CHATEAUBRIAND SEGUE COM SUA SAGA
Assis Chateaubriand, um empreendedor
No início dos anos quarenta o Velho Capitão queria transformar a rádio
Tupi na maior emissora carioca. As pioneiras instalações da rua Santo Cristo
148 foram transferidas para a rua Venezuela 43. No andar térreo, instalaram-se
estúdios e o palco-auditório, como se dizia na época.
Novos estúdios da Tupi inaugurados em 2 de Fevereiro de 1941
Av. Venezuela,43. Tudo seria destruído no incêndio de 1949
E a rádio foi, aos poucos, montando uma programação bem ao
gosto popular: radiojornalismo, futebol, radionovela , programas de auditório e
muita música ao vivo.
ERA MUITO LINDO O AUDITÓRIO!
Instalações e acústicas perfeitas. Ele só tinha um pavimento
e na extremidade contrária à porta de entrada ficava o palco. Da plateia se
tinha acesso por meio dos seis degraus de uma escada que acompanhava toda a
frente do palco. Este era grande suficiente para abrigar uma orquestra de 20
figuras, material de contrarregra e três microfones, sendo um deles do tipo
girafa ou boom que poderia ser manobrado por um
técnico, dando-lhe mais versatilidade e maior raio de ação.
No fundo do palco havia uma parede. Do outro lado dessa parede
ficava o estúdio de radioteatro
Pela esquerda, na lateral do palco, se dava a entrada dos
artistas. As crianças como eu ficavam sentadinhas na escada de modo que era
possível ver os artistas a um metro de distância e acompanhar a ação dos
operadores dentro da cabine de vidro, a entrada e saída dos artistas, enfim
todo o movimento da produção.
O auditório era muito comportado. Motivado pelo requinte e
conforto das instalações, o público ia bem vestido, vibrava, aplaudia,
participava, dentro dos limites da boa educação.
SURGE O PROGRAMA RADIO SEQUÊNCIA G-3
A direção da Tupi decidiu criar uma programação de
auditório, num horário inédito: de onze da manhã a uma e meia da tarde.
Chamava-se Rádio Sequência G-3, sob o comando de Gilberto
Martins e depois de Paulo Gracindo, que pertencia ao radioteatro.
Tal horário pegava os ouvintes almoçando em suas casas,
bares e restaurantes que ligavam o rádio a todo o volume. Até nas calçadas do
centro da cidade se podia escutar o animado programa.
Ele era um “fantástico-show da vida” da era do rádio. Tinha
de tudo um pouco: poesia, humor, informação, promoções, sorteios, pontuado por
muita música e tudo ao vivo, com o público participando do auditório.
O autor do blog morava neste predito de toldo vermelho, a 100 metros da Tupi, na Gamboa, Zona Portuária do Rio, hoje Porto Maravilha.
Tio Walter era irmão de minha mãe. Ele trabalhava nos
serviços gerais da Tupi e conseguia
ingressos promocionais. Meu avô materno
era um português que morava num sobrado que existe até hoje, no largo
São Francisco da Prainha número quinze, a uma centena de metros do prédio da
Tupi. Assim,nas férias, almoçávamos mais cedo e lá íamos a pé para ver “Rádio Sequência G-3”.
Eu vibrava com tudo o que assistia. havia a orquestra de um
jovem maestro que chegara a pouco de Recife: Severino Araújo.
A Orquestra Tabajara de Severino Araújo.
Apresentações pelo rádio atraiam público também no auditório
Quem escrevia os textos humorísticos eram Silvino Neto e
Manuel de Nóbrega, dois jovens que mais tarde se destacariam na vida
radiofônica. Silvino, pai de Paulo Silvino, seria o autor da Pensão do
Pimpinela onde ele, sozinho, interpretava uma dezena de personagens. Manuel de
Nóbrega seria sucesso no rádio paulista e depois na famosa Praça da Alegria na
televisão.
O jovem Silvio Caldas.
Silvino Neto escrevia quadros humoristicos
e também interpretava fazendo várias vozes diferentes
Max Nunes:
começo no Sequência G3 quando era académico de medicina
Getúlio Vargas gostava de se cercar de artistas.
