Havia
uma grande diferença entre o sucesso produzido e o sucesso fruto da admiração dos ouvintes.
Exemplo
disso é o cantor Cauby Peixoto. Contratado pela Nacional em 1954, possuía méritos inegáveis, mas seu empresário
chamado DiVeras introduziu pioneiramente o
marketing artístico, promovendo
artificialmente o jovem cantor á categoria de astro e de ídolo das mulheres.
Era assim que um grupo de fanzocas
previamente contratadas atacavam Cauby á saída dos locais onde se exibia, arrancando
os bolsos mal costurados de seus ternos bem talhados. Mas Cauby ultrapassou essa fase e seu talento se impôs através de décadas e ele
faz sucesso até hoje.
As
emissoras apoiavam a criação dos fãs clubes e até incentivavam a rivalidade
entre cantores e cantoras. Por um bom tempo isso serviu para dar um certo
colorido aos programas de auditório. Obviamente, jamais se juntavam cantores
rivais no mesmo programa porque seria confusão na certa. No entanto, anos mais
tarde, mesmo colocando Marlene para cantar no programa de Manoel Barcelos às
quintas-feiras e Emilinha no Cesar de Alencar aos sábados, nada impedia que as
“torcidas” se encontrassem na praça Mauá
para se hostilizarem. O comportamento dos auditórios viria a se modificar, e
para pior, nos anos sessenta, conforme veremos.
Havia, portanto, os programas de auditório e os programas transmitidos do auditório.E o
comportamento do público estava em função do conteúdo, da forma e dos objetivos dessa programação.
Cauby era assim na carteira profissional quando entrou para a Nacional em 1954
Sucesso imediato nos programas de auditório e perseguição de fãs: bolsos e mangas de paletó rasgadas.
Fanzocas a parte, Cauby era admirado por público de diversas idades.
Seis décadas depois, Cauby reinaugura o moderno auditório da Nacional: sucesso de sempre e reconhecimento público.
O COMPORTAMENTO
DOS AUDITÓRIOS COMEÇA A PREOCUPAR.
Floriano Faissal, diretor da Nacional, não
escondia uma grande preocupação: a
guerra que havia entre os fãs de artistas. A saudável rivalidade (produzida é bem verdade) entre Marlene e
Emilinha, começava a ultrapassar os limites e eram frequentes os entreveros de
grupos exaltados no hall de entrada do prédio na praça Mauá. Além disso, a
bagunça nos programas de auditório, especialmente os de Manoel Barcelos e Cesar
de Alencar, muitas vezes fugia ao controle.
Floriano Faissal com Marlene no programa de Manoel Barcelos, vibração do auditório ás vezes era exagerada.
Cesar e Floriano: elaboração de um Código do Auditório
Isto levou
Floriano a criar um grupo de trabalho
encarregado de elaborar um pequeno
manual ditando normas de conduta. Foi feito, então um painel na entrada do
auditório com as tais normas. Era o Código do Auditório. Quem desobedecesse ou
era retirado ou ficava impedido de entrar no espetáculo seguinte. Claro, houve
protestos e a bem da verdade, embora houvesse
uma melhora, os problemas prosseguiram.
Diziam as regras:
1-Elevar o nome do astro preferido.
2-Aplaudir sim, vaiar nunca.
3-Sempre que o artista estiver cantando, fazer
silêncio. Nada de gritos histéricos.
4-Cuidado com as faixas! Não enfaixe demais o seu
ídolo e atenção aos dizeres das faixas.
5-Espere o seu ídolo na porta da rádio, mas...deixe
que ele saia livremente.
6-Nada de rasgar a roupa dos ídolos. Roupas custam
caro.
7-Se você gosta do artista que está cantando, Silêncio!
8-Quando você passar por um artista que não é o de seu
agrado, fique caladinha.
9-Pode entrar para o fã-clube do seu ídolo, mas
lembre-se de seus afazeres de casa.
10-E, finalmente, respeite as fãs, que são fãs dos
outros.
Francisco Carlos, El Broto: assédio no auditório da Nacional.
Dalva de Oliveira brilhava na Tupi. Marlene na Nacional.
Amigas, sim, mas as fans as disputavam.
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