Edgard Roquette-Pinto: sábio, idealista e grande brasileiro.
EDGARD
ROQUETTE-PINTO,
UM SÁBIO.
UM GRANDE BRASILEIRO.
UM SÁBIO.
UM GRANDE BRASILEIRO.
Ao visitarmos 7 de Setembro de 1922, ano da primeira transmissão radiofônica ,não podemos falar dos 95 anos do rádio no Brasil, sem lembrar a figura de seu fundador. Mestre Roquette não foi apenas o pioneiro que trouxe o rádio para o nosso país, mas também por ser quem percebeu o valor da nova tecnologia para desenvolver a cultura e a educação.
Tanto assim que, ao escrever: "pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil", estava lançando um lema que nortearia todas as suas ações ao lidar com o novo veículo. Era com esta frase que as transmissões da emissora que criou entravam e saiam do ar.
QUEM FOI ROQUETTE-PINTO
Foi médico,
antropólogo e educador, nascido no Rio
de Janeiro, fez de tudo. Porém o mais marcante foi ser o pioneiro da radiofonia
e da televisão no Brasil.
Era filho de
Manuel Menelio Pinto e Josefina Roquette-Pinto Carneiro de Mendonça, graduou-se
em medicina em 1905 pela Faculdade
Nacional de Medicina.
O jovem Roquette-Pinto aos 28 anos com os índios nhambiquaras.
Rondon e sua expedição em 1912. Foto feita por Roquette.
Um de seus primeiros trabalhos, quando ainda muito jovem
com 28 anos e 7 de formado, foi embrenhar-se pelo interior do Brasil e juntamente
com outro grande pioneiro, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon quando
filmou os índios nhambiquaras. Seria a famosa Missão Rondon . Ainda
hoje há registros de fotos e filmes desse importante trabalho cientifico.
Também realizou estudos sobre os sambaquis,
depósitos arqueológicos no litoral do Rio Grande do Sul e ensinou história
natural na Escola Normal do Rio de Janeiro em 1916 e fisiologia na Universidade
Nacional do Paraguai em 1920. Homem empreendedor e de múltiplas atividades,
interessou-se pelo progresso tecnológico dos meios de comunicação de massa.
OLHA O RÁDIO
NASCENDO NO BRASIL!
No ano em que se comemorou o I Centenário da Independência do Brasil, 1922, ocorreu no Rio de
Janeiro, por ser, na época, a capital federal, uma grande feira internacional,
que recebeu industriais e empreendedores do mundo inteiro. Foi no novo centro
da cidade, no que hoje é a Esplanada do Castelo, parte aterrada da baia de
Guanabara, produto do desmonte do morro do Castelo.
Instalações da Exposição do Centenário da Independência. Pela posição do Pão de Açúcar, tente localizá-la nos dias de hoje no Centro da cidade.
Vista aérea do Centro do Rio de Janeiro em 1922.
Veio gente do mundo todo,
inclusive visitas de empresários
americanos trazendo uma nova tecnologia de radiodifusão para demonstrar na
feira, que nesta época era o assunto principal nos Estados Unidos. Era o rádio
tentando conquistar seu espaço. E assim o Brasil conheceu, em 1922, o rádio, no
mesmo momento em que ele era apresentado ao mundo.
Estação de telefonia no alto do Corcovado, ainda sem a estátua do Cristo Redentor, aproveitada para a primeira transmissão de rádio em Setembro de 1922.
Obras de instalação da Rádio Sociedade: Mestre Roquette supervisiona.
Para testar
esse novo e extraordinário meio de comunicação, os americanos instalaram
uma antena no pico do morro do Corcovado (onde atualmente é o Cristo Redentor).
Os equipamentos eram transmissores Westinghouse e General Electric .
Presidente Epitácio Pessoa e Roquette.
A primeira
transmissão radiofônica no Brasil foi um discurso do presidente Epitácio
Pessoa, que foi captado em Niterói, Petrópolis e em toda a serra fluminense, além São
Paulo, onde foram instalados aparelhos receptores. A reação de Roquette-Pinto a
essa tecnologia foi: "Eis uma máquina importante para educar nosso povo’.
Depois da
primeira transmissão no Brasil, Roquette-Pinto tentou convencer o Governo
Federal a comprar os equipamentos apresentados na Feira Internacional.
Noticia na imprensa.
Academia Brasileira de Ciências: sede da Rádio Sociedade.
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro:
reunião dos pioneiros da radiofonia brasileira.
O cientista Henrique Morize: grande colaborador de Roquette-Pinto.
Para o bem
da comunicação do Brasil ele não desistiu, e conseguiu convencer a
Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos. Foi assim criada a
primeira rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1922, e
dirigida por Roquette-Pinto - atual Rádio MEC.
A esse empreendimento juntaram-se outros colegas também cientistas,
entre eles Henrique Morize.
O nome Rádio Sociedade surgiu porque aqueles jovens se cotizavam e contribuíam mensalmente com recursos para manter a emissora funcionando.
O grupo de
professores, além do dinheiro que davam, fazia de tudo na programação da emissora. Convidados liam poesias
e se podiam ouvir recitais de piano,
violão e canto. Os discos tocados na programação eram de
propriedade dos próprios cientistas. Assim realizavam o seu interessante e pioneiro
trabalho.