Atrás dele, Lamartine Babo. A esquerda, Almirante.
Linda Batista era admirada por Getulio.
Comentava-se que seriam amantes.
E na parte musical, destaque para Gilberto Alves,
Pixinguinha, Odete Amaral, Carlos Galhardo, Silvio Caldas, o casal Zé e Zilda,o
conjunto regional de Benedito Lacerda e um jovem de cabelos pretos que se
apresentava com seu violão cantando o mar e a Bahia: Dorival Caymmi.
Pixinguinha e o pessoal da Velha Guarda: atração da Tupi
Gilberto Alves
Carlos Galhardo
Zé da Zilda
Benedito Lacerda, a esquerda com flauta. Pixinguinha,Zilda do Zé e Zé da Zilda
O casal foi assim alcunhado por Paulo Roberto no programa que o médico e radialista apresentava na Rádio Clube do Brasil nos anos 30.
Conjunto de Benedito Lacerda, ao centro com a flauta
Odete Amaral foi casada com o cantor Ciro Monteiro
Caymmi era assim quando começou na Tupi dos anos trinta
Orlando Drumond era contra-regra. Depois virou radioator por sugestão de Paulo Gracindo
Maria do Carmo interpretava dona Maricota no quadro Mariquinha e Maricota.
Jorge Veiga, o caricaturista do samba: inicio como contrarregra da Tupi
O contrarregra do programa era Jorge Veiga que desejando ser
cantor de qualquer maneira, ficava implorando uma oportunidade a Paulo
Gracindo. O que acabou conseguindo, alcançando muito sucesso. Veiga, com sua
bossa e voz fanhosa, inconfundível seria apelidado, pelo próprio Gracindo de
Caricaturista do samba.
Abelardo Barbosa, jovem e magrinho ladeado por colegas da Tupi
Abelardo no seu casamento
Discoteca do Chacrinha: "Eu não vim aqui para explicar. Vim para confundir"
E havia, finalmente, um rapaz magrinho, de cabelos
pretos, terno e gravata, que sem dizer
uma palavra,percorria o auditório e entregava notas de 5 e 10 cruzeiros
aos acertadores das promoções que Gracindo comandava do palco. Esse auxiliar
prestimoso, que entrava mudo e saia calado era Abelardo Barbosa, que anos mais
tarde se transformaria num fenômeno de comunicação e incorporaria o nome
“Chacrinha”, porque o programa de rádio dele
que era uma zorra total, chamava-se “O cassino do Chacrinha”.
Já que o Presidente Dutra havia fechado os cassinos no Brasil, em 1945, o
Abelardo Barbosa resolveu criar o seu ...
“Radio Sequência G-3”
tinha cenas humorísticas de
radioteatro escritas por, Barbosa Júnior,Haroldo Barbosa, Aluísio Silva Araújo, Silvino Neto, Manuel de
Nóbrega, Max Nunes e outros. Nóbrega escrevia diariamente o quadro “Cadeira de
Barbeiro”, que tinha a participação de Matinhos, o próprio autor,
Otávio França, Wellington Botelho e Abel Pêra, tio de Marília Pêra . (o pai de
Marília era Manuel Pêra, ator de teatro,cinema e TV)
“Cadeira de Barbeiro” viera de São Paulo, onde tinha a
participação de Manuel da Nóbrega em 1944.
Manuel de Nóbrega:
inicio no rádio paulista e depois veio para a Tupi do Rio
Depois passou a ser apresentado no
Rio, também. A ação se passava numa barbearia e rolavam aqueles papos de salão
de barbeiro que a gente conhece. Mas tudo inspirado nos costumes e sobretudo na política do dia a dia.
O contrarregra possuía uma caixinha de fósforos que ele
aproximava do microfone e raspava com um pente, caricaturando a navalha
passando no rosto do freguês-vítima que era
interpretado por Otávio França.
Durante muito tempo Radio Sequência liderou a audiencia
matutina no radio carioca, ate que aconteceu a tragédia do incêndio de suas
instalações no fatídico 12 de março de
1949.
Esqueceram o excelente Domicio Costa.
ResponderExcluir