Após clinicar no interior de Minas Gerais, volta ao Rio
de Janeiro e nos anos trinta é atraído
por algo que começava a surgir em todo o país espalhando-se como uma epidemia.
Não como aquelas com as quais ele estava acostumado a lidar, naturalmente...Tratava-se do Rádio, que
iniciava sua trajetória, para se
transformar, em pouco, no maior fenômeno da comunicação em todos os tempos.
Levado pela curiosidade, foi trabalhar no Programa Casé, produzido por Adhemar Casé na extinta Rádio Philips. Era um programa pioneiro no rádio brasileiro que buscava uma nova linguagem e que reunia o que havia de melhor entre os profissionais de então. De imediato Dr. José Marques, muito jovem na época, influenciado por amigos teve uma preocupação: o que diriam seus clientes se soubessem que ele estava metido no meio de sambistas, músicos e boêmios.A solução veio de sua mente criativa: no Rádio ele seria Paulo Roberto em homenagem ao seu primeiro filho, Roberto. Assim ninguém precisaria saber que ali estava o respeitável Dr. José Marques.Paulo Roberto era redator do programa. Seus textos se revelaram admiráveis, lidos por “speakers” da época buscavam uma linguagem nova, leve, direta, criativa.Um dia falta o locutor e Casé ordena-lhe: “Entra você no lugar de quem faltou”! Sua voz simpática, agradável, levemente anasalada e natural, era um contraste com o tom empostado da época. O sucesso foi duplo. Textos inteligentes lidos de forma terna e coloquial.Aos poucos seus clientes foram descobrindo a “dupla identidade” e não faltavam elogios.
Mas o médico prosseguia. Especializou-se em Obstetrícia e entrou para a Prefeitura indo trabalhar na Maternidade de Cascadura, onde permaneceu até aposentar-se. Segundo palavras suas “amparando mais de 1.500 barrigudinhos do sertão e milhares de enfezadinhos dos morros cariocas”
No ar ... Nada além de dois minutos!:
domingos 21 horas. Orquestra e elenco de Radioteatro.
E só para fechar
este estudo sobre Paulo Roberto, uma
curiosidade que poucos conhecem: ele é o autor da expressão “amigos ouvintes”,
muito utilizada no velho rádio e que, atravessando gerações, está presente no
rádio atual.
Grande Paulo Roberto
!
Obrigado, doutor !
ALDIR BLANC
Era formado pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, que hoje faz parte da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, com especialização em Psiquiatria. Sempre acreditou na arte. Inclusive, chegou a colocá-la a serviço de seus pacientes do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Aldir, embora não
tenha sido um radialista, propriamente dito, o incluo aqui pois confessou em entrevistas que era um amante, profundo admirador do velho
rádio e ouvinte assíduo dos programas da Rádio Mayrink Veiga.Declarou que o rádio influenciou muito sua vida. Tanto assim que em uma de suas
composições, Linha de Passe cita a emissora e um de seus famosos programas
noturnos: Val da Valsa. Eis aqui um trechinho da letra, com música de João
Bosco.
...E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal ...
LUIZ JATOBÁ, UM MÉDICO ORTOPEDISTA QUE SE TRANSFORMARIA NO LOCUTOR COM A VOZ MAIS BONITA QUE O RÁDIO CONHECEU.
Tudo começou graças à influência de uma namorada. O jovem
Jatobá cursava Medicina no Rio de Janeiro. Em 1935 a recém inaugurada Rádio Jornal do Brasil abriu concurso
para locutores e a moça o incentivou a inscrever-se. Embora ser locutor de
rádio não estivesse nos seus planos, foi aprovado e imediatamente contratado,
começou a fazer programas de música clássica no horário noturno. Ele gostou da
coisa e os ouvintes também. O locutor de voz bonita se despediu da Rádio JB e
formado, foi fazer uma pós-graduação nos Estados Unidos. Mas estava escrito nas
estrelas que o médico ortopedista acabaria se tornando um grande radialista. Foi
um dos primeiros locutores da Voz do Brasil e em 1940 foi contratado pela
Columbia Broadcasting System, CBS e partiu para Nova York de onde lia notícias
da Segunda Guerra Mundial para o Brasil, ao mesmo tempo em que narrava
documentários e trailers para a Metro
Goldwin Mayer. Sua voz era então famosa no Brasil, mas seu rosto só ficou
conhecido quando voltou ao seu país para apresentar o primeiro noticiário da TV
Tupi no Rio de Janeiro. Em 1951 apresentava programas noturnos da Rádio Mayrink Veiga, inclusive o
Vai da Valsa, aquele escrito por Haroldo Barbosa e que era o favorito do então garoto Aldir
Blanc. Esteve na Nacional e depois foi para a televisão, atuando na Excelsior e
Globo. Voltou aos Estados Unidos atuando na Columbia, Paramount e Universal,
sempre narrando filmes, documentários e traillers.
