É TAMBÉM O DIA DO
MUSICO.
UM POUCO SOBRE SANTA CECILIA.
Segundo a Igreja Católica e as obras de arte deixadas em um passado que remonta ao século II, Cecília era uma bonita jovem romana. Dona de linda voz, entoava
cânticos de louvor a Deus.Como todos os cristãos da velha Roma, ela foi
perseguida. Por ser muito bela e culta foi prometida a um jovem romano,
Valeriano. Ele era ateu. Nas núpcias a jovem confessou ao noivo que era virgem
e pediu-lhe que guardasse sua virgindade. Valeriano, que era ateu, conta-se que
concordou, desde que lhe fosse dada uma prova da existência de Deus. É quando
ele tem a visão de um anjo. A experiência
foi tão forte que Valeriano converte-se Cristianismo. O que aconteceu
depois foi que Valeriano, Cecília e toda a sua família foram perseguidos e
sacrificados. A jovem foi condenada a morte, não sem antes ser submetida a
torturas que a fizeram quase perder as cordas vocais. Na agonia até sua morte,
seguiu murmurando cânticos o que deixou seus algozes atônitos.
A padroeira dos músicos recebe inspiração de um anjo artista.
Cecilia era uma bela romana que viveu 200 anos depois de Cristo
Finalmente em
323 o Cristianismo é adotado como religião oficial do Império Romano. Cecília
foi canonizada e na cidade italiana
de Travestere, onde se supõe foi a casa
em que morou, foi erguida uma basílica.
A MÚSICA NO VELHO RÁDIO
O Rádio foi o grande
divulgador da musica de todos os gêneros. As emissoras tocavam os velhos discos
de 78 rotações. Seus cantores e músicos
se apresentavam ao vivo nos programas de auditório ou nos grandes musicais de estúdio, a frente de orquestras
ou pequenos conjuntos. Quando o decreto do presidente Dutra fechou os cassinos
em meados dos anos 40 proibindo o jogo em todo o Brasil, centenas de músicos,
cantores e artistas ficaram desempregados
de um dia para o outro.
Artistas da Rádio Mayrink Veiga nos anos 40
Pois o rádio absorveu boa parte deles e grandes programas foram criados
para deleite dos ouvintes. Mas antes disso, o rádio já oferecia largos espaços
em sua programação que recebia cantores de todos os gêneros e músicos de todos
os matizes.
Noel Rosa compunha sambas antológicos,
mas também cantava na Mayrink Veiga.
Aracy de Almeida, ainda jovem, se apresentava também na Mayrink.
Era a intérprete preferida de Noel.
Aracy de Almeida e Carmem Miranda:
cantoras pioneiras do velho rádio.
As grandes emissoras do Rio
e de São Paulo mantinham orquestras em seus quadros. Os chamados programas montados que eram grandes
produções que contavam com a
participação de elenco de radioteatro e mais coro e orquestra, recebiam verbas
de patrocinadores e lá a música popular recebia tratamento esmerado através de
belos arranjos de renomados maestros.
Almirante, pioneiro dos programas montados,
autografa o violão de um fã.
O inicio dos anos quarenta marca o surgimento dos grandes
musicais radiofônicos. Um dos mais
importantes chamado Um milhão de melodias, patrocinado pela Coca-Cola veio para
marcar o surgimento da bebida no Brasil, em plena Segunda Guerra Mundial.
Segundo Paulo Tapajós, Diretor do
Departamento Musical da Nacional na época, esse programa mudou o comportamento
dos arranjadores em relação à musica popular brasileira, que passou a receber
um tratamento orquestral mais refinado. Tal tratamento se fez refletir na
produção fonográfica: cantores acompanhados por orquestras em
seus discos e o público se tornou mais exigente.
O programa foi um marco na produção musical radiofônica
No Rio de Janeiro,
somente a Nacional possuía uma orquestra com 80 professores e um talentoso grupo de arranjadores.
