quinta-feira, 17 de novembro de 2016

SANTA CECILIA, PADROEIRA DOS MÚSICOS. 22 DE NOVEMBRO É DIA DE SANTA CECILIA.


É  TAMBÉM O DIA DO MUSICO.
UM POUCO SOBRE SANTA CECILIA.

Segundo a Igreja Católica e as obras de arte deixadas  em um passado que remonta ao  século II, Cecília era uma bonita jovem romana. Dona de linda voz, entoava cânticos de louvor a Deus.Como todos os cristãos da velha Roma, ela foi perseguida. Por ser muito bela e culta foi prometida a um jovem romano, Valeriano. Ele era ateu. Nas núpcias a jovem confessou ao noivo que era virgem e pediu-lhe que guardasse sua virgindade. Valeriano, que era ateu, conta-se que concordou, desde que lhe fosse dada uma prova da existência de Deus. É quando ele tem a visão de um anjo. A experiência  foi tão forte que Valeriano converte-se Cristianismo. O que aconteceu depois foi que Valeriano, Cecília e toda a sua família foram perseguidos e sacrificados. A jovem foi condenada a morte, não sem antes ser submetida a torturas que a fizeram quase perder as cordas vocais. Na agonia até sua morte, seguiu murmurando cânticos o que deixou seus algozes atônitos.

A padroeira dos músicos  recebe inspiração de um anjo artista.


Cecilia era uma bela romana que viveu 200 anos depois de Cristo

Finalmente em 323 o Cristianismo é adotado como religião oficial do Império Romano. Cecília foi canonizada e na  cidade italiana de  Travestere, onde se supõe foi a casa em que  morou, foi erguida uma basílica.  

A MÚSICA NO VELHO RÁDIO
O  Rádio foi o grande divulgador da musica de todos os gêneros. As emissoras tocavam os velhos discos de 78 rotações. Seus cantores e músicos  se apresentavam ao vivo nos programas de auditório ou nos grandes  musicais de estúdio, a frente de orquestras ou pequenos conjuntos. Quando o decreto do presidente Dutra fechou os cassinos em meados dos anos 40 proibindo o jogo em todo o Brasil, centenas de músicos, cantores e artistas ficaram  desempregados de um dia para o outro.

         

        Artistas da Rádio Mayrink Veiga  nos anos 40

Pois o rádio absorveu boa  parte deles e grandes programas foram criados para deleite dos ouvintes. Mas antes disso, o rádio já oferecia largos espaços em sua programação que recebia cantores de todos os gêneros e músicos de todos os matizes. 

Noel Rosa compunha sambas antológicos,
 mas também cantava na Mayrink Veiga.


Aracy de Almeida, ainda jovem, se apresentava também na Mayrink. 
Era a intérprete preferida de Noel.


Aracy de Almeida e Carmem Miranda: 
cantoras pioneiras do velho rádio.

As grandes emissoras do Rio  e de São Paulo mantinham orquestras em seus quadros. Os chamados programas montados que eram grandes produções que contavam com a participação de elenco de radioteatro e mais coro e orquestra, recebiam verbas de patrocinadores e lá a música popular recebia tratamento esmerado através de belos arranjos de renomados maestros.

Almirante, pioneiro dos programas montados,
 autografa o violão de um fã.


O inicio dos anos quarenta marca o surgimento dos grandes musicais radiofônicos. Um dos  mais importantes chamado Um milhão de melodias, patrocinado pela Coca-Cola veio para marcar o surgimento da bebida no Brasil, em plena Segunda Guerra Mundial. Segundo Paulo Tapajós,  Diretor do Departamento Musical da Nacional na época, esse programa mudou o comportamento dos arranjadores em relação à musica popular brasileira, que passou a receber um tratamento orquestral mais refinado. Tal tratamento se fez refletir na produção fonográfica: cantores acompanhados por orquestras em seus discos e o público se tornou mais exigente.


