terça-feira, 19 de novembro de 2013

CAUBY PEIXOTO, FENOMENO DOS AUDITÓRIOS: NO INICIO UM SUCESSO PRODUZIDO.

Havia  uma grande  diferença entre o sucesso produzido e o sucesso  fruto da admiração dos ouvintes.
Exemplo disso é o cantor Cauby Peixoto. Contratado pela Nacional em 1954,  possuía méritos inegáveis, mas seu empresário chamado DiVeras introduziu pioneiramente o marketing artístico, promovendo artificialmente o jovem cantor á categoria de astro e de ídolo das mulheres. Era assim que  um grupo de fanzocas previamente contratadas atacavam Cauby á saída dos locais onde se exibia, arrancando os bolsos mal costurados de seus ternos bem talhados. Mas Cauby ultrapassou essa fase e seu talento se impôs através de décadas e ele faz sucesso até hoje.
As emissoras apoiavam a criação dos fãs clubes e até incentivavam a rivalidade entre cantores e cantoras. Por um bom tempo isso serviu para dar um     certo colorido aos programas de auditório. Obviamente, jamais se juntavam cantores rivais no mesmo programa porque seria confusão na certa. No entanto, anos mais tarde, mesmo colocando Marlene para cantar no programa de Manoel Barcelos às quintas-feiras e Emilinha no Cesar de Alencar aos sábados, nada impedia que as “torcidas” se encontrassem  na praça Mauá para se hostilizarem. O comportamento dos auditórios viria a se modificar, e para pior, nos anos sessenta, conforme veremos.
Havia, portanto, os programas de auditório e os programas transmitidos do auditório.E o comportamento do público estava em função do conteúdo, da forma  e dos objetivos dessa programação.

Cauby era assim na carteira profissional quando entrou para a Nacional em 1954

Sucesso imediato nos programas de auditório e perseguição de fãs: bolsos e mangas de paletó rasgadas.

Fanzocas a parte, Cauby era admirado por público de diversas idades.

Seis décadas depois, Cauby reinaugura o moderno auditório da Nacional: sucesso de sempre e reconhecimento público.

O COMPORTAMENTO DOS AUDITÓRIOS COMEÇA A PREOCUPAR.

Floriano Faissal, diretor da Nacional, não escondia uma grande preocupação:  a guerra que havia entre os fãs de artistas. A saudável rivalidade (produzida é bem verdade) entre Marlene e Emilinha, começava a ultrapassar os limites e eram frequentes os entreveros de grupos exaltados no hall de entrada do prédio na praça Mauá. Além disso, a bagunça nos programas de  auditório,  especialmente os de Manoel Barcelos e Cesar de Alencar, muitas vezes fugia ao controle.
Floriano Faissal com Marlene no programa de Manoel Barcelos, vibração do auditório ás vezes era exagerada.
Cesar e Floriano: elaboração de um Código do Auditório 


 Isto levou Floriano a criar  um grupo de trabalho encarregado de  elaborar um pequeno manual ditando normas de conduta. Foi feito, então um painel na entrada do auditório com as tais normas. Era o Código do Auditório. Quem desobedecesse ou era retirado ou ficava impedido de entrar no espetáculo seguinte. Claro, houve protestos e a bem da verdade, embora houvesse  uma melhora, os problemas prosseguiram.
Diziam as regras:
1-Elevar o nome do astro preferido.
2-Aplaudir sim, vaiar nunca.
3-Sempre que o artista estiver cantando, fazer silêncio. Nada de gritos histéricos.
4-Cuidado com as faixas! Não enfaixe demais o seu ídolo e atenção aos dizeres das faixas.
5-Espere o seu ídolo na porta da rádio, mas...deixe que ele saia livremente.
6-Nada de rasgar a roupa dos ídolos. Roupas custam caro.
7-Se você gosta do artista que está cantando, Silêncio!
8-Quando você passar por um artista que não é o de seu agrado, fique caladinha.
9-Pode entrar para o fã-clube do seu ídolo, mas lembre-se de seus afazeres de casa.

10-E, finalmente, respeite as fãs, que são fãs dos outros.


Francisco Carlos, El Broto: assédio no auditório da Nacional.


Dalva de Oliveira brilhava na Tupi. Marlene na Nacional.
Amigas, sim, mas as fans as disputavam.





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