A QUERIDA ZEZÉ MACEDO, FEZ RÁDIO, TEATRO, CINEMA E TV.
Roberto Salvador
Zezé Macedo,
primeira à esquerda em cena de filme nos anos 50.
Zezé Macedo, cujo nome verdadeiro era Maria José Macedo nasceu em Capivari, atual
cidade fluminense de Silva Jardim no interior do Estado do Rio de Janeiro, no
dia 6 de maio de 1916. Queria ser atriz e ainda muito criança já atuava em peças de colégio. Sua estreia no palco de um teatro foi aos 5
anos de idade, com o papel principal na peça infantil “As Pastorinhas”, mas aos
15 anos desistiu da aventura de atuar, para se casar com o mecânico Alcides
Manhães. Mas retomou a carreira artística quando seu filho único morreu, apenas
com 1 ano de idade, ao cair do colo da sogra. A mãe entrou em choque, gritando
desesperada e nunca mais sua voz voltou ao normal. Sua voz esganiçada era uma triste
marca. Ela nunca mais teria filhos.
Mas Zezé fez do limão uma limonada e foi em frente.
Zezé, jovem:
talento precoce que a vida judiou.
Veio tentar a vida no Rio e como o rádio era o veículo da
época, com a cara e a coragem se candidatou a um emprego na Rádio Tamoio, passando a trabalhar na década
de 1940 como secretária do novelista Dias Gomes, um dos diretores da emissora. Não
demorou muito e foi enfrentar o microfone, firmando seu tipo cômico nesta mesma rádio, no programa
“Lar doce Lar”. E depois conseguiu uma
chance para recitar poemas aos domingos ainda na Tamoio. Veio dai seu gosto pela poesia.
Dias Gomes era diretor da Rádio Tamoio
e lançou Zezé no Rádio em 1940
No Rio de Janeiro, tentou o teatro estreando na Companhia de
Walter Pinto, uma das mais importantes da época. Mas não deixou a Tamoio onde
redigia e lia crônicas sobre a
participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, isso em 1944.
Walter Pinto empresário do teatro de revistas, viu na feiura de Zezé Macedo grande potencial histriônico
Celso Guimarães, paletó branco, ensaia o radioteatro.
Zezé Macedo, terceira da direita para esquerda entre Renato Murce e Osvaldo Elias. Zezé atuou em programas humoristicos por cinco anos na Nacional.
Os papéis
cômicos eram o seu forte e foi chamada pela TV Tupi para ser uma criadinha
divertida na novela “Eu, a Mulher e os Filhos”.
Watson Macedo:
diretor de grande parte dos filmes em que Zezé atuou.
Anos 50 e 60:
as chanchadas da Atlântida atraiam grande publico.
Filas dos cinemas davam voltas no quarteirão.
Zezé tornou-se em seguida uma das principais estrelas do cinema
nacional, tendo estreado com “O Petróleo é Nosso”, de Watson Macedo, em 1954,
onde fazia uma doméstica. Em “De Vento em Popa” (1957), seu filme favorito, ela
deixou de ser a empregadinha para usar joias caríssimas, roupas extravagantes e
cantar trechos de ópera, na pele de uma socialite perseguida por Oscarito. Zezé Macedo
já havia feito em sua carreira artística
personagens diversos. Ela passou a ser considerada. Sim, as chanchadas da Atlântida lhe trouxeram fama.
Para Oscarito Zezé era a melhor comediante do Brasil.
Grande Otelo dizia que ela era o Charles Chaplin de saias.
Foram 108 participações cinematográficas ao longo de sua
carreira, uma de suas últimas aparições na telona foi em “As Sete Vampiras”, de
Ivan Cardoso.
Seu segundo casamento foi com o cantor da Companhia Gomes
Leal , Victor Zambito. Estiveram juntos 38 anos e não tiveram filhos. Zezé
dedicou-se ainda à poesia, com quatro livros publicados, um deles, “A Menina do
Gato” (1997), que foi o primeiro livro editado pelo Sindicato dos Artistas.
Zezé e um de seus personagens impagáveis
Atriz, vitoriosa, contudo sofreu por não poder escapar dos esterótipos
Na Escolinha do professor Raymundo
Personagens da Escolinha. Onde está Zezé?
Personagem inesquecível
Em O homem do Sputnik com Oscarito
Pequena, franzina, de
olhos grandes e expressão debochada.
No cinema consagrou-se com personagens
como a empregada ignorante, a caipira falastrona e a mulher rejeitada pela
carência de atributos físicos.
A atriz Betty Gofman, acaba de fazer nova montagem de “A
vingança do espelho” peça que mostra o lado trágico de Zezé. “Zezé
Macedo sofreu um grande bullying a vida inteira declarou a
atriz em recente reportagem ao jornal O Globo. Só a chamavam para fazer papeis
que debochavam de sua voz e de sua feiura. Quanto mais envelhecia mais sofria
por ter que viver às custas disso. Em seu poema “A vingança do espelho” ela
fala do assunto: se olhar no espelho e por causa da velhice, não se reconhecer,
concluiu a atriz Betty Gofman.
Faleceu no dia 8 de outubro de 1999 aos 85 anos, vítima de
uma hemorragia cerebral, seu corpo foi cremado no cemitério São Francisco
Xavier, no Rio de Janeiro, e as cinzas jogadas no jardim do prédio onde morava.
Mas Zezé Macedo, recordista de filmes nacionais, vitoriosa,
importante e a frente de seu tempo,
carrega uma tristeza lá no fundo de seu coração, pois artista nenhum merece
viver a vida confinado o tempo todo a um estereótipo.
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Grande abraço!
Excelente matéria! Embora seja muito triste a história dessa grande atriz. Muitas vezes as pessoas se esquecem que por de trás de um personagem existe um ser humano sensível. Que essa guerreira descanse em paz!
ResponderExcluirVerdade Nana! Belo comentário! Grande abraço e obrigado!
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