terça-feira, 28 de novembro de 2017

O NATAL NO VELHO RÁDIO

AS FESTAS DE NATAL NO RÁDIO ANTIGO
O  Rádio marcava as festas populares como se fossem estações do ano. Exatamente no   réveillon, nas festas da passagem do ano eram lançadas as músicas do carnaval daquele ano.
Mas por vezes havia também a produção de músicas de final de ano, como esta, escrita por Francisco Alves e David Nasser que o Rei da Voz gravou nos anos cinquenta e que ficou na memória de muitos.

David Nasser jornalista parceiro de ...

...Francisco Alves em Adeus Ano Velho.



Adeus, ano velho!
Feliz ano novo!
Que tudo se realize
No ano que vai nascer!
Muito dinheiro no bolso
Saúde pra dar e vender!

Para os solteiros, sorte no amor
Nenhuma esperança perdida
Para os casados, nenhuma briga
Paz e sossego na vida.

Depois das comemorações de Momo havia uma trégua e eram lançadas as músicas de "meio de ano", que a partir de junho cediam espaço nas rádios às músicas juninas. Voltavam os sucessos de "meio de ano" . Com a proximidade do Natal apareciam as músicas natalinas, as quais iam até o final do ano. E o ciclo recomeçava.

MUSICAS COMPOSTAS ESPECIALMENTE PARA O NATAL.
O sucesso era tamanho que muitos compositores se ocuparam em compor canções natalinas, as quais recebiam ainda o reforço dos sucessos importados, que aqui chegavam através do cinema. As canções natalinas americanas e as tradicionais europeias eram vertidas  para o Português e o povo muitas vezes as entoava sem suspeitar que eram estrangeiras. Muitos compositores, entre eles Haroldo Barbosa e Lourival Marques, traduziam as letras que recebiam maravilhosas orquestrações e eram gravadas por nossos cantores de sucesso.

CANÇÕES NATALINAS INESQUECÍVEIS E SEUS AUTORES SOFRIDOS 

Assis Valente: 
sucessos gravados por Carmem Miranda e vida tumultuada




Anoiteceu, o sino gemeu
A gente ficou feliz a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar

Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem.


Esta composição imortal foi escrita  por um sofrido e angustiado homem chamado Assis Valente.
Assis Valente: 
morte em um jardim público e uma carta que chocou todos

Este talentoso autor de inúmero sucessos, nasceu, segundo seu relato, " em plena areia quente, no Caminho de Bom Jardim a Patioba, na Bahia, durante uma viagem de sua mãe" . Teve uma infância conturbada, tendo sido roubado dos pais - José de Assis Valente e Maria Esteves Valente - e entregue depois a uma família para ser criado. Trabalhava até ficar exausto durante a semana e, aos sábados, ia à tarde fazer feira com sua patroa. Vagou com um circo pelo interior, mas conseguiu vir parar no   Rio de Janeiro em 1927 e empregou-se como protético. Conheceu Heitor dos Prazeres que muito o incentivou. Já compunha sambas maravilhosos.Eis que surpreende todo o público em 1941, ao atirar-se do alto do Corcovado. Salvo milagrosamente pelos bombeiros, no apogeu de sua carreira tentaria novamente o suicídio ingerindo veneno, sentado a um banco de jardim na aprazível Praça do Russel, no centro do Rio de Janeiro, bem próximo a um play onde brincavam crianças.  Dessa vez não teve salvação. Deixou uma carta para Ary Barroso pedindo que pagasse o aluguel atrasado. E terminou acrescentando: " Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudades de todos e de tudo.
Releia a letra de Boas Festas e  tente entender o que o talentoso e sofrido Assis queria dizer.


A CANÇÃO DE UM HOMEM QUE FOI O  MENINO POBRE CHAMADO BLECAUTE
Blecaute:
sucesso de carnaval que falava de um General da Banda lhe valeu o apelido famoso. Aqui ladeado por Emilinha e Ângela |Maria nos anos 50.


Natal, Natal das crianças
Natal da noite de luz
Natal da estrela-guia
Natal do Menino Jesus

Blim, blão, blim, blão,
blim, blão...
Bate o sino na matriz
Papai, mamãe rezando
Para o mundo ser feliz

Blim, blão, blim, blão,
Blim, blão...
O Papai Noel chegou
Também trazendo presentes
Para Vovó e Vovô
Blecaute em festa de Carnaval