Orquestra de Concertos da Rádio Nacional em 1938
Orquestra de Concertos da Rádio Nacional em 1938
Orquestra da Rádio Nacional em noite de gala
Parte da grande orquestra da Nacional,anos 50.
Radamés Gnatali, Leo Peracchi, Lirio Panicalli,Alberto Lazolli:
regentes e arranjadores da Nacional
Quatro músicos de renome na orquestra:
Aida Gnatali,Vidal no contra-baixo, José Meneses, violão
e Radamés Gnatali ao piano
As Três Marias: Marília Batista, Bidu Reis e Regina Célia.
Figuras constantes nos grandes musicais da Nacional
Embora excelentes cantores solos, formavam o Trio Melodia.
De baixo para cima: Paulo Tapajós, Nuno Roland e Albertinho Fortuna
A Rádio Tupi, principal concorrente da Nacional, também
possuía sua orquestra o mesmo acontecendo com a Mayrink Veiga.
A frente da Orquestra Tupi, pontificavam maestros como Cipó,
Aldo Taranto, Carioca, Morpheu, além de Pixinguinha e Severino Araujo, que
possuíam suas próprias orquestras.Sobre Cipó, gostaríamos de acrescentar que acompanhou com seu saxofone as grandes cantoras da época. Gravava também solo, sob o pseudônimo de Bob Flaming. Muitos pensavam se tratar de um músico americano.
Maestro Cipó, a frente da Orquestra Tupi,
era também excelente saxofonista.
Cipó acompanha Jamelão a frente da Orquestra Tupi
Maestro Carioca e seus arranjos que lembravam as Big Bands americanas
Naipe de sopros da Orquestra Tabajara.
Severino Araujo é o do meio empunhando seu famoso clarinete.
A frente da orquestra da Mayrink Veiga, mais modesta, se via também o maestro Carioca, além do maestro Peruzzi.
Os programas musicais fizeram surgir também belos trios, quartetos,
conjuntos, que se já existiam antes, passaram a proliferar a partir de meados
dos anos 40.
O Leite de Colonia patrocinou muitos musicais na Nacional
Leite de Rosas e Leite de Colonia:
patrocinadores de música romântica executada pela orquestra melódica de Lirio Panicalli da Nacional
Contudo é inegável a força musical da Nacional. Além de Um
milhão de melodias, outros programas musicais surgiriam, como o Musical Leite
de Colônia, Gente que Brilha, sob o
patrocínio de Bom Brill “a esponja
mágica que torna fácil toda a limpeza difícil”, produzido por Paulo Roberto e
que cada semana exibia um músico ou um cantor. Havia também Rádio Almanaque
Kolynos, Festivais G.E., Cancioneiro do Leite Rosas e o espetacular Quando os
maestros se encontram, que apresentava trabalhos de maestros como Radamés e
Alexandre Gnattali, Léo Peracchi, Lirio Panicalli, Alceu Bocchino, Alberto
Lazolli, Guerra Peixe e outros regentes convidados. O programa era patrocinado pelo Revendedores Wallita e ia ao ar todas as sextas-feiras às 22 horas perante um lotado e respeitoso auditório.
Belo programa era também A canção da lembrança, produzido
por Lourival Marques e patrocinado por Phimatosan, “ um tônico poderoso” que relembrava belas músicas de grandes
filmes.
Os grandes cantores da época possuíam programas especiais.
Alguns tinham participação fixa em programas de auditório: Marlene era de
Manoel Barcelos. Emilinha de Cesar de Alencar. Mas Elizete Cardoso se
apresentava com Paulo Roberto em Cantando pelos caminhos. Francisco Alves aos
domingos ao meio-dia, tudo isso na
Nacional.
Cauby Peixoto e Marlene no programa de Manoel Barcelos
Marlene e Manoel Barcelos na Revista do Rádio
Ângela Maria era assim quando começou:
Mayrink Veiga dos anos 50.
