“Radio
Sequência G-3”famoso programa de auditório da Tupi, brilhou no rádio carioca no final dos anos quarenta.Começava às 11 da manhã e pegava as pessoas na hora do almoço.Era um musical com variedades. Apresentava cenas humorísticas de radioteatro
escritas por Barbosa Junior, Haroldo Barbosa,
Aloysio Silva Araújo, Silvino Neto, Manuel de Nóbrega, Max Nunes e
outros. Nóbrega escrevia diariamente o quadro “Cadeira de Barbeiro”, que tinha
a participação de Matinhos, o próprio
autor, Otávio França, Wellington Botelho e Abel Pêra, tio de Marília
Pêra . (o pai de Marília era Manuel Pêra, ator de teatro,cinema e TV)
“Cadeira de Barbeiro” viera de São Paulo,
onde tinha a participação de Manuel da Nóbrega em 1944. Depois passou a ser
apresentado no Rio, também. A ação se passava numa barbearia e rolavam aqueles
papos de salão de barbeiro que a gente conhece. Mas tudo inspirado nos costumes e sobretudo na política do dia a dia.
O
contrarregra tinha uma caixinha de fósforos que ele aproximava do microfone e
raspava com um pente, caricaturando a navalha passando no rosto do
freguês-vítima que era interpretado por
Otávio França.
Aloysio Silva Araujo veio de São Paulo
para escrever Cadeira de Barbeiro
O jovem Paulo Gracindo, astro da Tupi nos anos 40
Max Nunes acadêmico de medicina:
começou na Tupi carreira de sucesso
Silvino Neto brilhava na Sequencia G-3
José Mauro: um dos gênios do rádio.
Autor da letra da música prefixo de Sequência G-3
Wellington Botelho apresentava o quadro o "amigo urso".
“SENTA,
NÃO DEMORA”!
Exclamava o barbeiro interpretado por Aloysio, num
forte sotaque paulistano italianado. Ai rolavam
fatos engraçados com críticas à sociedade e a política mundial e
nacional.
Em
pleno governo da ditadura de Getúlio
Vargas e de Filinto Muller, chefe do temido Departamento de Imprensa e
Propaganda, o DIP as piadinhas rendiam advertências e ameaças à direção da
rádio. Depois, no governo Dutra, a repressão deu um refresco, mas a censura
continuava presente.
Ao
término de um desses programas, quando eu e minha mãe deixávamos a rádio,
correu na rua o boato, segundo o qual,
Aloysio havia saído da rádio num camburão, preso pelo DIP.
Isso
fazia aumentar mais ainda o sucesso do quadro e a audiência do programa.
Como
toda a censura é burra, o público ria das piadas de duplo sentido cujo espírito
os censores, muitas vezes, não logravam alcançar.
Filinto Muller, homem de confiança de Getúlio Vargas:
censura burra e cruel.
Abel
Pêra também interpretava um juiz em um
tribunal onde era julgado um réu. Era a “Queixa do dia”, escrita pelo jovem médico Max Nunes, que havia sido
convidado por Gilberto Martins. Havia os advogados e as testemunhas.
O
infeliz réu era gaiatamente interpretado
pelo excelente Otávio França, que gritava seu bordão:
-Mas o que foi que eu fiz ? O que foi que eu
fiz?
O quadro originava situações
engraçadas .
Era
quando Abel Pêra batendo com seu martelo na mesa, bradava:
-Silêncio ! Silêncio ! Caso contrário
mandarei evacuar o ambiente! Oh! Me! !
O grande radioator Abel Pera:
o juiz em A queixa do dia.
Havia
também uma dupla de maliciosas fofoqueiras: Mariquinha
e Maricota, vividas pelas atrizes Maria do Carmo e Luiza Nazaré. Por sinal,
esta última manteve-se ativa no radioteatro da Tupi por quase 40 anos.
Rádio Seqüência G-3, um show alegre e movimentado em que a Tupi batia
todos os recordes de audiência, era uma criação de Gilberto Martins, o mesmo de
“Em busca da felicidade”, novela pioneira da qual falaremos mais adiante.
