sábado, 17 de junho de 2017

MULHERES ARTISTAS DO RADIO MUSICAL E OUTRAS RAINHAS

AINDA MULHERES E O RÁDIO

Hoje falaremos das mulheres musicais e outras rainhas.
Algumas não se tornaram rainhas, é bom que se diga,  porém  reinaram no velho rádio enchendo de música  os auditórios e  as programações  das rádios dos anos 30 aos anos 60.


                             Auditório da Nacional:
                 templo dos grandes programas

             Programa Paulo Gracindo aos domingos: 
                   agitação e audiência garantida.


A VIDA DE ALGUMAS CANTORAS FAMOSAS

COMEÇANDO POR NORA NEY


Nora Ney e a amiga cantora portuguesa Esther de Abreu na Nacional. Rainha de quê?
Nora Nei no Programa de Manoel Barcelos.Não conseguimos identificar qual o seu titulo de rainha.



   A cantora Iracema Ferreira Maia, conhecida como Nora Ney, estreou em 1951 no programa Fantasia Musical, da Rádio Tupi, época em que adotou o nome artístico. Com inconfundível voz de contralto e pronúncia carregada, criou seu próprio estilo, diferente do que estava então em voga. Inicialmente cantava repertório estrangeiro, com o pseudônimo Nora May. Mais adiante, seria a primeira a gravar no Brasil o marco inaugural do gênero americano, Rock Around The Clock, sucesso de Bill Halley, em 1956.
Mas muito antes de ir para a  Rádio  Tupi, ela foi crooner do Copacabana Palace.  O sucesso  somente viria mesmo depois que foi para a  Rádio Nacional  onde se exibiu ao lado ao lado de Dóris Monteiro e Jorge Goulart, com quem se casaria  mais tarde vivendo eterna lua de mel por décadas. O primeiro disco, um 78 rpm de 1952, emplacou dois sucessos: Menino Grande, de Antônio Maria, e Ninguém me Ama, de Antonio Maria e Fernando Lobo. Foi uma das intérpretes mais assíduas das músicas de Antônio Maria. Gravou De Cigarro em Cigarro, de Luiz Bonfá, em 1952, colaborando para projetar o autor nacionalmente.  Nora e Jorge Goulart  fizeram  turnê pela União Soviética. Acontece que Jorge Goulart pertencia ao Partido Comunista. Isso foi fatal.
 Em 1964, por causa do regime militar, foram expulsos da Nacional. Ela e o marido saíram do Brasil , só voltando oito anos depois, quando ela  gravou o LP Tire o seu Sorriso do Caminho.
O casal reiniciaria  a carreira musical no Brasil,  já então nos tempos da televisão. E fizeram sucesso, pois possuíam um público cativo. O câncer de laringe que tirou a voz do marido a abateu, mas os dois continuaram juntos. Ela cantava e Jorge Goulart com play-back fazia mímica, pois não possuía mais voz.
Nora Ney morreria primeiro que o marido em 28 de Outubro de 2003 aos 82 anos no Hospital Samaritano no Rio de Janeiro. Goulart morreria em 2012.Viveram juntos, portanto, 52 anos.


Nora Ney e Jorge Goulart: 51 anos juntos e junto com o sucesso.



Casal de cantores: 
na alegria e no sucesso. Na saúde e na doença.




 ELIZETE CARDOSO
“A Divina”, “A Magnifica”, títulos que Elizete  colecionou, nasceu na Rua Ceará nº 5, na Estação de São Francisco Xavier, próxima ao  Mangueira  bairro do Rio de Janeiro. Veio de uma família de músicos e cantores, pois seu pai, Jaime Moreira Cardoso, era seresteiro e tocava violão. Sua mãe, Maria José Pilar, gostava de cantar. A família em geral, principalmente seu Tio Pedro, participava da vida musical da cidade, frequentand as sociedades dançantes da época, convivendo com grandes músicos em reuniões na casa de Tia Ciata berço do samba carioca.



Elizete era assim quando gravou seu primeiro sucesso nos anos 40.