A jovem Elizete Cardoso possuía um programa chamado Cantando pelos caminhos, produzido por Paulo Roberto, quintas-feiras 21:30 pela Nacional.
Dalva de Oliveira, reinou na Tupi e na Nacional dos anos 40 e 50.
Enquanto " Ângela Maria canta” era na Mayrink, Dalva de Oliveira, Linda ou
Dircinha Batista se exibiam na Tupi do Maracanã dos auditórios.
A Tupi teve temporadas com Silvio Caldas e outras com
Vicente Celestino.
Silvio Caldas na Rádio Tupi dos anos 50.
Mas as orquestras independentes tinham vez na Tupi. A Tabajara de Severino
Araujo possuía importante horário noturno o mesmo acontecia com “ Pixinguinha e o pessoal
da velha guarda”.
O CANTO DO CISNE
O CANTO DO CISNE
Quando a televisão se firmou atingindo índices de audiência
com os quais o rádio não podia mais competir, as emissoras passaram
por transformações extinguindo seus elencos de radioteatro o mesmo acontecendo com o "cast" dos cantores e músicos.
Era o canto do cisne dos musicais radiofônicos.
Era o canto do cisne dos musicais radiofônicos.
A ORQUESTRA SINFÔNICA
NACIONAL DA RÁDIO MEC.
Vale aqui uma citação
muito especial a esta orquestra da Rádio MEC. Nenhuma
rádio brasileira, como a velha Rádio Ministério da Educação divulgou tanto e por tanto tempo a música de
concerto. A importância que ela teve para a nossa música erudita equivale à
importância que a Rádio Nacional teve para a nossa música popular. No que diz
respeito à produção da música de concerto brasileira, propriamente dita, a
Rádio MEC prestou um serviço incomparável, porque, além de transmitir e
divulgar, produziu centenas de gravações exclusivas de sua orquestra A atual
Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense, além da
orquestra de câmara, e também de duos, trios, quartetos e quintetos
instrumentais. Várias dessas gravações foram realizadas no famoso Estúdio
Sinfônico pelo lendário técnico Manoel Cardoso.
A Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, deixou de pertencer à Rádio em 1981 e foi integrada desde 1984, a Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
A Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, deixou de pertencer à Rádio em 1981 e foi integrada desde 1984, a Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
Também não resistiu às transformações do velho
rádio.
Brasilia 1985:
Maestro Alceu Bocchino e Tom Jobim dão os
últimos retoques no Concerto dos 25 anos de capital.
Se o radioteatro foi uma importante mola propulsora do velho
rádio, é justo que se diga que as grandes orquestras, os conjuntos musicais e a
plêiade de cantores e cantoras que integraram sua programação entre os anos
quarenta e os sessenta, foram sem sombra de dúvida, fator de destaque no gosto
dos ouvintes daqueles tempos românticos.
Cantores e músicos, artistas com o dom de cantar, tocar
algum instrumento ou realizar arranjos musicais, relembrando Santa Cecília,
padroeira dos músicos, neste dia da Música, nossa homenagem e nosso
agradecimento, pois com sua arte contribuíram para um mundo cada vez melhor.
Chico Anysio era assim quando criou o Hino ao Músico
Trio Irakitan: Edinho, Gilvan e Joãozinho.
Vamos lembrar a letra do Hino ao Músico, composta por Chico
Anysio e gravada pelo Trio Irakitan. Você conhece a melodia?
Ela vem, faz se vai nostalgia.
Música nos ajuda a viver a sorrir,
Mais amor pela vida sentir.
Música, música, música.
Nós vivemos com a música
Nós amamos com a música,
Nossa vida é toda a música,
Na-na-na-na, na-na-na-na.
Tiro a música,
Nossa amiga, nossa querida,
Hino ao musico
Que faz a musica na sua vida.
Nesta hora,
Nesta música
Gritamos ao mundo inteiro,
Viva o musico,
Salve ao musico,
Todo o musico brasileiro.
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