quarta-feira, 21 de novembro de 2018

TRIBUTO AO TALENTO DE ZEZÉ MACEDO



A QUERIDA ZEZÉ MACEDO, FEZ RÁDIO, TEATRO, CINEMA E TV.
Roberto Salvador

Zezé Macedo, 
primeira à esquerda em cena de filme nos anos 50.

Zezé Macedo, cujo nome verdadeiro era  Maria José Macedo nasceu em Capivari, atual cidade fluminense de Silva Jardim no interior do Estado do Rio de Janeiro, no dia 6 de maio de 1916. Queria ser atriz e ainda muito  criança já atuava em peças de colégio.  Sua estreia no palco de um teatro foi aos 5 anos de idade, com o papel principal na peça infantil “As Pastorinhas”, mas aos 15 anos desistiu da aventura de atuar, para se casar com o mecânico Alcides Manhães. Mas retomou a carreira artística quando seu filho único morreu, apenas com 1 ano de idade, ao cair do colo da sogra. A mãe entrou em choque, gritando desesperada e nunca mais sua voz voltou ao normal. Sua voz esganiçada era uma triste marca. Ela nunca mais teria filhos.
Mas Zezé fez do limão uma limonada e foi em frente.

Zezé, jovem:
 talento precoce que a vida judiou.

Veio tentar a vida no Rio e como o rádio era o veículo da época, com a cara e a coragem se candidatou a um emprego na  Rádio Tamoio, passando a trabalhar na década de 1940  como secretária do novelista  Dias Gomes, um dos diretores da emissora. Não demorou muito e foi enfrentar o microfone, firmando  seu tipo cômico nesta mesma rádio, no programa “Lar doce Lar”. E depois  conseguiu uma chance para recitar poemas aos domingos ainda na  Tamoio. Veio dai seu gosto pela poesia.
Dias Gomes era diretor da Rádio Tamoio
 e lançou Zezé no Rádio em 1940

No Rio de Janeiro, tentou o teatro estreando na Companhia de Walter Pinto, uma das mais importantes da época. Mas não deixou a Tamoio onde redigia e lia crônicas  sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, isso em 1944.
Walter Pinto empresário do teatro de revistas, viu na feiura de Zezé Macedo grande potencial histriônico

Celso Guimarães, paletó branco, ensaia o radioteatro. 
Zezé Macedo, terceira da direita para esquerda entre Renato Murce e Osvaldo Elias. Zezé  atuou em programas humoristicos por cinco anos na Nacional.


 Os papéis cômicos eram o seu forte e foi chamada pela TV Tupi para ser uma criadinha divertida na novela “Eu, a Mulher e os Filhos”.

Watson Macedo: 
diretor de grande parte dos filmes em que Zezé atuou.


Anos 50 e 60:
 as chanchadas da Atlântida atraiam grande publico.
 Filas dos cinemas davam voltas no quarteirão.

Zezé tornou-se em seguida uma das principais estrelas do cinema nacional, tendo estreado com “O Petróleo é Nosso”, de Watson Macedo, em 1954, onde fazia uma doméstica. Em “De Vento em Popa” (1957), seu filme favorito, ela deixou de ser a empregadinha para usar joias caríssimas, roupas extravagantes e cantar trechos de ópera, na pele de uma  socialite perseguida por Oscarito. Zezé Macedo já havia feito em  sua carreira artística personagens diversos. Ela passou a ser considerada. Sim, as chanchadas da Atlântida lhe trouxeram fama.


            Para Oscarito Zezé era a melhor comediante do Brasil.
        Grande Otelo dizia que ela era o Charles Chaplin de saias.

Foram 108 participações cinematográficas ao longo de sua carreira, uma de suas últimas aparições na telona foi em “As Sete Vampiras”, de Ivan Cardoso.
Seu segundo casamento foi com o cantor da Companhia Gomes Leal , Victor Zambito. Estiveram juntos 38 anos e não tiveram filhos. Zezé dedicou-se ainda à poesia, com quatro livros publicados, um deles, “A Menina do Gato” (1997), que foi o primeiro livro editado pelo Sindicato dos Artistas.
 
Zezé e um de seus personagens impagáveis


Atriz, vitoriosa, contudo sofreu por não poder escapar dos esterótipos




Na Escolinha do professor Raymundo





Personagens da Escolinha. Onde está Zezé?


 Era desde 1965 contratada da Rede Globo onde atuou em diversos programas humorísticos, entre eles: “Os Trapalhões”, “Viva o Gordo”, “Chico Anysio Show” sendo um de seus papéis mais conhecidos, a “Dona Bela” da “Escolinha do Professor Raymundo”, na TV Globo, no qual imortalizou o bordão “Só pensa… naquilo!”. Outra personagem muito conhecida era a “Biscoito” do “Chico Anysio Show”.
Personagem inesquecível



Em  O homem do Sputnik com Oscarito




Pequena,  franzina, de olhos grandes e expressão debochada.

 No cinema consagrou-se com personagens como a empregada ignorante, a caipira falastrona e a mulher rejeitada pela carência de atributos físicos.

A atriz Betty Gofman, acaba de fazer nova montagem de “A vingança do espelho” peça que mostra o lado trágico de Zezé. “Zezé Macedo  sofreu um grande bullying a vida inteira declarou a atriz em recente reportagem ao jornal O Globo. Só a chamavam para fazer papeis que debochavam de sua voz e de sua feiura. Quanto mais envelhecia mais sofria por ter que viver às custas disso. Em seu poema “A vingança do espelho” ela fala do assunto:  se olhar no espelho e por causa da velhice, não se reconhecer, concluiu a atriz Betty Gofman.

Faleceu no dia 8 de outubro de 1999 aos 85 anos, vítima de uma hemorragia cerebral, seu corpo foi cremado no cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, e as cinzas jogadas no jardim do prédio onde morava.

Mas Zezé Macedo, recordista de filmes nacionais, vitoriosa, importante e  a frente de seu tempo, carrega uma tristeza lá no fundo de seu coração, pois artista nenhum merece viver a vida confinado o tempo todo a um estereótipo.


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Para saber mais leia nosso livro!

Grande abraço!







2 comentários:

  1. Excelente matéria! Embora seja muito triste a história dessa grande atriz. Muitas vezes as pessoas se esquecem que por de trás de um personagem existe um ser humano sensível. Que essa guerreira descanse em paz!

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  2. Verdade Nana! Belo comentário! Grande abraço e obrigado!

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