segunda-feira, 11 de maio de 2015

O NARRADOR ESPORTIVO JOSÉ CARLOS ARAUJO,0 GAROTINHO.

JOSÉ CARLOS ARAUJO, AINDA GAROTINHO,  NARRA  AS EMOÇÕES DE UMA PARTIDA DE  FUTEBOL... DE BOTÃO.

   Conheci o José Carlos quando ele deveria ter uns catorze anos. Eu também tinha essa idade.Foi no Clube Juvenil Toddy, programa da Rádio Nacional, dirigido pela professora Maria de Lourdes Alves.Este programa era feito por jovens e destinava-se ao público estudante.Ia ao ar todas as quintas-feiras às 16 e 30, patrocinado pelo Toddy. 
Era aluno do Colégio Pedro II, quando começou em rádio.
É o penúltimo da fila de baixo

   Vários jovens se apresentavam no programa, de acordo com seus dons.Uns cantavam, outros tocavam instrumentos, faziam poesias, escreviam pequenas peças de radioteatro ou apresentavam noticias que vinham dos colégios de todo o Brasil. Era o Radiorrepórter Juvenil. O programa fez muito sucesso entre os anos 50 e 60. José Carlos atuava como locutor lendo textos variados. Apesar da idade já possuía um desembaraço fora do comum e uma voz de adolescente que rapidamente se consolidou: timbre claro,leve, porém  elegante, que fugia do tom exageradamente solene de muitos locutores da época.
   Quando a professora Maria de Lourdes criou o  Bandeirantes do Ar, fomos para a Rádio Roquette-Pinto, mas continuamos também na Nacional. No  Bandeirantes,  por haver um horário maior desfrutávamos todos a possibilidade de experimentar. José Carlos gostava de ler textos românticos chegou a fazer radioteatro. Mas se firmou como  uma espécie de “locutor padrão” lendo a abertura e o encerramento do programa. Tanto que a Roquette não escalava um locutor profissional para fazê-lo. Ficava por conta do José Carlos Araújo. Lembro-me dele, ainda na metade dos anos 50, apresentando um gostoso programa musical de uma hora de duração, nas manhãs de domingo na Rádio Metropolitana.
Formatura no CPOR: aqui com sua mãe.

Garotinho: misto de vocação e paixão pelo rádio


    Vida  que segue, em 1959 nos encontramos calouros na Faculdade de Educação da UDF, hoje UERJ. Ele  cursando Geografia e eu História Natural. Nossa formatura foi em 1962. Depois tentamos concurso para professor do Estado e passamos. Ele foi dar aula de Geografia  no Colégio Estadual Daltro Santos em Bangu. Lá quem dava aula de Educação Física era um jovem professor, chamado Carlos Alberto Parreira, que faria carreira  vitoriosa como técnico de futebol.
O jovem professor de Geografia e seus alunos. Ou fans?

    Eu fui lecionar Ciências e Biologia no Colégio Estadual Cidade de Lisboa em Madureira. Tivemos algo em comum: sempre conseguimos conciliar o magistério com o  rádio.E a vida seguiu. José Carlos, no final dos anos 60 foi para a Rádio Globo. 
Começou como repórter de campo.
Aqui, junto com Denis Menezes

   Vibrei muito quando ele transmitiu as primeiras vitórias de um piloto que despontava na Fórmula 1: Emerson Fittipaldi. Vibrava eu  mais com a vitória do meu amigo José Carlos do que com as conquistas do nosso piloto.
Garotinho:  personalidade alegre nas narrativa dos jogos.
Um novo estilo.
   Em 1976, quando eu retornava de uma pós-graduação em rádio e televisão na cidade do México  fui encontrar José Carlos comandando o futebol da Rádio Nacional. Era o Garotinho voltando ao mesmo microfone que o acolhera  nos anos 50. Em 1983, meu amigo retorna à Globo, como locutor titular. 
Com Telê Santana, Apolinho Washington Rodrigues e Denis Menezes:
caminhos pelo mundo do futebol.

Copa de 70 no México: jornada campeã na Globo


                         
Timaço esportivo da Globo: Dálton Rebello,Luis Mendes,Waldir Amaral, Saldanha e Celso Garcia.Agachados: Luiz Penido, Ayrton Rebello, Garotinho, Denis Menezes e Apolinho Washington Rodrigues.

Emocionado recebendo um dos inúmeros prêmios de sua carreira das mãos de sua mulher Deise Mazziotti: união e amor de muitos anos.

Roberto Lopes de Araujo, seu pai:
 grande responsável pelo sucesso do Garotinho. 
Vai mais, vai mais Garotinho! ...

Entrou!! Golão,  golão, golão!

Trocamos o livro...

No ano de 2009 o jornalista Rodrigo Taves escreveu um livro sobre a vida do famoso narrador esportivo. Chamou-se Paixão pelo Rádio.Na mesma ocasião eu lancei A Era do Radioteatro. Resolvemos que um compraria o livro do outro.

Recentemente o querido locutor e empresário Dinoel Santana, que também havia começado em rádio conosco no Programa dos Estudantes da Rádio Nacional, promoveu uma reunião em sua casa à qual eu chamei de  Encontro de vozes. Lá estavam Eliakin Araujo,Antonio Carlos Biachini, Márcio Seixas, José Carlos Araujo e outros. Foi um evento inesquecível durante o qual desfilaram deliciosas recordações.
Eliakin Araujo, Garotinho, Dinoel e o autor do blog.

 Empreendeu  caminhada narrando futebol em outras emissoras como Band Esportes e Transamérica, nunca, porém, abandonando seu estilo único: moderno, vibrante e descontraído de fazer rádio.Maneira de ser que também levou para a televisão. 
Zé Carlos e Apolinho juntos novamente: 
agora na Tupi AM-FM. Um novo desafio.

Lembro-me, que ainda muito jovem, José Carlos  cultivava o hábito de chamar seus amigos de garotinho. Era garotinho pra cá, garotinho pra lá. Daí foi que,  creio eu,  de tanto chamar os outros de garotinho, quem virou Garotinho foi ele...Por sinal, o verdadeiro Garotinho. Uma marca forte, comercializada pelo José Carlos Araújo.
Um  outro Garotinho surgiria depois. O político. Mas, legalmente,   somente o primeiro e verdadeiro é que pode utilizar comercialmente a marca. E com muita justiça, pois sou testemunha, desde o início de nossas carreiras, de quando e como nasceu o Garotinho.
Afinal de contas, ele era apenas um garotinho quando começou a narrar partidas de futebol... de botão. Ali  despontava  sua paixão pelo rádio e pelo futebol. José Carlos Araújo, um vitorioso no rádio esportivo e que em minha opinião, seria um  gênio no rádio e na televisão, qualquer que fosse o gênero que tivesse abraçado.

Obs: algumas das fotos aqui publicadas e que narram a trajetória do querido radialista, pertencem ao arquivo pessoal do Garotinho e foram extraídas de seu livro Paixão pelo Rádio.


Um comentário:

  1. Eu era criança e já quase adolescente quando a gente ouvia pelo radio de pilha as narrações do José Carlos de Araújo. Nas vinhetas comerciais ele fazia a propaganda da Francisco Xavier Imóveis. O seu jargão musical era: José Carlos de Araújo...sou eu, voltei. Saudades daqueles bons tempos.

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