Salve a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!
Neste 12 de Setembro estamos comemorando os 81 anos da Nacional, a famosa
PRE-8 aquela que foi a maior emissora da
América Latina e onde tive o orgulho de trabalhar no período de Setembro de
1952 a Dezembro de 1962.
Eis a oportunidade de meu blog,
visitado por inúmeros pesquisadores, falar um pouco dessa querida emissora, que
hoje pertence à EBC, Empresa Brasileira de Comunicação.
Aqui começou a Nacional.
Atualmente está na Av Gomes Freire 474. O Edifício A Noite está fechado para reformas.
Bom! Bom!
Bom! Um gongo eletrônico soa três vezes. Em seguida, o som de “Luar do Sertão”, às 21h do dia 12 de
setembro de 1936, ouvia-se “Alô, alô Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio
de Janeiro”. Surge a PRE-8, a
partir da compra da Rádio Philips que teria se dado por 50 contos de Réis. “Luar
do Sertão foi executada ao solo de vibrafone pelo percussionista Luciano
Perrone.
Celso Guimarães nos anos trinta: primeira voz da Nacional
O programa
inaugural teve a participação da Orquestra do Teatro Municipal, sob a regência
do maestro Henrique Spedini. Também estavam presentes Bidu Sayão, Maria
Giuseppe Danise, Bruno Landi e
Aurélio Marcatu, além dos pianistas Mario Azevedo e Dyla Josetti.
A segunda parte do programa foi realizada
pela Orquestra de Concertos da Radio Nacional, sob a regência do maestro Romeu
Ghipsman e com Radamés Gnattali ao piano. A emissora se torna líder de
audiência desde a sua fundação. Mantém-se no topo até o aparecimento da TV, que
dita os novos rumos da comunicação.
Maestro Radamés Gnattali,fundador da Nacional:
manteve-se até o final dos anos de ouro.
Ensaio:
José Meneses,violão, Flauta Radamés e Chiquinho no acordeão.
Maestros: Alexandre Gnattali,Romeu Ghypsman, Ercole Vareto, Radamés e Léo Peracchi.
Romeu e Radamés fundaram a emissora.
A REVOLUÇÃO DE
30 E SUA INFLUENCIA NO RÁDIO
Era inevitável que essa coincidência
transformasse o rádio num instrumento de primeira grandeza na luta política, a
ponto de muitos, à época, considerarem-no tão importante quanto o fuzil para a
construção de um Brasil moderno. Basta ouvir a marchinha da época chamada Gê-Gê (em alusão a Getúlio Vargas) e que dizia : “Só mesmo com revolução/ Graças
ao rádio e ao parabellum/ Nós vamos ter transformação/ Neste Brasil
verde-amarelo”.
Presidente Vargas nos anos 30:
anúncios no rádio impulsionaram as emissoras
Jovem Getúlio na Revolução de 30
Os programas esportivos, de humor, radionovelas e
noticiários são transmitidos dos vários estúdios nos três últimos andares do
edifício “A Noite”, número 7 da Praça Mauá, no centro do Rio de Janeiro. E
viraram modelo para todas as rádios do país.
AINDA FALANDO DOS ANOS TRINTA
O final da
década de 30 marca a consolidação da emissora no imaginário do País. Ainda em
36, época da estreia, vão ao ar as
primeiras cenas de radioteatro intercaladas com números musicais. Em 1937, é
inaugurado o “Teatro em Casa” para a transmissão de peças completas
semanalmente.
Em
30 de outubro de 1938, Orson Welles vai ao ar deixando milhares de pessoas em
pânico com a certeza de que a Terra estaria sendo invadida por extraterrestres
com a transmissão de “Invasão dos Mundos”, peça escrita por H.G. Wells. Em
1938, é criada a Voz do Brasil. A partir de 1939, com o início da Segunda
Guerra Mundial, o rádio passa a ter um papel fundamental na transmissão de
fatos diários e notícias do front.
DE ONDE VINHA O DINHEIRO?
Na década de
30, o Brasil assiste ao crescimento da sua economia que atraia, pela primeira
vez, investimentos estrangeiros. As empresas multinacionais começam a se
instalar no Brasil e com elas chegam aparelhos e tecnologia de última geração.
É assim que as indústrias elétrica e fonográfica começam a crescer no país. Mas
o rádio, embora houvesse caído no gosto popular, se mantinha com enorme
dificuldade. Roquete-Pinto, por exemplo, não teve condições de manter sua Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por ele e outros companheiros da Academia
Brasileira de Ciências em 1923. Entregou-a ao Ministério da Educação e Cultura
surgindo daí a Rádio Ministério da Educação e Cultura, hoje a querida Rádio MEC.
Foi quando
em março de 1932, com o Decreto Lei 21.111, o governo regulamenta e libera a
propaganda comercial pelo rádio. Nesse momento, o rádio passou a ser visto como um setor economicamente rentável,
tanto pelas empresas anunciantes como pelo governo.
As
multinacionais não são apenas donas da tecnologia, mas se tornam as primeiras
empresas a utilizar o rádio como poderoso instrumento de publicidade.
As emissoras, além de possuírem intervalos comerciais,sob a forma de gingles como se ouve hoje,
apresentavam também programas patrocinados por anunciantes. No inicio os
anunciantes eram casas do comercio do bairro ou de cidades próximas. Mas na
medida em que as ondas curtas foram atingindo pontos mais distantes do Brasil,
os patrocinadores passaram a ser outros. Eram os produtos nacionais, as primeiras fábricas, até virem as montadoras de
automóveis, os laboratórios farmacêuticos
e as grandes lojas e redes comerciais.
