quarta-feira, 22 de julho de 2015

OS PRIMÓRDIOS DO RADIOTEATRO

   OS PRIMEIROS RADIOATORES. O RADIOTEATRO DESCOBRE SUA LINGUAGEM. ACONTECE A PRIMEIRA RADIONOVELA.

   O  lançamento da primeira radionovela, no final dos anos trinta mexeu com as emoções dos ouvintes.. Chamava-se “Mulheres de Bronze”. Embora “Em busca da Felicidade” viesse a marcar época nos anos 40, a novela da Tupi foi realmente a pioneira. 

   É  claro que já se fazia radioteatro em outras  emissoras .Eram pequenos esquetes, voltados mais para o humor e os costumes O que mais se aproximava do que conhecemos hoje como radioteatro era o que a grande atriz Cordélia Ferreira fazia na rádio Mayrink-Veiga. O "Teatro pelos ares”.
                                                 Antigo microfone dos anos trinta:
                                    captou as primeiras emoções do Teatro pelos ares.


Prédio da Mayrink Veiga:  gloriosos anos trinta

Peças eram ligeiramente adaptadas para o rádio da seguinte forma: o roteirista lia a peça de teatro e ia assinalando os pontos que deveriam ser suprimidos. Como contou mais tarde Floriano Faissal: “marcava-se uma bolinha, um risco, outra bolinha e o datilógrafo já sabia o que tinha que escrever ou cortar”.
   Daí surgia o script radiofônico. Mas a linguagem do radioteatro ainda não fora descoberta e assim, os atores apenas liam, sem interpretar.

   Meu grande amigo Amaral Gurgel, que se notabilizou por ser um dos pioneiros do radioteatro,  fez parte do grupo que deu a grande guinada e colocou os atores para interpretarem diante do microfone e não se limitarem apenas a ler os scripts adaptados.
Amaral Gurgel um dos pioneiros

   Aos poucos foram se colocando músicas orquestradas, especialmente selecionadas, as quais serviam de fundo para as falas e traziam mais emoção ao texto. Depois se sentiu a necessidade de introduzir passagens musicais. Elas serviam para mostrar ao ouvinte que a cena agora era outra. Os ruídos da contrarregra surgiram  porque era preciso indicar para o ouvinte o que estava acontecendo na cena, sem que necessariamente, tivesse  que se  dizer. Por exemplo, se uma pessoa estava  numa sala e  chegava outra, os passos se aproximando indicavam. Os atores foram buscando posições diante do microfone e entonações para dar profundidade à voz e indicar ao ouvinte se ele estava perto ou distante. Assim, os passos do contrarregra se aproximavam do microfone e o ator fazia o mesmo. O ouvinte  entendia, então, que esse personagem estava chegando da rua, por exemplo.  Aos poucos nascia a linguagem do radioteatro.                                              Surgiam os  radioatores !


   Entra em cena o “Teatro pelos ares” de Cordélia Ferreira, uma novidade que caiu imediatamente no gosto do público. A audiência, maciça. Peças completas, geralmente com 50 a 60 minutos de duração.  Ia ao ar no horário noturno, depois que as pessoas em suas casas já haviam jantado e iam curtir “ ao pé do rádio”.  
Como o nome indicava, era um teatro através do ar, mas já com cara de rádio. 
Cordélia Ferreira nos anos trinta:
 radioatriz e novelista pioneira.
Adhemar Casé: um gênio do rádio

O veterano Casé

Sadi Cabral também fez cinema quando jovem

Quem se lembra de Sadi nas novelas da Globo?