Vamos falar de uma personalidade muito especial. Médico famoso no Rio de Janeiro e radialista anônimo de bastidores, pelo histórico que revelamos a seguir Nasceu na Ucrânia. Chegando ao Brasil com a família, quando tinha apenas 5 anos, naturalizou-se brasileiro em 1945, quando se formou em medicina. Tornou-se um dos mais conceituados pediatras que o Rio conheceu. Muito jovem, atendia crianças nos morros do Borel, Formiga e Salgueiro, Zona Norte do Rio de Janeiro. Trabalhava 12 horas por dia, muitas vezes sem remuneração. Mas, a paixão do médico pelo rádio se daria a partir do inicio dos anos 50, quando casado com a radialista Maria de Lourdes Alves Roiter passou a auxiliá-la na produção dos programas que ela dirigia nas rádios Mayrink Veiga, Nacional e Roquette-Pinto. Na produção do Clube Juvenil Toddy, Programa dos Estudantes, Bandeirantes do Ar e O Estudante e a Música, o médico se revelaria extremamente criativo e dono de um texto impecável. Ajudava a professora Maria de Lourdes na elaboração dos roteiros dos programas que alcançaram muito sucesso na época. Além disso, nos bastidores, orientava os jovens que participavam dos programas, exigindo-lhes e cobrando-lhes qualidade com bastante rigor. O resultado é que daqueles programas despontaram cidadãos. De tal forma que, mesmo aqueles que não seguiram a carreira radiofônica, se destacaram em outras atividades profissionais.
Professora Maria de Lourdes Alves Roiter:
destaque na produção de programas para jovens talentos.
O fôlego de campeão de nado-livre pelo Tijuca Tênis Clube lhe permitia tantas
atividades. Contudo ele fazia uma exigência: seu nome não podia constar dos
créditos e sua voz jamais foi para o ar.Nem nas fotos queria aparecer. Contudo, todos os que trabalhavam nos bastidores e até membros da direção das emissoras, sabiam da importância de sua
participação, embora anônima.
Adorei! Muitíssimo interessante! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado Maria Cristina por seu habitual incentivo!
ExcluirMuito boa essa matéria nota 10
ResponderExcluirObrigado por seu comentário! Continue conosco!
ExcluirAmigo,Roberto!
ResponderExcluirSensacional sua postagem,tanto destaco a parte 1 como a parte 2. Parabéns,pela sua grande dedicação,a história do rádio, que aliá, conheço através do seu interessante livro "A era do "Rádioteatro"! Parabéns por nos apresentar seus amigos "médicos e radialistas"!
Fico feliz e incentivado a seguir com esse meu trabalho de preservação da memória do velho rádio. Muito e muito obrigado!
ExcluirMuito e muito agradecido por seu comentário. Siga conosco!
ExcluirParabéns, Roberto.
ResponderExcluirÉ o passado que ressuscita nas imagens que desencadeiam.
É alegria e é prova da verdade então revivida.
Pelo texto ouso identificar a autora desse lindo comentário! Um beijo querida amiga!
ExcluirAh... Roberto, o que dizer um filho do Dr. Moyses? Apenas aplaudir tua carinhosa lembrança. A Profa. e ele te admiravam muito. Marcio Roiter
ResponderExcluirQuerido amigo Márcio Roiter, com emoção recebo teu comentário! O casal foi muito importante na minha vida.
ResponderExcluirRoberto, que trabalho lindo! Realmente uma viagem no tempo, cheia de empenho e carinho. Parabéns e obrigada por isso! Destaco especialmente a história do Dr. Moysés Roiter. Sou arquiteta e estive no antigo consultório onde ele atendia na Tijuca na semana passada e adoraria compartilhar um texto que fiz sobre o espaço, e um pouco da história dele e do médico que ali atuou em seguida. Como posso te enviar?
ResponderExcluirOlá Nina Zonis. Que alegria receber esse teu comentário tão importante para mim. Gostaria, sim de conhecer esse texto. Ai vai meu WhatsApp: 21-999124202. Não deixe de fazer contato.
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