apareceu  comandando o grande show. A praça em frente ao prédio da Avenida Venezuela 43  recebeu uma multidão. O  auditório ficou lotado. E o animador está feliz pois tem 25 % da bilheteria.

Prédio  onde ficavam os estúdios da Rádio Tupi até os anos 50.
Hoje abandonado

Em nossa próxima postagem falaremos do Paulo Gracindo, amigo e colega que ajudou muita gente a subir no rádio.Por este motivo o título será Paulo Gracindo, o Bem Amado.

O autor do blog


Visite também nosso Canal no Youtube!

E não perca a continuação da vida de Paulo Gracindo no Rádio!

Até a próxima!


então gostou? Nosso objetivo é preservar a memória do velho rádio.


sábado, 28 de novembro de 2020

INICIO DOS ANOS 40: O RESPLENDOR DO RADIOTEATRO

 

O RADIOTEATRO ENTRA FIRME NA PROGRAMAÇÃO DAS EMISSORAS

Roberto Salvador 

 

                                  Radioteatro no ar! Radioatores em ação!

Além das radionovelas havia também programas de radioteatro, tais como Obrigado Doutor e  Nada além de dois minutos do genial Paulo Roberto,  Alma do sertão de Renato Murce, No tabuleiro da Baiana, Antigamente era assim e Rádio alegria de Evaldo Rui, Convite à música,  Alô, alô dona História e Rádio caricaturas, interessantes programas de Fernando Lobo. 

Evaldo Ruy, último à direita, cercado de cantores no Café Nice, inclusive Orlando Silva e Francisco Alves. Era compositor e escrevia programas na Nacional

O médico radialista Paulo Roberto escrevia Obrigado Doutor, Nada Além de 2 Minutos, Honra ao Mérito, entre outros programas.

Renato Murce
 autor de Piadas do Manduca, Alma do Sertão e Papel Carbono



                                                 Fernando Lobo
               escrevia Radio Caricatura e Alô, alô dona História.

Citamos uns poucos, diante da enormidade de programas que compunham a programação. Eram programas de variedades, mas que incluíam elenco de radioteatro isto sem citar os programas humorísticos.

A RADIO NACIONAL REINA NO RADIOTEATRO.

 Após o sucesso da Em Busca da Felicidade, a PRE-8 decidiu investir no gênero. Segundo uma pesquisa do IBOPE feita  outubro de 1943 ela  tinha 53,6% de audiência, contra apenas 13,8 da Tupi e 11,1, da Mayrink.

Tais números a animavam a continuar jogando suas fichas  na radiodramaturgia. Tanto que um levantamento feito pela Nacional em 1945  já contemplava  o radioteatro com 14,3%. E os programas de variedades, que também utilizavam radioteatro, com 14,1%  ou seja, quase um terço da programação semanal.

                                 Estúdio de radioteatro da Nacional:
 inaugurado em setembro de 1952 com  tecnologia da época para              receber a programação especial, opção da emissora.

Quando o laboratório Sidney Ross entrou para valer na Nacional com seus produtos patrocinando programas de radioteatro de 9 da manhã às 10 da noite, a Nacional montou o mais numeroso elenco de toda a história do rádio. Praticamente acabou com o radioteatro da   Globo. É que seus astros trocaram os estúdios da emissora de Roberto Marinho na avenida Rio Branco 183 para a Praça Mauá 7, sede da Nacional.

Daisy Lúcide tinha 22 anos:
 troca  a Globo pela Nacional

O livro editado em 1956 em homenagem aos 20 anos da Nacional estampava números impressionantes: de 1940 a 1955, ou seja, em 16 anos foram produzidos 31.180 programas que utilizavam radioteatro, como  humorísticos, documentários, variedades e programas montados. Foram  11.270 horas de irradiação ! Até 1955 a emissora da Praça Mauá transmitiu cerca de 861 novelas.

Floriano Faissal: 
revolução no radioteatro da Nacional...