Sadi Cabral em final de carreira:
enorme contribuição para a música,teatro,rádio, cine e televisão

 Não poderia de forma alguma deixar de fazer  referência a Adhemar Casé, que introduziu o radioteatro em seus programas. O famoso Programa Casé foi um marco em nosso  rádio. Aos domingos, começava de manhã e ia até a noite, com 12 horas de duração. Começou como um grande musical, mas em determinado momento, Casé, grande amigo de Roquete-Pinto em conversa com o introdutor do rádio no Brasil resolveu colocar no ar peças de teatro e livros  famosos. Casé dava razão a Roquette ao reconhecer que o rádio também poderia ser um instrumento de cultura.  Com a ajuda do ator Sadi Cabral, se fazia  adaptações  de títulos famosos:
“Os Miseráveis”, O conde de Monte Cristo, Quo vadis, Talita, Os balangandãs de Jou Jou, Ben-Hur, O morro dos ventos uivantes, A moreninha, O corcunda de Notre- Dame, Salomé e outros.
Como as obras eram extensas e não cabiam em um só programa, apelava-se para o “continua na próxima semana”  o aumentava ainda mais a curiosidade dos ouvintes.
Mas ainda não se poderia dizer que era uma novela nos moldes de Mulheres de Bronze Era radioteatro, mas não era radionovela  e por isso vamos voltar a Mulheres de bronze.
                                                                                                                                          Olavo de Barros   fazia teatro e era um conceituado ator e diretor. Uma tarde foi  chamado  pela direção da Tupi para uma reunião. A emissora queria   fazer radioteatro. Ao receber o convite da direção da Tupi para lançar o radioteatro na Tupi aceitou o desafio e... 

... MÃOS-A-OBRA!

 Olavo, exaustivamente, selecionou colegas  seus entre os que tinham melhor voz, boa dicção e sobretudo que soubessem ler fácil- de primeira, como se costumava dizer .
Entre esses novos valores havia  um : Paulo Gracindo que se tornaria um dos maiores mitos do rádio.
O estúdio da Tupi, ainda na rua Santo Cristo, recebeu mais microfones, num total de três, capacidade máxima das mesas RCA e dois toca-discos para possibilitar a fusão de duas músicas.
Nasceu o “Teatro Cego”. Eram peças completas extraídas de clássicos gregos e operetas. Mas nada de capítulos. A peça acontecia num dia só.
O sucesso foi extraordinário. Numa dessas Gracindo teve a ideia de trazer para o rádio o folhetim “Serpentes de Bronze”.
Ele mesmo relatou  ao Caderno B do Jornal do Brasil em 13 de janeiro de 1980:
“... quando eu era pequeno, em Maceió, minha avó já recebia na porta de casa o folhetim. Quando chegava era uma  loucura. A Dos Anjos, empregada antiga entrava em delírio”.
E assim, “Mulheres de Bronze”,a primeira novela do rádio, entrou no ar. Não era uma transcrição pura e simples do  folhetim. Era uma adaptação radiofônica, a começar pela mudança do título, usando a linguagem do rádio e utilizando recursos de sonoplastia e sonofonia.  
    
Paulo Porto:
  atuação  na primeira radionovela nos anos trinta

Brilho também no cinema: 
produziu,dirigiu e interpretou
 obras de Nelson Rodrigues


Porto encerrou sua carreira na novela das sete

  Não encontrei registros de quem foi o autor da adaptação; afinal, como foi dito, o incêndio da Tupi destruiu a memória da rádio. Mas sei que o jovem Paulo Gracindo era o galã. A mocinha era a excelente radioatriz Norka Smith, tendo o principiante Paulo Porto como vilão. O próprio Olavo de Barros, que dirigia a novela, encarnava também um dos personagens.
As mesmas emoções que o folhetim  provocara na casa do menino Gracindo, levava as fãs radiouvintes  a escrever cartas e mais cartas para suas vozes preferidas.  Foi necessário que um funcionário da rádio fosse destacado para receber, selecionar e encaminhar para os radioatores, as centenas de cartas que chegavam diariamente à emissora, muitas delas pedindo fotos do artistasm ver o rosto deles.aminhar as centenas de cartas que chegavam diariamente . Havia uma curiosidade imensa em ver o rosto deles. Dera certo no papel, deu certo no rádio.
Paulo Gracindo era assim nos primórdios da radionovela



Um comentário:

  1. onde que devo escreve tudo vai dano serto vira no nada como os misterios acontecido comigo ja estou perdendo a paciencia tentamnndo poblica minhas estoria que so eu posso escreve os filme que gurdo na minha memoria.

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