Outra foto da equipe que fundou a primeira estação de rádio do Brasil
No ar, Beatriz Roquette-Pinto, a filha:
uma das primeiras locutoras de rádio do Brasil
O próprio
Roquette, líder do grupo, todas manhãs ia para o microfone e lia os jornais do dia e comentava as notícias.
Como era um homem de boa voz e profundos conhecimentos, sempre tinha algo
interessante a acrescentar àquele fato do cotidiano carioca.
Mestre Roquette apresenta o Jornal da Manhã:
noticias do cotidiano e comentários inteligentes.
Foto histórica:
grupo de cientistas na Academia Brasileira de Ciências funda a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923.
Chamava-se Jornal
da Manhã. No radiojornalismo atual pode-se facilmente perceber o toque de mestre
Roquette-Pinto. Entre 1923 e 1936 as coisas se passavam assim. Mas o grupo de
idealistas enfrentava sérias dificuldades financeiras para manter a Rádio
Sociedade. Depois de muito relutar, o grupo sempre liderado por Roquette não
teve alternativa se não legar a emissora ao governo. A emissora foi então doada ao governo federal e transformada
na Rádio Ministério da Educação em 1936. Em emocionante solenidade, no momento da
entrega ao governo, Edgard
Roquette-Pinto declarou em seu discurso: “me sinto como o pai da noiva que a
leva ao altar e a entrega ao noivo”.
Antes disso
Roquette tornara-se diretor da Faculdade Nacional de Medicina em 1926 e seria
eleito para a cadeira de nº 17 da Academia
Brasileira de Letras no ano seguinte, na sucessão de Osório Duque-Estrada e foi
recebido no dia 3 de março de 1928 pelo acadêmico Aloísio de Castro.
Roquette não parava. Dedicou-se também a
Eugenia tanto que viria a presidir o I Congresso Brasileiro de Eugenia em 1929.
Porém fato curiosamente importante foi que já em 1929 participou das
primeiras demonstrações televisivas no Brasil!
Ele se
mantinha antenado (sem trocadilhos) com os fatos científicos mundiais. O rádio
surgiu no Brasil enquanto despontava no
resto do mundo.
Edgard
Roquette-Pinto, educador nato, fundaria em 1934 a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro,
depois Rádio Roquette-Pinto.
Emissora fundada por Roquette como Rádio Escola do Rio de Janeiro para fins educativos, transmitindo em AM. O AM foi desativado e hoje só funciona o FM com programação musical.
Deslumbrou as potencialidades educativas do cinema
e fundou com outro pioneiro, Humberto Mauro, em 1937 o Instituto Nacional do
Cinema Educativo, que dirigiu.
Humberto Mauro: pioneirismo no cinema brasileiro
Sempre viveu
na cidade do Rio de Janeiro, cidade onde também faleceu Em meio a tudo o que
fazia, ainda escrevia e em sua obra destacam-se Guia de antropologia em 1915,
Ensaios de antropologia brasileira de 1933, Samambaia de 1934 e Rondonia.
Alguns livros escritos por Roquette-Pinto
Sempre conectado com cientistas de todo o mundo, recebeu a visita de Einstein no Rio de Janeiro
Roquete e intelectuais da época:Manuel Bandeira (terceiro da esquerda para a direita em pé).Alceu Amoroso Lima (quinta posição), Dom Hélder Câmara (sétima posição),Sentados: Lourenço Filho, Roquette de branco e Gustavo Capanema.
Roquette-Pinto
também foi radioamador e participou de várias associações da categoria, como a
Liga dos Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (LABRE). Em 1937 sua estação detinha
o indicativo SB1
Eis ai um pouco da história deste grande brasileiro. O mês de Setembro é considerado o mês do Rádio. Se não vejamos: em 12 de Setembro de 1936 foi inaugurada a Rádio Nacional. Vinte e cinco de Setembro de 1935 é a data de inauguração da Rádio Tupi do Rio.Ainda em 25 de Setembro se comemora o nascimento de Roquette-Pinto. São portanto 81 anos de Rádio Nacional, 82 de Tupi e 133 anos de mestre Roquette. Ele tinha 38 anos quando viu a importância do invento de Marconi para o futuro da sociedade brasileira. Vislumbrou o rádio não apenas como uma diversão, mas um poderoso instrumento em favor da educação e da cultura. E além de tudo, encarava o rádio de forma nobre e especial, como podemos constatar por esta sua afirmação.
“O rádio é o jornal de
quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento do
pobre; é o animador de novas esperanças; o consolador dos enfermos; o guia dos
sãos, desde que o realizem com o espírito altruísta e elevado.”
Obrigado, amigos! Mandem suas opiniões sobre este blog. Queremos divulgar a história do nosso rádio! Conto com vocês!
Quer saber mais? Leia o livro A Era do Radioteatro.
ATE BREVE!
Bravo!!!
ResponderExcluirSou estudante de Jornalismo. Minha primeira faculdade aos 64 anos.
Muito agradecida por encontrar estas preciosas informações, do pai do radio brasileiro, o genial Roquette Pinto.
Abraços,
Rita Valente.