Começou muito cedo, pois com apenas 5 anos, subiu no palco da antológica Sociedade Familiar Dançante Kananga do Japão e,  desenvolta, deixando todos surpresos, pediu para o pianista acompanhá-la na marchinha "Zizinha". Em 1930, aos dez anos, começou a trabalhar para ajudar a família. Foi balconista, peleteira, saponeteira e cabeleireira. No aniversário de seus 16 anos, a família se reuniu na casa de uma tia da adolescente, a Tia Ivone. Elizete não parou de cantar.
Por volta de 1938, adotou uma menina, Tereza Carmela, a quem criou como filha por toda a vida. Em 1939, casou-se com Ari Valdez, o Tatuzinho, comediante e músico cavaquinista, com quem teve seu único filho legítimo, Paulo César Valdez. O casamento durou pouco, pois Tatuzinho, segundo ela própria, tinha problemas mentais. Era uma ótima pessoa, mas tinha "um parafuso a menos", segundo o amigo e violonista Luís Bittencourt.



Evaldo Rui: 
problemas depressivos o levaram ao suicídio.
 Mas Elizete não teve culpa. Evaldo, irmão de Haroldo Barbosa, era compositor e produtor


Em 1954, Elizete sofreu duro golpe: Evaldo Rui , seu namorado, suicidou-se. A imprensa explorou o envolvimento amoroso dela , já então cantora famosa, com o compositor, apesar dos familiares de Evaldo insistirem que ela nada teve a ver com o suicídio de Evaldo. No final de 1954,  estava no auge, cantando em estações de rádio e gravando. Foi quando sofreu intervenção cirúrgica, por causa de uma crise de apendicite aguda. Mas recuperou-se a voltou ao sucesso.



                              Elizete Cardoso e Cyro Monteiro:
      desentendimentos sobre a capa do disco que                                    gravaram juntos.


  Em 1966, viveu uma polêmica com o cantor Cyro Monteiro, que, depois de gravar um LP a seu lado, programou alguns shows que ela não aceitou, por causa dos baixos cachês. O cantor ficou mais magoado quando, na capa do LP, viu que sua foto era menor que a dela. Esse incidente ainda atiçou a rivalidade entre ela e Elis Regina. Elizete se apresentava no mesmo programa de Ellis Regina,




Ellis Regina não era fácil!

Bossaudade da TV Record. A “Pimentinha”  que  via em Elizete uma rival (sem motivos)  resolveu tomar as dores de Cyro Monteiro. Resultado:  acabou     recebendo um carão de Elizete "Se você não quer me respeitar como cantora, não precisa respeitar. Mas exijo que me respeite como mulher. Tenho idade para ser sua mãe!"
Elizete e Silvio Caldas: 
encontro no auditório da Rádio Nacional



Elizete e amigos: Tostão, Pelé e Jair Rodrigues.

Em 1987, quando estava em uma excursão no Japão, os médicos japoneses diagnosticaram um câncer no estômago, que obrigou a cantora a uma cirurgia.




 Apesar disso, a doença ainda a acompanharia durante os três últimos anos de vida. A cantora faleceria  às 12h28 do dia 7 de maio de 1990, na Clínica Bambina, no bairro carioca de Botafogo. Foi velada no Teatro João Caetano, onde compareceram milhares de fãs. Foi sepultada, ao som de um surdo portelense, no Cemitério da Ordem do Carmo, no bairro carioca do Caju.  
Elizete não foi rainha de nada, mas foi e seria sempre "A Magnifica", "A Divina" no coração de seus admiradores.


ADEMILDE FONSECA - A RAINHA DO CHORINHO



   Tudo começou quando Ademilde foi fazer um teste com o Renato Murce na Rádio Clube do Brasil. Cantou o samba Batucada em Mangueira, do repertório da Odete Amaral, acompanhada pelo Benedito Lacerda, e passou. Desde então eles ficaram amigos, e passaram a cantar juntos em clubes e festas particulares.


