O bar da Rádio Nacional na cobertura do Edifício A Noite: do andar 22 ,vista para um Centro diferente do de hoje
De sua varanda se via parte do centro da cidade, a baia de Guanabara, o cais do porto do Rio de Janeiro e como o gabarito dos prédios do Centro nos anos 40 e 50 era baixo dava para ver as barcas que ligavam o Rio a Niterói e os aviões descendo no aeroporto Santos Dumont.
O ambiente no bar, naturalmente
era descontraído e após uns drinques ficava melhor ainda. Conversa fora jogada em
mesa de bar eis que surgiam alguns
apelidos para os artistas dados pelos próprios
colegas. Geralmente irreverentes,uns pegavam, outros não. Se você
conhecer o artista, vai sentir que o apelido se encaixa como uma luva. De
alguns eu tenho a explicação, mas não me peçam para esclarecer a origem de outros. Vejamos:
Wilson Batista era o Virilha.
Não me perguntem por quê.
Orlando Silva cercado por pequenas fãs.
O cantor das multidões no programa de Paulo Gracindo
tinha também o curioso apelido de Suvaco.
O talentoso cantor Ciro Monteiro: Formigão
Dolores Duran querida dos colegas,
mas não escapou de um apelido:
Caxumba.
Ataulfo Alves era o Urubu Malandro,
por seu andar gingado e cadenciado,
O locutor Afrânio Rodrigues,
aquele que narrava o “Edifício balança, mas não cai” certa vez entrou no bar e
amigos exclamaram:
-Chegou o “chão de garagem”!
É que Afrânio usava muito Gumex
no cabelo. (Duralex, sed-lex, no cabelo
só Gumex” lembram-se desse comercial?).
Francisco Alves :
“Carne
assada” ou “Chico Duro", não abria mão para pagar nada para os
amigos.
Alguns apelidos eram tão maldosos
e encerravam tamanha dose de preconceito que nos dias atuais, creio, seria
processado quem os propagasse. Exemplo: o do cantor Black-Out era “Negativo de Fotografia”.
Black-Out: campeão dos carnavais
Enquanto Evaldo Rui era o
“Espanador da lua”, Gilberto Milfont, por sua baixa estatura era o “Jóquei de
Cabrito.”
Evaldo Rui
Gilberto Milfont
Esta também se passou no bar da
Nacional. Certa noite sentaram-se a uma mesa, Renato Murce e Fernando Lobo, dois grandes produtores,
sendo que o Fernando é o pai de Edu Lobo, uma das glórias da música brasileira
e Murce criador de Piadas do Manduca, Papel Carbono e outros sucessos. Pois
bem, pediram um Whisky com gelo.
Fernando era uma excelente pessoa e
muito brincalhão. O garçom, solícito trouxe os copos, a garrafa e um balde com gelo. Quando colocou as primeiras
pedras no copo de Murce, exclama para o companheiro:
-Você vai consumir este gelo,
Renato? Este gelo é de ontem!
O pobre garçom, espantado, sem
nada entender, acabou caindo na gargalhada no que foi acompanhado por Renato.
Este fato está no livro Bastidores do Rádio, que Renato
Murce escreveu, mas Fernando Lobo, todas
as vezes que contava esta história a atribuía a Renato.
Fernando Lobo
Renato Murce com seu importante livro
Castro Barbosa e Lauro Borges:
No ar a PRK-30!
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni
Bem, esta não aconteceu no bar da
Nacional, mas poderia ter acontecido e é contada por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, no prefácio do excelente livro de Paulo
Perdigão sobre a PRK-30. Vamos transcrever o trecho em que Boni se refere a
Lauro Borges.
O Lauro era um eterno brincalhão. Quando entrava em um restaurante,
sentava à mesa e dizia para o garçom:
-Quer me chupar os nabos, por
favor?
E os garçons, atônitos, perguntavam:
- O que o senhor disse?
E ele dizia:
Guardanapos, por favor.
Um dia, no Hotel da Bahia, ele repetiu a brincadeira:
-Quer me chupar os nabos, por
favor?
E para surpresa de Lauro, o garçom respondeu:
Chupo, sim, senhor, O senhor é o Lauro Borges, e eu o considero o maior
humorista do Brasil. Para homenageá-lo, eu faço qualquer coisa.
Pela primeira vez na minha vida eu vi o Lauro Borges sem graça.
Na época radioator mirim Abelardo Santos contou-me que a chegada da
cantora Marlene ao bar era apoteótica.
Marlene: apoteótica também na vida real
Antes de adentrar no salão, se via alguma amiga sentada a uma mesa,
dava um oh! Abria os braços como se fosse uma estrela entrando num palco. Todos
paravam para olhar e morriam de rir com o histrionismo da rainha do
Rádio.Marlene era muito alegre.Concluiu Abelardo
Cantora Marion, Gerdal Santos
e ao fundo de camisa vermelha, Abelardo Santos.
Meu pai chegou pra mim e disse, Abelardinho, você está trabalhando,
praticamente para comer pêssego em calda com Catupiry! Dê um jeito nisso!
Cantora Nora Ney
Te pago o lanche, desde que você peça ao garçom: Televisão, (apelido do
garçom) me serve um pudim? E Alayde,
então, atendia:
Oh, Televissão me serve um putim?
Alaíde Costa, precursora da bossa-nova
ainda nos encanta com sua voz
Roberto Salvador, autor deste blog
E então amigos, gostaram desta postagem? Mandem seus comentários.Contamos com vocês para preservarmos a memória de nosso velho rádio!
Microfone dos anos 40 e 50.
Rádio de válvulas dos anos 40.
Até a próxima!!
Adoro recordar o que se passava nos meustempos de adolescencia.Tudo era mais puro.
ResponderExcluirAo nosso grande mestre de cerimônias da vida, o nosso aplauso e o nosso carinho. Saudade , mas saudade bonita de tudo isso que você faz reviver nos nossos corações!!!!! Tania e Tarquínio.
ResponderExcluirExcelente relato de uma época em que o autor nos apresenta com maestria o alicerce do que conhecemos hoje como rádio e tv.
ResponderExcluirUm livro que todos devem ler.
É cultura. É entretenimento. É história.