Roberto Salvador
MAIS HISTÓRIAS DO BAR DA RADIO NACIONAL.
MAIS HISTÓRIAS DO BAR DA RADIO NACIONAL.
Vou
continuar narrando histórias que presenciei ou ouvi e que foram vividas no
bar-restaurante da Nacional, ambiente frequentado por artistas e funcionários
naqueles anos dourados do rádio e que ficava no vigésimo segundo andar do Edifício A Noite.
Artistas no bar da Rádio Nacional:
descontração e muitas histórias.
Artistas no bar da Rádio Nacional:
descontração e muitas histórias.
AS FORMIGAS
ATACAM !
Na hora do
jantar daquele dia, no restaurante, Edmo
do Valle era só alegria e recebia os cumprimentos de diversos companheiros. Mas
antes quero explicar quem foi Edmo do Valle.
Edmo do Valle, pioneiro da Nacional, especializou-se em produzir ruídos que enriqueciam as novelas.
Foi um dos grandes nomes do
radioteatro da emissora, nos anos 40,50 e 60. Notabilizou-se como contrarregra,
ou seja, aquele profissional encarregado de produzir efeitos sonoros nas novelas.
Extremamente criativo, fabricava instrumentos capazes de produzir ruídos, que
imitando a realidade, faziam o ouvinte
imaginar a cena que os atores viviam. Mas voltando à história que quero contar. Edmo estava feliz em uma das mesas do bar, pois acabara de ir ao ar o capítulo de uma novela
de aventuras no qual, após uma tremenda briga, o vilão
atira o mocinho num poço cheio de ferozes e famintas formigas. O script
pedia: ruído de formigueiro. Formigas
atacam o homem que grita desesperado.
Édmo que era
um gênio da contrarregra das novelas passou boa parte da tarde buscando um
ruído que transmitisse aos ouvintes a ideia
de um formigueiro. O tempo passava e finalmente o lampejo do gênio: Édmo
colocou um comprimido de Alka-Seltzer num copo d’água e fez o teste diante de um microfone. Eis que
alguém sugere: - que tal uma Coca-Cola ?
O resultado
sonoro foi melhor ainda com o refrigerante! Na hora da cena, lá estava Edmo
produzindo o ruído que se tornou famoso.
Logo, logo,
vários autores passaram a escrever cenas
que incluíam formigueiros. Edmo recebia os abraços, enquanto tomava ... uma
Coca-Cola, sem Alka-Seltzer.
Estúdio, inaugurado no final de 1952: uma casa com todos os apetrechos destinados à produção de efeitos sonoros que despertavam a imaginação dos ouvintes. Edmo do Valle, junto com outros profissionais, ajudou em sua construção.
Estúdio, inaugurado no final de 1952: uma casa com todos os apetrechos destinados à produção de efeitos sonoros que despertavam a imaginação dos ouvintes. Edmo do Valle, junto com outros profissionais, ajudou em sua construção.
Atores em ação no moderno estúdio de radioteatro. Ao fundo o cenário de uma casa com apetrechos destinados à produção dos ruídos.
LENDO O
SCRIPT DE CABEÇA PARA BAIXO.
Roberto
Faissal foi um dos radioatores mais completos que conheci. Uma das mais belas
vozes do rádio, tinha uma capacidade de leitura impressionante pela segurança.
Era capaz de
ler páginas e páginas de um “bife” sem errar. Esclareço para quem não sabe, que
chama-se “bife” em rádio ou TV aquelas
falas imensas, verdadeiros monólogos,
verdadeiros desafios para o ator.
Roberto Faissal, linda voz:
de galã de radionovelas a teleator, com passagem pelo cinema.
Pois Roberto, com apenas um ensaio, ia para o microfone, ao vivo, dava um banho. Possuía o que se costuma chamar de “queda de leitura”. Que implica em ler sem errar, sem falhar na interpretação e sem se perder no meio do texto. Podia tirar os olhos do papel por dois segundos e voltar, retomando a leitura exatamente no trecho que interrompera.
Roberto Faissal, linda voz:
de galã de radionovelas a teleator, com passagem pelo cinema.
Capa do Long-play em que Faissal lê a passagem do Evangelho do Sermão da Montanha: campeão de vendas nos anos 60.
Pois Roberto, com apenas um ensaio, ia para o microfone, ao vivo, dava um banho. Possuía o que se costuma chamar de “queda de leitura”. Que implica em ler sem errar, sem falhar na interpretação e sem se perder no meio do texto. Podia tirar os olhos do papel por dois segundos e voltar, retomando a leitura exatamente no trecho que interrompera.
Heron Domingues:
impressionante "queda de leitura".