Entrava
no ar ao som de uma música alegre e gostosa, acompanhada pelo auditório,
autoria de José Mauro, cuja letra era um resumo do programa.
Que porção de atrações vem ouvir.
Vem ouvir anedota.
Assistir com prazer
Mariquinha e Maricota.
Tem gargalhada.
Tem a boa piada.
Tem também alegria.
Tem a queixa do dia.
Onze e meia acabou de bater.Bom humor
vem chegando.
Pra tomar o comando.
Que sensação vai ser.
Aqui está outra vez a Sequência G-3.
Não deixe de ouvir, se quer divertir.
Com Pêra, Matinhos e França, vai rir.
De 5 em 5 minutos ouvindo...
A voz do Paulo Gracindo.
Entrava
no palco, então, sob os aplausos em seu impecável terno branco, Gracindo
determinando:
Minha senhora, largue as panelas e venha
ouvir Rádio Sequência G-3!
Com
meus cinco anos de idade ficava tão maravilhado, que quando voltava para casa,
ia para trás da porta da sala e tentava
repetir o programa imitando as vozes, cantando as músicas de sucesso e fazendo
os ruídos da contrarregra. Eu era muito
pequeno,mas tal experiência foi tão forte, que quando completei treze anos,
peguei o
bonde Méier 99, saltei na praça Mauá e fui sozinho à Nacional fazer um
teste.
Aprovado, dois meses depois, estreei no Clube Juvenil Toddy,programa dirigido pela professora Maria de
Lourdes Alves e que ia ao ar às 5ª.s
feiras às quatro e meia da tarde.Me mantive na rádio durante 10 anos.
Roberto, o autor do blog aos 12 anos.
Voltando
à “Sequencia”; foi em 1947 que Paulo Gracindo
assumiu o comando do programa. Já então ele era uma estrela que brilhava
no radioteatro do “Cacique do ar”,tanto que
assinou um contrato milionário
com a emissora, no qual ele tinha participação na bilheteria, procedimento raro, na época.
No
dia 12 de abril de 1947 a
revista “O Cruzeiro” assim noticiava na seção “Background” assinada por
Fernando Lobo, pai do cantor Edu Lobo e
produtor de grandes sucessos do rádio da época.
O Cruzeiro: a maior revista brasileira da época
Fernando Lobo, radialista e cronista de prestígio.
“Paulo Gracindo assumiu a direção de Rádio Seqüência G-3,
programa anteriormente criado por Gilberto Martins.
O auditório da Tupi ficou abarrotado na
primeira segunda-feira em que o galã apareceu comandando o grande show.
A praça em frente ao prédio recebeu uma
multidão de mais de quinze mil pessoas que não puderam entrar.
Paulo
Gracindo é bilheteria e da bilheteria ele tem 25 por cento”.
Não
há a menor sombra de dúvida: a visão da Rádio Sequencia G- 3 despertou em mim
uma vocação tão forte, que o rádio jamais deixou de fazer parte de minha vida.
Antes
de animar a Rádio Sequencia G-3 Paulo
Gracindo já comandara o programa de auditório aos domingos no final da tarde, após a transmissão do
futebol.
Os
jogos, na era pré-Maracanã, começavam às 15 horas e terminavam às 17 horas,
porque a iluminação dos estádios era precária.
O
Programa Paulo Gracindo era um típico programa de auditório com artistas,
prêmios, brincadeiras e muita música.
O
programa se aproveitava da audiência do
futebol e como tudo que Gracindo fazia , virava sucesso.
Um
número da revista Carioca do ano de 1946 estampa uma foto do artista ao
microfone da Tupi e a legenda :
Paulo Gracindo é hoje um dos grandes nomes do radioteatro brasileiro. Sua atuação nesse gênero na PRG-3 o fez popular a valer e seu programa domingueiro, ao qual empresta seu próprio nome, dá-lhe ainda projeção maior.
Paulo Gracindo, ao microfone da Tupi é o
que nos mostra a gravura à esquerda ao
alto desta página.
QUE PENA DE DOER NÃO TER UMRADIO SEQUENCIA PRG 3
ResponderExcluirVerdade!!
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