O programa foi um marco na produção musical radiofônica 


 No Rio de Janeiro, somente a Nacional possuía uma orquestra com 80 professores e um talentoso  grupo de arranjadores.
           Orquestra de Concertos da Rádio Nacional em 1938


Orquestra da Rádio Nacional em noite de gala

Parte da grande orquestra da Nacional,anos 50.


Radamés Gnatali, Leo Peracchi, Lirio Panicalli,Alberto Lazolli:
 regentes e arranjadores da Nacional


Quatro músicos de renome na orquestra: 
Aida Gnatali,Vidal no contra-baixo, José Meneses, violão
 e Radamés Gnatali ao piano

As Três Marias: Marília Batista, Bidu Reis e Regina Célia.
Figuras constantes nos grandes musicais da Nacional

Embora excelentes cantores solos, formavam o Trio Melodia.
De baixo para cima: Paulo Tapajós, Nuno Roland e Albertinho Fortuna


A Rádio Tupi, principal concorrente da Nacional, também possuía sua orquestra o mesmo acontecendo com a Mayrink Veiga.
A frente da Orquestra Tupi, pontificavam maestros como Cipó, Aldo Taranto, Carioca, Morpheu, além de Pixinguinha e Severino Araujo, que possuíam suas próprias orquestras.Sobre Cipó, gostaríamos de acrescentar que acompanhou com seu saxofone as grandes cantoras da época. Gravava também solo, sob o pseudônimo de Bob Flaming. Muitos pensavam se tratar de um músico americano.

Maestro Cipó, a frente da Orquestra Tupi, 
era também excelente saxofonista.


Cipó acompanha Jamelão a frente da Orquestra Tupi


Maestro Carioca e seus arranjos que lembravam as Big Bands americanas

Naipe de sopros da Orquestra Tabajara. 
Severino Araujo é o do meio empunhando seu famoso clarinete.


A frente da orquestra da Mayrink Veiga, mais modesta, se via também o maestro Carioca, além do maestro Peruzzi.

Os programas musicais fizeram surgir também belos trios, quartetos, conjuntos, que se já existiam antes, passaram a proliferar a partir de meados dos anos 40.



O Leite de Colonia patrocinou muitos musicais na Nacional




 Leite de Rosas e Leite de Colonia: 
patrocinadores de  música romântica executada pela orquestra melódica de Lirio Panicalli da  Nacional

Contudo é inegável a força musical da Nacional. Além de Um milhão de melodias, outros programas musicais surgiriam, como o Musical Leite de Colônia,  Gente que Brilha, sob o patrocínio de Bom Brill  “a esponja mágica que torna fácil toda a limpeza difícil”, produzido por Paulo Roberto e que cada semana exibia um músico ou um cantor. Havia também Rádio Almanaque Kolynos, Festivais G.E., Cancioneiro do Leite Rosas e o espetacular Quando os maestros se encontram, que apresentava trabalhos de maestros como Radamés e Alexandre Gnattali, Léo Peracchi, Lirio Panicalli, Alceu Bocchino, Alberto Lazolli, Guerra Peixe e outros regentes convidados. O programa era patrocinado pelo Revendedores Wallita e ia ao ar todas as sextas-feiras às 22 horas perante um lotado e respeitoso auditório.

Belo programa era também A canção da lembrança, produzido por Lourival Marques e patrocinado por Phimatosan, “ um tônico poderoso”  que relembrava belas músicas de grandes filmes.


Os grandes cantores da época possuíam programas especiais. Alguns tinham participação fixa em programas de auditório: Marlene era de Manoel Barcelos. Emilinha de Cesar de Alencar. Mas Elizete Cardoso se apresentava com Paulo Roberto em Cantando pelos caminhos. Francisco Alves aos domingos ao  meio-dia, tudo isso na Nacional.
Cauby Peixoto e Marlene no programa de Manoel Barcelos


Marlene e Manoel Barcelos na Revista do Rádio


Ângela Maria era assim quando começou: 
 Mayrink Veiga dos anos 50.



