segunda-feira, 6 de abril de 2015

O TALENTO DE HAROLDO BARBOSA

HAROLDO BARBOSA, começou em rádio nos final dos anos trinta, justamente quando as emissoras buscavam talentos e precisavam de, não apenas músicos e cantores, mas também homens que escrevessem e produzissem programas. Naqueles tempos, quase não se falava de improviso ao microfone.Grande parte do que os locutores, narradores e atores faziam e diziam era escrito por alguém. Foi o período dos grandes redatores e produtores, que escreviam bonito para que outros lessem seus belos e elaborados textos. Foi tempo de Paulo Roberto,Guiseppe Ghiaroni,
Hélio do Soveral, Oduvaldo Viana e um jovem que despontava: Haroldo Barbosa.
Na época a maioria dos profissionais era auto-didata.Aprendiam vendo os outros fazerem e aliavam os conhecimentos e observações à criatividade de cada um. Foi por ai que começam a despontar os gênios do velho rádio, fazendo com que o veículo introduzido pelo sábio Edgard Roquette-Pinto, se transformasse em menos de uma década no veículo  de maior penetração e popularidade no Brasil.
E Haroldo Barbosa foi um dos mais aplicados  "alunos" desse período.Seu talento não tinha limites.
Na ânsia de criar e produzir, foi de tudo em rádio. Discotecário, contrarregra, compositor,produtor de programas humorísticos e outros de cunho mais sério. Possuía um texto coloquial, que atraia o público e que contribuiu para o rádio falar com beleza, correção e clareza.
Atuou na Rádio Philips, e depois na Mayrink Veiga. Foi no Programa Cazé que teve espaço para fazer tudo que sua criatividade permitia.Seu talento logo atrairia o jovem produtor para as grandes emissoras da época: Tupi e  Nacional. Voltou depois à Mayrink, quando, já então nos anos cinquenta, para conduzir a emissora ao topo da audiência com seus programas humorísticos. Tais programas  revelaram jovens talentos que surgiam e faziam sucesso com seus textos. Vamos recordar alguns: Zé Trindade, Germano, Wellington Botelho, Ema e Walter Dávila, Nancy Wanderley, Nádia Maria, Therezinha Nascimento e outros.

Adhemar Casé: importante para Barbosa em seu início
Carlos Henrique e Cid Moreira:
 dupla de locutores dos programas que Haroldo escrevia para a Mayrink.

Jovem Cid Moreira, início da carreira no rádio carioca:
 contemporâneo de Barbosa na Mayrink dos anos 50.


Haroldo Barbosa no auge de sua carreira na televisão.

                                                 Nancy Wanderley: atriz dramática.
                           Passou a fazer humor com os textos de Barbosa e Max Nunes.
                    Foi a primeira esposa de Chico Anysio nos tempos de Rádio Mayrink Veiga.


                    Nancy, Chico Anysio e o filho do casal: Lug de Paula, o Seu Boneco da                                                     Escolinha do Professor Raimundo


Zé Trindade: atracão nos humorísticos de Haroldo Barbosa na Rádio Mayrink Veiga,
 despontou para o estrelato.

Vamos falar de um desses programas. “A cidade se diverte”. Lançado aos domingos ao meio-dia, quando as pessoas estavam almoçando. Isso no início dos anos cinquenta. Este programa foi depois para a Mayrink Veiga, com passagem  pela Nacional. Em “A cidade se diverte” havia quadros muito engraçados, entre eles o de “Cazuza, o calouro que já vem gongado” numa alusão aos programas de calouros, populares  na época. Cazuza era interpretado por Germano que levava o público às gargalhadas aos contar sua  histórias. Ao final resolvia cantar e de tão ruim ganhava o gongo logo aos primeiros compassos.


“A cidade se diverte” entrava no  ar com uma marchinha gostosa, que dizia assim:

A cidade se diverte,
Vamos todos gargalhar.
Faz de conta que a tristeza
Foi morar noutro lugar.
A cidade se diverte,
Quá, quá, quá.
Faz de conta que a tristeza,
Foi morar noutro lugar!

Haroldo Barbosa escreveu também  em 1952 “Favelinha”. Barbosa tinha o dom de engendrar histórias engraçadas que iam sendo vividas pelos atores. Não havia piadas em profusão, mas situações hilárias. Os personagens eram habitantes de uma favela fictícia, daí o nome do programa.
Já pensaram num programa com tais personagens e vivido nesse ambiente hoje, com esse título? Certamente seria alvo de críticas. Mas naquela época ninguém dava conta disso.
Favelinha” tinha personagens e intérpretes fixos: o de João Fernandes era um tipo sofredor em que tudo de ruim acontecia com ele.
Abel Pêra,  tio de Marília Pêra, viviam um português dono de um mercearia e que vivia sempre de olho numa mulata que morava nas imediações.  Hamilton Ferreira era o dono da casa que recebia os amigos e onde a maioria das coisas acontecia. E Otávio França era uma espécie de “sabe tudo” do pedaço.

Favelinha” ia ao ar  aos sábados às 8 da noite, sob o patrocínio do Talco Ross.

Temos ainda mais o que dizer de Haroldo Barbosa. Continuem conosco neste meu blog.







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