O rádio já era então o maior veículo de comunicação e
o melhor meio de promoção comercial. O aumento do número de anúncios permite o
crescimento das rádios. Elas caminham tão bem que quando a Rádio Nacional passa
a fazer parte do Governo Federal, em 1940, não é sustentada por recursos
públicos. A rádio continua a sobreviver e a montar seus estúdios e malha
tecnológica apenas com o dinheiro das propagandas.
Em 1942,
a Rádio Nacional inaugura a primeira emissora de ondas
curtas do Brasil e passa a transmitir seus programas para todo o país, o que a
torna ainda mais atrativa para os patrocinadores.
Os produtos Eucalol foram grandes anunciantes
.Uma novela matinal e o famoso Edifício balança mas não cai
Novelista Amaral Gurgel escreveu 137 novelas.
O versátil ator Gerdal dos Santos está em atividade até hoje..
Astringosol era anunciado em novelas e programas musicais.
Cutex anunciava programas vespertinos e femininos
Darcy Pedroza foi radioator brilhante e depois foi dublador.
Dias Gomes escrevia o Grande Teatro,
as sextas-feiras de 22 às 23 horas uma peça completa.
Diretores da Nacional nos anos 50 da esquerda para a direita, Floriano Faissal,Radioteatro. Silvio Leão, Administrativo. , Jair Picaluga, Publicidade. Heron Domingues, Jornalismo.Sergio Vasconcelos, Programaçao. Paulo Tapajós, Musical. Júlio Nóbrega, Técnica. Ao lado de Heron o produtor Almirante que acabava de ser contratado.
Com a popularização da
televisão, no final da década de 50, as rádios são obrigadas a rever seus
programas e redefinir objetivos.Muitas emissoras se desfizeram de seus elencos. O rádio transformou-se em um grande vitrolão, como se dizia na época. A Tamoio mandou todo o seu elenco para a Associada Tupi e dedicou-se ao lema: "música exclusivamente música". O elenco da Tupi: orquestras, atores, músicos, escapou para a TV Tupi. As esperanças da Nacional possuir seu canal de televisão se esboroaram.
Houve uma enorme decepção quando Juscelino Kubitschek traindo suas promessas de campanha, entregou o canal que seria destinado à Nacional ao que é hoje o canal 4 da TV Globo em 1956.
atuou no radioteatro pioneiro da Nacional nos anos 40.
Orquestra de professores da Nacional sob a regência de Radamés
Paulo Roberto, médico e radialista era autor de programas de sucesso:Nada além de 2 minutos, Gente que brilha, Honra ao mérito, Obrigado Doutor e Lira de Xopotó.
Roberto Salvador, autor deste blog era assim quando ingressou na Nacional aos 13 anos de idade, no Clube Juvenil Toddy
da professora Maria de Lourdes Alves.
Edmo do Vale o primeiro contraregra, produzia efeitos sonoros nas novelas.
Janete Clair e seu marido Dias Gomes.
Ela escreveu radionovelas na Nacional antes de ir para a televisão.
O famoso elenco de radioteatro ocupa todo o palco do auditório da Nacional. No canto à direita, Vitor Costa, cérebro da emissora, diretor do radioteatro, possuía enorme prestígio junto às agências de publicidade, a classe dos artistas e falava direto com o presidente Getulio Vargas.
O Repórter Esso, a partir de 1941:
noticias da Segunda Guerra nos lares brasileiros
Heron Domingues, locutor do Repórter Esso
O lema do Repórter Esso era "o primeiro a dar as últimas". Depois passou a ser "testemunha ocular da história". Começou na Nacional e encerrou na Rádio Globo.
A emissora da praça Mauá ainda resistiu, como que fiel ao modelo que lhe trouxera tanto sucesso. Procurou se manter sem se adaptar, continuando com suas orquestras, seu coro, seus imenso elenco de locutores, radioatores e cantores e grandes estúdios E antao declínio da Nacional, que se iniciara com a
inauguração da televisão, acentuou-se de forma definitiva com o Golpe militar
de 1964 que afastou 67 profissionais e colocou sob investigação mais 81.
Nos anos 60, o rádio, portanto, viveu tempos difíceis devido à
concorrência mais ativa da televisão. Os profissionais receberam propostas
milionárias para a época, para reeditar na telinha o sucesso do rádio. Foi, pois, uma
década de esvaziamento do meio, que ficou mais pobre com o sumiço dos grandes
programas.\
Em 1972, os arquivos sonoros e partituras utilizadas em programas da Rádio
foram doados ao Museu da Imagem e do Som (MIS). Durante as décadas de 1980 e
1990, o declínio da Nacional seguiu e se acentuou devido à falta de investimentos e à
concorrência cada vez maior da televisão e também das rádios FM.
A emissora foi perdendo audiência e deixando de
disputar os primeiros lugares na preferência do público. Manteve, no entanto,
durante todos esse anos, diversos programas tradicionais, apresentados por
radialistas como Daisy Lucide e Gerdal dos Santos, que ainda conseguiam reunir
a audiência de ouvintes fiéis e saudosos dos tempos de glória da emissora.
Ficamos por aqui, mas voltaremos a falar dessa glória da radiofonia brasileira: a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!
E então, gostou desta publicação?
Mande seus comentários! Leia o livro
A Era do Radioteatro.
Até breve!
E então, gostou desta publicação?
Mande seus comentários! Leia o livro
A Era do Radioteatro.
Até breve!
Nenhum comentário:
Postar um comentário