A jovem Elizete Cardoso possuía um programa chamado Cantando pelos caminhos, produzido por Paulo Roberto, quintas-feiras 21:30 pela Nacional.

Dalva de Oliveira, reinou na Tupi e na Nacional dos anos 40 e 50.


Enquanto " Ângela Maria canta”  era na Mayrink, Dalva de Oliveira, Linda ou Dircinha Batista se exibiam na Tupi do Maracanã dos auditórios.
A Tupi teve temporadas com Silvio Caldas e outras com Vicente Celestino.

Silvio Caldas na Rádio Tupi dos anos 50.

Mas as orquestras independentes tinham vez na Tupi. A Tabajara de Severino Araujo possuía importante horário noturno o mesmo acontecia  com “ Pixinguinha e o pessoal da velha guarda”.

O CANTO DO CISNE
Quando a televisão se firmou atingindo índices de audiência com os quais o rádio não podia mais competir, as emissoras passaram por transformações extinguindo seus elencos de radioteatro o mesmo acontecendo com o "cast" dos cantores e músicos.
Era o canto do cisne dos musicais radiofônicos.


A ORQUESTRA SINFÔNICA NACIONAL DA RÁDIO MEC.
Vale aqui uma citação muito especial a esta orquestra da Rádio MEC. Nenhuma rádio brasileira, como a velha Rádio Ministério da Educação  divulgou tanto e por tanto tempo a música de concerto. A importância que ela teve para a nossa música erudita equivale à importância que a Rádio Nacional teve para a nossa música popular. No que diz respeito à produção da música de concerto brasileira, propriamente dita, a Rádio MEC prestou um serviço incomparável, porque, além de transmitir e divulgar, produziu centenas de gravações exclusivas de sua orquestra A atual Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense, além da orquestra de câmara, e também de duos, trios, quartetos e quintetos instrumentais. Várias dessas gravações foram realizadas no famoso Estúdio Sinfônico pelo lendário técnico Manoel Cardoso. 
A Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, deixou de pertencer à Rádio em 1981 e foi integrada desde 1984, a Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
Também não resistiu às transformações do velho rádio.

Brasilia 1985:
Maestro Alceu Bocchino e Tom Jobim dão os
últimos retoques no Concerto dos 25 anos de capital.


Se o radioteatro foi uma importante mola propulsora do velho rádio, é justo que se diga que as grandes orquestras, os conjuntos musicais e a plêiade de cantores e cantoras que integraram sua programação entre os anos quarenta e os sessenta, foram sem sombra de dúvida, fator de destaque no gosto dos ouvintes daqueles tempos românticos.
Cantores e músicos, artistas com o dom de cantar, tocar algum instrumento ou realizar arranjos musicais, relembrando Santa Cecília, padroeira dos músicos, neste dia da Música, nossa homenagem e nosso agradecimento, pois com sua arte contribuíram para um mundo cada vez melhor.

Chico Anysio era assim quando criou o Hino ao Músico 

Trio Irakitan: Edinho, Gilvan e Joãozinho.


Vamos lembrar a letra do Hino ao Músico, composta por Chico Anysio e gravada pelo Trio Irakitan. Você conhece a melodia?

Música é alegria,
Ela vem, faz se vai nostalgia.
Música nos ajuda a viver a sorrir,
Mais amor pela vida sentir.

Música, música, música.
Nós vivemos com a música
Nós amamos com a música,
Nossa vida é toda a música,
Na-na-na-na, na-na-na-na.

Tiro a música,
Nossa amiga, nossa querida,
Hino ao musico
Que faz a musica na sua vida.
Nesta hora,
Nesta música
Gritamos ao mundo inteiro,
Viva o musico,
Salve ao musico,
Todo o musico brasileiro.




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