...com apoio de Vitor Costa 
que havia introduzido a radionovela na emissora nos anos 40

Os números acima citados correspondem a  11.270 horas de irradiação, pouco menos que o total das novelas, mas um número de intervenções superior, pois alguns programas são de menos de 30 minutos. Até dezembro de 1955, o  radioteatro da Nacional irradiou 861 novelas, as mais ouvidas do radio brasileiro, segundo as mais seguras pesquisas de audiência .

Se o radioteatro da Nacional  resolvesse transmitir todas as novelas já irradiadas, gastaria 1 ano, 4 meses, 4 dias e 20 horas e trinta minutos. O papel utilizado nesses 23.513 capítulos daria para erguer uma torre de 4 quilômetros de altura.  Nesse mundo, registraram-se cerca de 470 mil atuações de atores e atrizes, número superior à população de algumas grandes capitais brasileiras.

A radioatriz Isis de Oliveira, pontificava fazendo papéis de mocinha ingênua e provando suspiros, risos e lágrimas vivendo intensamente seus personagens.

 Paulo Gracindo, o Albertinho Limonta, Isis de Oliveira, Soror Helena da Caridade, personagens de O Direito de Nascer (1951/1952) com o cubano Félix Caigné, autor da novela em visita ao Brasil.


RADIOATRIZ ISIS DE OLIVEIRA: "Eu chegava à rádio pela manhã e só saia após fazer a novela das oito. Em meio a ensaios, gravações e transmissões ao vivo, eu fazia as refeições na própria emissora e não tinha tempo para ir até a rua do Ouvidor comprar um par de meias"! 

ISIS DE OLIVEIRA CONTA AINDA: "Eu não me lembro mais dos títulos das novelas que fazia. Eu, na véspera olhava a tabela  e anotava: estou nestes, nestes e nestes horários. Eu ia pelos horários e não pelos títulos. Rapidamente, durante os ensaios eu identificava a personagem e ia para o ar. Era como ir ao camarim e trocar a roupa para viver outro personagem. E fora as novelas, fazíamos ainda o Grande Teatro. Tínhamos muita sensibilidade, prática e  profissionalismo! Era muita dedicação e muito... mas muito trabalho! Era um trabalho gostoso"!  Revelou-me Isis em depoimento.

Nos anos quarenta, além da Nacional e da Tupi, outras emissoras   cariocas já possuíam  elencos de radioteatro e algumas novelas.Destaque para as rádios Mayrink Veiga, Globo, que foi inaugurada em 1944, Clube do Brasil, Ministério da Educação e Tamoio.

A Globo com pouco tempo de inauguração mostrou logo ao que vinha, roubando da Nacional, nada mais, nada menos, que Amaral Gurgel admitindo-o como diretor artístico com alto salário.

Amaral Gurgel
 dinamizou o radioteatro da Globo, mas a Nacional "roubou" muita gente de lá para fortalecer seu elenco nos anos 50.

Amaral levou consigo um pequeno, porém eficiente elenco, tendo a frente a estrela Zezé Fonseca. Contudo nos anos 50 a Nacional roubaria da Globo além dos artistas o próprio Amaral, Lourival Marques e um punhado de artistas.A Tamoio possuía  um trunfo: um poderoso transmissor de onda curta e estrategicamente, a Tupi, transmitia simultaneamente com a onda curta da Tamoio, especialmente nos horários nobres. 

Edifício das Rádio Tupi e Tamoio na Avenida Venezuela 43,
 Zona Portuária do Rio

O sucesso das novelas e dos programas de radioteatro era uma imposição dos ouvintes e dois anunciantes. Sem o apoio da publicidade seria difícil manter um elenco. A produção radioteatral era dispendiosa. A tendência seria as emissoras evitarem o gênero, por causa dos custos.

                                         Lourival Marques:
 dirigia o radioteatro da Globo e também transferiu-se para a                                              Nacional nos anos 50.


Gostou da Postagem?


 Mande seus comentários.
Nosso objetivo é preservar a memória do velho rádio.

até a próxima!