 Ademilde Fonseca, Rainha do Chorinho,
 título dado por Benedito Lacerda.



                                         Ademilde Fonseca:   
   sucesso no Brasil e atuações em Paris e Nova York  


Ademilde se destacou  fazendo shows e  foi a primeira cantora nordestina a encantar o país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado:o chorinho. Ademilde Fonseca tirou de letra aqueles intervalos criados normalmente para serem executados por instrumentos, que não têm as limitações da escala vocal. Com um aparelho vocal  e um fôlego para lá de privilegiados, ela ainda conseguia manter uma dicção impecável e clara em suas interpretações. Cantando com uma velocidade incrível, sem perder a dicção,  fez juz ao titulo de Rainha do Chorinho.
Em 2001 Ademilde, por conta de seu aniversário, foi recebida na Rua do Choro, com direito a um recital dos chorões locais. E em Pirituba, lugarejo próximo a Natal (RN), onde nasceu, uma praça foi batizada com seu nome. Ela aproveitou a viagem a sua terra e abriu o Projeto Seis e Meia em Natal, no Teatro Alberto Maranhão.

Voltando a 1942. Quando tinha 21 anos de idade, Ademilde, 
que já morava no Rio, decidiu cantar durante uma festa, 
acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional, 
uma música que conhecia desde criança: o choro Tico-Tico no
 Fubá, de Zequinha de Abreu.



          Acabou sendo levada aos estúdios de gravação              para registrar a tal façanha. Sucesso total. 

A partir daí, vieram outros lançamentos imortais, como Apanhei-te Cavaquinho, Urubu Malandro (com letra), Rato, Rato, Teco-Teco, Pedacinhos do Céu, Acariciando, além de Brasileirinho e do baião Delicado. Essas duas últimas acabaram rodando o mundo em sucessivas regravações internacionais.

Gravou   um belo choro de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (Fala Baixinho) no II Festival Internacional da Canção da TV Globo, em 1967, e teve um expressivo revival nos anos 70 com apresentações concorridas no Teatro Opinião, gravando dois novos discos.


 Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela era única no estilo que consagrou. Ademilde disse certa vez:  “ só não fui mais longe por pura acomodação”.
E que só recentemente se deu conta de seu valor e de que ninguém jamais cantou choro como ela.
                                                                             


               Benedito Lacerda, gênio da flauta:
           um verdadeiro padrinho  para Ademilde                                                  

Ademilde trabalhou na Rádio Tupi cantando e encantando em programas de auditório e depois, com a decadência do rádio foi para a televisão e atuou por mais de dez anos na TV Tupi.  Cantou também na Nacional. Seus discos renderam mais de meio milhão de cópias. Além do êxito  em terras nacionais, regravou grandes sucessos internacionais e se apresentou em outros países.
Ademilde teve algumas chances de se apresentar fora do país. Em 52, cantou em Paris, numa festa dada por Assis Chateaubriand aos vips locais, e, em 84, abriu o carnaval brasileiro de Nova York.
Ademilde se destacou  fazendo shows e  foi a primeira cantora nordestina a encantar o país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado. Ademilde Fonseca tirou de letra aqueles intervalos criados normalmente para serem executados por instrumentos, que não têm as limitações da escala vocal. Com um aparelho vocal  e um folego para lá de privilegiados, ela ainda conseguiu manter uma dicção impecável e clara em suas interpretações. Cantando com uma velocidade incrivel, sem perder a dicção,  fez juz ao titulo de Rainha do Choro.
Em 2001 Ademilde, por conta de seu aniversário, foi recebida na Rua do Choro, com direito a um recital dos chorões locais. E em Pirituba, lugarejo próximo a Natal (RN), onde nasceu, uma praça foi batizada com seu nome. Ela aproveitou a viagem a sua terra e abriu o Projeto Seis e Meia em Natal, no Teatro Alberto Maranhão.



