JOSÉ CARLOS ARAUJO, AINDA
GAROTINHO, NARRA AS EMOÇÕES DE UMA PARTIDA DE FUTEBOL... DE BOTÃO.
Conheci o José Carlos quando ele deveria ter uns catorze anos. Eu também tinha essa idade.Foi no Clube Juvenil
Toddy, programa da Rádio Nacional, dirigido pela professora Maria de Lourdes Alves.Este programa era feito por jovens e destinava-se ao público estudante.Ia ao ar todas as quintas-feiras às 16 e 30, patrocinado pelo Toddy.
Era aluno do Colégio Pedro II, quando começou em rádio.
É o penúltimo da fila de baixo
Vários jovens se apresentavam no programa, de acordo com seus dons.Uns cantavam, outros tocavam instrumentos, faziam poesias, escreviam pequenas peças de radioteatro ou apresentavam noticias que vinham dos colégios de todo o Brasil. Era o Radiorrepórter Juvenil. O programa fez muito sucesso entre os anos 50 e 60. José Carlos atuava como locutor lendo textos variados. Apesar da idade já
possuía um desembaraço fora do comum e uma voz de adolescente que rapidamente se
consolidou: timbre claro,leve, porém elegante, que fugia do tom exageradamente
solene de muitos locutores da época.
Quando a professora Maria de
Lourdes criou o Bandeirantes do Ar, fomos para a Rádio Roquette-Pinto, mas
continuamos também na Nacional. No Bandeirantes, por haver um
horário maior desfrutávamos todos a possibilidade de experimentar. José Carlos
gostava de ler textos românticos chegou a fazer radioteatro. Mas se firmou como uma espécie de “locutor padrão”
lendo a abertura e o encerramento do programa. Tanto que a Roquette não
escalava um locutor profissional para fazê-lo. Ficava por conta do José Carlos
Araújo. Lembro-me dele, ainda na metade dos anos 50, apresentando um gostoso
programa musical de uma hora de duração, nas manhãs de domingo na Rádio
Metropolitana.
Formatura no CPOR: aqui com sua mãe.
Garotinho: misto de vocação e paixão pelo rádio
Vida que segue, em 1959
nos encontramos calouros na Faculdade de Educação da UDF, hoje UERJ. Ele cursando Geografia e eu História Natural.
Nossa formatura foi em 1962. Depois tentamos concurso para professor do Estado
e passamos. Ele foi dar aula de Geografia
no Colégio Estadual Daltro Santos em Bangu. Lá quem dava aula
de Educação Física era um jovem professor, chamado Carlos Alberto Parreira, que faria carreira vitoriosa como técnico de futebol.
O jovem professor de Geografia e seus alunos. Ou fans?
Eu fui
lecionar Ciências e Biologia no Colégio Estadual Cidade de Lisboa em Madureira. Tivemos algo
em comum: sempre conseguimos conciliar o magistério com o rádio.E a vida seguiu. José Carlos, no final
dos anos 60 foi para a Rádio Globo.
Começou como repórter de campo.
Aqui, junto com Denis Menezes
Vibrei muito quando ele transmitiu
as primeiras vitórias de um piloto que despontava na Fórmula 1: Emerson Fittipaldi. Vibrava
eu mais com a vitória do meu amigo José
Carlos do que com as conquistas do nosso piloto.
Garotinho: personalidade alegre nas narrativa dos jogos.
Um novo estilo.
Em 1976, quando eu retornava
de uma pós-graduação em rádio e televisão na cidade do México fui encontrar José Carlos comandando o
futebol da Rádio Nacional. Era o Garotinho voltando ao mesmo microfone que o
acolhera nos anos 50. Em 1983, meu amigo
retorna à Globo, como locutor titular.
Com Telê Santana, Apolinho Washington Rodrigues e Denis Menezes:
caminhos pelo mundo do futebol.
Copa de 70 no México: jornada campeã na Globo
Timaço esportivo da Globo: Dálton Rebello,Luis Mendes,Waldir Amaral, Saldanha e Celso Garcia.Agachados: Luiz Penido, Ayrton Rebello, Garotinho, Denis Menezes e Apolinho Washington Rodrigues.
Emocionado recebendo um dos inúmeros prêmios de sua carreira das mãos de sua mulher Deise Mazziotti: união e amor de muitos anos.
Roberto Lopes de Araujo, seu pai:
grande responsável pelo sucesso do Garotinho.
Vai mais, vai mais Garotinho! ...
Entrou!! Golão, golão, golão!
Trocamos o livro...
No ano de 2009 o jornalista Rodrigo Taves escreveu um livro sobre a vida do famoso narrador esportivo. Chamou-se Paixão pelo Rádio.Na mesma ocasião eu lancei A Era do Radioteatro. Resolvemos que um compraria o livro do outro.
Recentemente o querido locutor e empresário Dinoel Santana, que também havia começado em rádio conosco no Programa dos Estudantes da Rádio Nacional, promoveu uma reunião em sua casa à qual eu chamei de Encontro de vozes. Lá estavam Eliakin Araujo,Antonio Carlos Biachini, Márcio Seixas, José Carlos Araujo e outros. Foi um evento inesquecível durante o qual desfilaram deliciosas recordações.
Eliakin Araujo, Garotinho, Dinoel e o autor do blog.
Empreendeu caminhada narrando futebol em outras
emissoras como Band Esportes e Transamérica, nunca, porém, abandonando seu
estilo único: moderno, vibrante e descontraído de fazer rádio.Maneira de ser que também
levou para a televisão.
Zé Carlos e Apolinho juntos novamente:
agora na Tupi AM-FM. Um novo desafio.
Lembro-me, que ainda muito jovem, José Carlos cultivava o hábito de chamar seus amigos de garotinho. Era garotinho pra cá,
garotinho pra lá. Daí foi que, creio
eu, de tanto chamar os outros de garotinho, quem virou Garotinho foi ele...Por sinal, o verdadeiro Garotinho. Uma marca forte,
comercializada pelo José Carlos Araújo.
Um outro Garotinho
surgiria depois. O político. Mas, legalmente,
somente o primeiro e verdadeiro é que pode utilizar comercialmente a
marca. E com muita justiça, pois sou testemunha, desde o início de nossas
carreiras, de quando e como nasceu o Garotinho.
Afinal de contas, ele era apenas
um garotinho quando começou a narrar partidas de futebol... de botão. Ali despontava
sua paixão pelo rádio e pelo futebol. José Carlos Araújo, um vitorioso
no rádio esportivo e que em minha opinião, seria um gênio no rádio e na televisão, qualquer que
fosse o gênero que tivesse abraçado.
Obs: algumas das fotos aqui publicadas e que narram a trajetória do querido radialista, pertencem ao arquivo pessoal do Garotinho e foram extraídas de seu livro Paixão pelo Rádio.
Obs: algumas das fotos aqui publicadas e que narram a trajetória do querido radialista, pertencem ao arquivo pessoal do Garotinho e foram extraídas de seu livro Paixão pelo Rádio.
Eu era criança e já quase adolescente quando a gente ouvia pelo radio de pilha as narrações do José Carlos de Araújo. Nas vinhetas comerciais ele fazia a propaganda da Francisco Xavier Imóveis. O seu jargão musical era: José Carlos de Araújo...sou eu, voltei. Saudades daqueles bons tempos.
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