Seu nome era Octávio Henrique de Oliveira. O apelido de "Black-out", depois simplesmente Blecaute, lhe foi dado pelo Capitão Furtado, em São Paulo, quando começou a cantar nas rádios paulistanas. Nascido em Pinhal, interior paulista, em 19 de novembro de 1919,  veio para a capital ainda menino, quando ficou órfão de pai e mãe. Depois de trabalhar alguns anos como engraxate e entregador de jornais, tentou um programa de calouros na rádio Tupi e iniciou carreira de cantor. Com vontade de vencer, mudou-se para o Rio em 1942, trabalhando em várias rádios. Dois anos depois, gravou seu primeiro disco, com "Eu Agora Sou Casado", de Cristóvão de Alencar - Alcibíades Nogueira, na Continental. Mas o sucesso só aconteceu em 1949, com "Pedreiro Valdemar" (Wilson Batista e Roberto Martins), falando do drama do homem "que constrói o dia inteiro e não tem casa para morar", e "General da Banda". O encontro com a dupla de compositores Armando Cavalcanti e Clécios Caldas foi promissor: são deles os sucessos carnavalescos que Blecaute gravou a seguir, como "Papai Adão" (1951), "Maria Candelária" (1952), "Piada de Salão" (1954) e "Maria Escandalosa" (1955). A partir daí, o cantor fez sucessos relativos ("Quero Morrer no Rio", "Chora, Doutor", Samba do Lê-Lê-Lê". Era conhecido 
O menino pobre que acabou vencendo, nunca esqueceu das crianças igualmente pobres como ele foi e dedicou-se a elas. A melodia que escreveu para o Natal retrata bem essa sua personalidade bondosa e reconhecida.

                                Blecaute no auditório da Nacional,
                                       interpreta Natal das crianças

PROGRAMAS DE NATAL NA RADIO NACIONAL
Possuidora de um rico elenco, a Nacional contribuía todos os anos para o brilhantismo da época de Natal. No radioteatro, Dias Gomes preparava peças 55 minutos de duração e que iam ao ar as sextas-feiras no Grande Teatro. 


Saint Clair Lopes sentado, atriz não identificada, Celso Guimarães e Domicio Costa:
 Grande Teatro no ar!

Estúdio de radioteatro da Nacional 1954:
Castro Viana, Rodolfo Mayer,Roberto Faissal, Olga Nobre, Floriano Faissal e Castro Gonzaga 

Nos musicais era a vez de Lourival Marques produzir A Canção da Lembrança em que radioatores relembravam musicas de filmes famosos e que recebiam lindos arranjos de Leo Peracchi, Radamés Gnatali ou Lyrio Panicali.

Orquestra da 
Nacional

Maestro e arranjador Leo Peracchi

Música no grande estúdio: Radamés, Aída, José Meneses ao Violão, Luciano Perrone na bateria, Chiquinho do Acordeon e violoncelista não identificado. Se você souber quem é me avise.

Maestro e arranjador Lyrio Panicali



Natal Branco
Lá onde a neve cai sinos
Festejam a noite de natal
Os pinheiros brancos de neve
São como torres de uma catedral

Lá onde a neve cai sempre
Por sob a lua tropical
O natal é sempre oração
Oração de paz universal.

IRVING BERLIN -Compositor americano.


Paulo Roberto em seu programa Obrigado Doutor sempre escolhia um tema natalino que era interpretado na noite de terça-feira da semana do Natal às 21 e trinta, patrocinio do Leite de Magnésia de Philips
Paulo Roberto, médico e radialista, narra Obrigado Doutor.


No Rádio Almanaque Kolynos os produtores José Mauro, Haroldo Barbosa e Lourival  Marques revezavam-se para produzir textos maravilhosos interpretados pelo elenco de radioteatro e pontilhado de canções inesquecíveis.


Noite feliz, Noite feliz,
O Senhor, Deus de amor,
pobrezinho nasceu em Belém.
Eis na lapa Jesus, nosso bem.
Dorme em paz, oh Jesus.
Dorme em paz, oh Jesus.
Noite feliz, Noite feliz
Oh jesus
Deus da luz
Quão afável é o teu coração
Que quiseste nascer
Nosso irmão
E a nós todos salvar
E a nós todos salvar

Noite feliz, Noite Feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores seus anjos no céu
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus Salvador
De Jesus Salvador

O NATAL NAS ESTAÇÕES DE RÁDIO.
As emissoras de rádio promoviam festas de Natal  e aproveitavam para distribuir durante os programas de auditório, presentes para alegria da criançada.

Distribuição de presentes e bolo no programa de Paulo Gracindo


Papai Noel invade o auditório para alegria da criançada

Foto da mesma  festa de Natal no auditório publicada no jornal A Noite em 27 de dezembro 1954

Festa para os filhos de funcionários da Rádio Tamoio. Publicada pela Revista do Rádio em dezembro de 1952.


Festa para os filhos dos funcionários da Rádio Roquette-Pinto publicada pela Revista do Rádio em janeiro de 1953.

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Grande abraço e Feliz Natal

O autor do blog opera mesa nos anos 60...

... E hoje divulgando a história do velho rádio











2 comentários:

  1. Adorei cantar as canções antigas de Natal. Muito boa lembrança.

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  2. Que Tempos saudaveis.Parabens as Reliquias.Parabens Roberto Salvador.

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