Adelaide Chiozo, 
outra grande cantora, amiga de Ademilde




Ademilde visita Ricardo Cravo Albin no Museu do Rádio



Voltando a 1942. Quando tinha 21 anos de idade, Ademilde, que já morava no Rio, decidiu cantar durante uma festa, acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional, uma música que conhecia desde criança: o choro Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu.
Acabou sendo levada aos estúdios de gravação para registrar a tal façanha. Sucesso total. A partir daí, vieram outros lançamentos imortais, como Apanhei-te Cavaquinho, Urubu Malandro (com letra), Rato, Rato, Teco-Teco, Pedacinhos do Céu, Acariciando, além de Brasileirinho e do baião Delicado. Essas duas últimas acabaram rodando o mundo em sucessivas regravações internacionais.

Gravou   um belo choro de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (Fala Baixinho) no II Festival Internacional da Canção da TV Globo, em 1967, e teve um expressivo revival nos anos 70 com apresentações concorridas no Teatro Opinião, gravando dois novos discos.



Pixinguinha, seu saxofone e seus músicos

Herminio Bello de Carvalho compôs com Pixinguinha  gravação  de Ademilde nos anos 60.






Fala baixinho só prá eu ouvir
Porque ninguém vai mesmo compreender
Que o nosso amor é bem maior
Que tudo aquilo que eles sentem
Eu acho até que eles nem sentem, não
Espalham coisas só prá disfarçar
Daí então porque se dar
Ouvidos a quem nem sabe gostar

Olha só, meu bem, quando estamos sós
O mundo até parece que foi feito pra nós dois
Tanto amor assim que é melhor guardar
Pois que os invejosos vão querer roubar
A sinceridade é que vale mais
Pode a humanidade se roer de desamor
Vamos só nós dois
Sem olhar pra trás

Sem termos que ligar pra mais ninguém

Fale baixinho: Pixinguinha e Herminio Bello de Carvalho.


 Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela era única no estilo que consagrou. Ademilde disse certa vez:  “ só não fui mais longe por pura acomodação”.
E que só recentemente, ela, talvez tenha  se dado  conta de seu valor e de que ninguém jamais cantou choro como ela. 

CARMELIA ALVES

A RAINHA DO BAIÃO


Carmélia Alves,  nomeada por Luís Gonzaga a "Rainha do Baião", fez sucesso na década de 1950 nos auditórios das rádios cariocas. Havendo gravado grandes sucessos, muitos deles em ritmo de baião. Todos os baiões que gravava eram sucesso nos discos e nas emissoras.






                                Carmélia Alves, a Rainha do Baião




Carmélia e Luiz Gonzaga: a  rainha e o rei do Baião

Maestro Hervê Cordovil, Carmélia, Gonzagão e Humberto Teixeira: 
só pessoal do baião!



CAROLINA CARDOSO DE MENEZES

Carolina e seu piano:
 fama no rádio e depois na televisão



Carolina fez também parte da “era de ouro” do rádio no Brasil.

 Atuou em diversas emissoras cariocas, como Philips, Mayrink Veiga, Tupy e Rádio Nacional. Não foi cantora, e sim magestral pianista. Esteve ao lado de cantores famosos, dentre eles Carmen Miranda, Silvio Caldas e Elisinha Coelho. Estabeleceu parcerias musicais de destaque, como o duo com o violinista Fafá Lemos, que mais tarde daria origem ao disco Fafá & Carolina.
Famoso encontro musical

Em se tratando de gravações, Carolina participou da elaboração de mais de cinquenta discos. Gravou composições de Nazareth, Almirante, Ary Barroso, Nonô e Chiquinha Gonzaga; também gravou composições de sua própria autoria, como, por exemplo, Brasil Rock (escrita em 1956 e gravada no ano seguinte), obra precursora do gênero rock, tão conhecido em tempos atuais .





Valorização dos grandes compositores brasileiros




Só gravava sucessos




E então amigos, gostaram desta postagem?
 Mandem seu comentários. Meu interesse é sempre o de preservar a memória de nosso velho rádio e seus realizadores.
Grande abraço e até a próxima!




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