Quem tinha
também essa facilidade era Heron Domingues, o Repórter Esso da Rádio Nacional.
Uma vez vi Heron, no meio do Esso, fazer a revisão de uma nota que chegara à
ultima hora. Enquanto lia o comercial,
ia fazendo anotações na notícia final que eu acabara de lhe entregar em pleno
ar ! Quando acabou de ler o comercial, como de hábito, com voz pausada, encheu
os pulmões e falou: -E eis a última notícia!
Isso valeu a
Heron conquistar os telespectadores da TV Rio, para onde se transferiu nos anos
60. É que ele lia o noticiário quase sem
olhar para o roteiro. Chamo a atenção para o fato de que naqueles tempos ainda
não haviam criado o teleprompter e a maioria locutores olhava mais para o texto
do que para a câmera.
O mais famoso noticiário radiofônico de todos os tempos
Mas voltemos a Roberto Faissal. Sua queda de leitura era famosa. O radioator Walter Alves me contou que
certa vez Roberto apostou um almoço com Domício Costa que leria um trecho de um
“bife” de novela, com o script de cabeça para baixo, sem errar!
Roberto
ganhou a aposta. E naquele dia estava comemorando a vitória no restaurante da
Nacional. Floriano, seu irmão, que era o diretor do radioteatro, não preciso
dizer, não gostou nada dessa brincadeira, embora o programa fosse previamente
gravado.
NA APOSTA
ENTRE JESUS CRISTO E JUDAS NÃO HOUVE VENCEDOR.
Mas Luís
Manuel me conta uma outra versão para essa história de ler o script de cabeça
para baixo
È que todo o
ano se elegiam os melhores do rádio. E o título de melhor ator, ora ia para
Roberto Faissal, ora para Domício Costa. Ambos eram muito bons. Lembrando que
Roberto fora Jesus Cristo em O romance
da eternidade e Domício, o Judas. Ambos eram extremamente versáteis e atores de
primeira linha. Certa vez resolveram
fazer uma aposta. Vamos ao relato de Luís Manuel:
Ia haver uma
gravação de um diálogo entre os dois, para ser incluída em um programa.
Apostaram então em interpretar com o script de cabeça para baixo. Haveria
direito a ensaio e tudo mais. E foram para o estúdio. E ambos gravaram sem
errar!
Na aposta
entre Cristo e Judas, não houve vencedor.
Luis Manuel começou fazendo radionovelas as 11 anos de idade.
Hoje é diretor de dublagem
Roberto Faissal e Domício Costa:
disputa entre talentos não teve vencedor.
O GALÃ
VENDEDOR DE ENCICLOPÉDIAS
No início de
sua carreira, nos anos 40, Roberto Faissal
trabalhava apenas um turno na rádio. Tratou, então de arranjar alguma
coisa para cobrir o tempo ocioso e ganhar um dinheiro extra. E teve uma ideia
interessante: ficou rapidamente famoso e recebia um pacote de
cartas de ouvintes todas as semanas. Passou, então a selecionar criteriosamente
as cartas, pela qualidade da caligrafia e do texto. Identificava ai um
comprador em potencial. Dirigia-se ao endereço da missivista e lá tentava vender
as coleções de enciclopédias. Foi um sucesso! As donas de casa quando
reconheciam a voz do ídolo, não só compravam as obras como chamavam as vizinhas
que compravam também !
Naquele dia,
no restaurante, Roberto estava comemorando sua nomeação para gerente de vendas
da editora e segundo ele, como tal, chegou a ganhar mais dinheiro do que como
artista. Verdade?
PAPO NO TERRAÇO
O papo do bar as vezes se prolongava no magnifico terraço do edifício A Noite. Aqui estão Paulo Gracindo, Isis de Oliveira, Roberto Faissal, Eurico Silva, Yara Sales e Floriano Faissal. O assunto deveria ser "O Direito de nascer" pois estes eram os principais atores da famosa novela.
E então gostaram das histórias?
Mande sua opinião!
Nosso objetivo é preservar a memória do nosso rádio!
Roberto Salvador
E para saber mais, leia o livro!
Até breve!
PAPO NO TERRAÇO
O papo do bar as vezes se prolongava no magnifico terraço do edifício A Noite. Aqui estão Paulo Gracindo, Isis de Oliveira, Roberto Faissal, Eurico Silva, Yara Sales e Floriano Faissal. O assunto deveria ser "O Direito de nascer" pois estes eram os principais atores da famosa novela.
E então gostaram das histórias?
Mande sua opinião!
Nosso objetivo é preservar a memória do nosso rádio!
Roberto Salvador
E para saber mais, leia o livro!
Até breve!
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