COMEÇA O DECLÍNIO DO VELHO RADIO.
Eis que a televisão inicia sua invasão aos lares brasileiros. O
espaço da sala, antes ocupado pelo rádio, agora pertence à televisão.
O rádio na sala de jantar das casas brasileiras ...
...cede lugar para a telinha mágica que surgia, encantando a todos.
Os aparelhos receptores, até então muito caros, começam a ser vendidos
por preços mais accessíveis. As lojas lançam uma novidade: a venda a crédito.
Novidades nas vitrines: vendas a crédito nas lojas
Os anunciantes, que derramavam suas verbas publicitárias no rádio, migram para a tevê. O novo veículo, chegava aos
poucos, mas com decisão. Parecia um dragão prestes a devorar tudo. Mas só
mostrava a sua cauda. Sua cara ainda não fora revelada.
A direção da Rádio Nacional, como que pressentindo as
mudanças, se movimenta no sentido de obter um canal de tevê. Naquele tempo, a
tecnologia não oferecia opções.
Os canais eram fechados e poucos eram os disponíveis.
O Canal 2, que por lei era para a fins educativos, estava destinado à Rádio
Roquette-Pinto e chegaria às mãos da TV Educativa, hoje TV Brasil, em 1960. O 6 já
pertencia à TV Tupi. O 9, da Continental e o 13 da TV Rio, já estavam no ar.
Restava disponível apenas o 4. A Rádio Nacional saiu em campo para obter do presidente
da República o único canal restante.
1951:Assis Chateaubriand inaugura a TV Tupi Canal 6
Inicio dos anos 50: TV Rio no ar!
TV Continental também pioneira,pertencia a Rubens Berardo
COMEÇA A CORRIDA ATRÁS DO CANAL 4!
Meados dos anos cinquenta. Juscelino vence as eleições e
promete durante a campanha conceder o canal 4 do Rio de Janeiro à Nacional.
Juscelino e Jango vencem as eleições em 1955
Chateaubriand era dono de um vastíssimo império de emissoras de rádio e
televisão, além de jornais e revistas, editoras, laboratórios farmacêuticos e pesados investimentos agropecuários.
Mas quando
o Velho Capitão soube das promessas de Juscelino, ficou colérico.
Chateaubriand: "isso não vai ficar assim"!
Se o
prometido se cumprisse a Rádio Nacional, que já liderava no rádio, certamente
dominaria o mercado da televisão. Era preciso fazer alguma coisa e já!
Transcrevo
a seguir o que escreveu Mário Lago em seu livro Bagaço de beira-estrada.
O autor de Bagaço de beira de estrada
“Numa dessas tantas viagens Assis Chateaubriand, no avião, conseguiu ocupar o acento ao lado de Juscelino, e levou a viagem inteira procurando demovê-lo da
loucura de dar o canal à Nacional.Entre sorrisos de clichê o presidente lhe
fez ver que já tinha empenhado a palavra, não podia recuar agora.
O velho
guerreiro não teve papas na língua: “Se Vossa Excelência der o canal de
televisão à Nacional, jogo toda a minha rede de rádio, imprensa e televisão
contra seu governo”. Juscelino balançou. Mas como bom mineiro, ficou
estrategicamente calado.
RESSACA E SOCO NO ESTÔMAGO.
O DRAGÃO MOSTRA A SUA CARA HORRENDA
Juscelino vence as eleições e toma posse. A Rádio Nacional
seguiu liderando e parecia ter prestígio junto a Juscelino, noticiando as ações
de seu governo, transmitindo trechos de discursos, não fosse a estação uma
emissora pertencente ao Patrimônio da União. Tanto que deu apoio à montagem da
Rádio Nacional e da TV Nacional de Brasília. A emissora de rádio foi montada em
tempo recorde: quatro meses e foi
inaugurada em 1958, enquanto a de televisão foi ao ar no dia da fundação de
Brasília: 21 de abril de 1960, mandando imagens da inauguração. No Rio, a
direção da Nacional imaginava ter prestígio com JK.
Não tinha.
Na ressaca das
festanças da inauguração, o presidente bossa-nova
mandou às favas o próprio despacho de 18 de julho de 1956 e entregou o canal 4
a Roberto Marinho, que rindo até as orelhas inauguraria em 1965 a televisão
Globo,
Canal 4!
Jornalista Roberto Marinho
Jornalista Assis Chateaubriand
Edifício sede da Rádio Nacional:
decepção do 19 ao 22o. andar
Juscelino ficou bem com Chateaubriand e com Marinho, duas
respeitadas feras dos veículos de comunicação deste país, mas a decisão foi um
soco no estômago da emissora da Praça Mauá.
Apresentador Cesar de Alencar, cantora Ester de Abreu e
Floriano Faissal.
Este, diretor da Nacional, chegou a anunciar no famoso programa: "a TV Nacional estará breve no ar"!
Entre diretores e funcionários o
desalento foi total. Eu trabalhava lá nessa época e testemunhei os fatos. Houve
uma enorme frustração. Um clima de velório nos corredores. Finalmente o dragão mostrava a sua cara
horrenda.
Mas a emissora reagiu, superou-se e seguiu na liderança,
embora se notasse um progressivo desgaste em sua estrutura.
A queda ocorreria
anos depois, em 1964, após o movimento militar. Mas isto é outra história.
Progressivamente a
Nacional iniciou um processo de decadência.
Enquanto, progressivamente, a Nacional iniciava um processo de decadência...
...ascendia a TV Globo com sua primeira logomarca no ar.
Mas isso é outra história.
E então, gostou desta postagem? Mande comentários. Meu objetivo é preservar a memória do velho rádio!
Até breve!
Roberto Salvador
Tanta Historia Parabens Roberto Salvador que orgulho de Profissional.Bjks
ResponderExcluirObrigado por seu comentário. Continue a nos prestigiar!
ExcluirParabens otima Reportagem.
ResponderExcluirObrigado por seu incentivo!
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