Hoje falaremos das mulheres musicais e outras rainhas.
Algumas não se tornaram rainhas, é bom que se diga, porém reinaram no velho rádio enchendo de música os auditórios e as programações das rádios dos anos 30 aos anos 60.
Auditório da Nacional:
templo dos grandes programas
Programa Paulo Gracindo aos domingos:
agitação e audiência garantida.
A VIDA DE ALGUMAS CANTORAS FAMOSAS
COMEÇANDO POR NORA NEY
Nora Ney e a amiga cantora portuguesa Esther de Abreu na Nacional. Rainha de quê?
Nora Nei no Programa de Manoel Barcelos.Não conseguimos identificar qual o seu titulo de rainha.
A
cantora Iracema Ferreira Maia, conhecida como Nora Ney, estreou em 1951 no
programa Fantasia Musical, da Rádio Tupi, época em que adotou o nome artístico.
Com inconfundível voz de contralto e pronúncia carregada, criou seu próprio
estilo, diferente do que estava então em voga. Inicialmente cantava repertório
estrangeiro, com o pseudônimo Nora May. Mais adiante, seria a primeira a gravar
no Brasil o marco inaugural do gênero americano, Rock Around The Clock, sucesso
de Bill Halley, em 1956.
Mas muito
antes de ir para a Rádio Tupi, ela foi crooner do Copacabana Palace. O sucesso
somente viria mesmo depois que foi para a Rádio Nacional onde se exibiu ao lado ao lado de Dóris
Monteiro e Jorge Goulart, com quem se casaria
mais tarde vivendo eterna lua de mel por décadas. O primeiro disco, um 78 rpm de
1952, emplacou dois sucessos: Menino Grande, de Antônio Maria, e Ninguém me
Ama, de Antonio Maria e Fernando Lobo. Foi uma das intérpretes mais assíduas
das músicas de Antônio Maria. Gravou De Cigarro em Cigarro, de Luiz Bonfá, em
1952, colaborando para projetar o autor nacionalmente. Nora e Jorge Goulart fizeram turnê pela União Soviética. Acontece que Jorge Goulart pertencia ao Partido
Comunista. Isso foi fatal.
Em 1964, por causa do regime militar, foram expulsos da Nacional. Ela e o marido saíram do Brasil , só voltando oito anos depois, quando ela gravou o LP Tire o seu Sorriso do Caminho.
Em 1964, por causa do regime militar, foram expulsos da Nacional. Ela e o marido saíram do Brasil , só voltando oito anos depois, quando ela gravou o LP Tire o seu Sorriso do Caminho.
O casal reiniciaria a carreira musical no Brasil, já então nos tempos da televisão. E fizeram sucesso,
pois possuíam um público cativo. O câncer de laringe que tirou a voz do marido
a abateu, mas os dois continuaram juntos. Ela cantava e Jorge Goulart com
play-back fazia mímica, pois não possuía mais voz.
Nora Ney
morreria primeiro que o marido em 28 de Outubro de 2003 aos 82 anos no Hospital
Samaritano no Rio de Janeiro. Goulart morreria em 2012.Viveram juntos, portanto, 52 anos.
Nora Ney e Jorge Goulart: 51 anos juntos e junto com o sucesso.
Casal de cantores:
na alegria e no sucesso. Na saúde e na doença.
ELIZETE CARDOSO
“A Divina”, “A Magnifica”, títulos que Elizete colecionou, nasceu
na Rua Ceará nº 5, na Estação de São Francisco Xavier, próxima ao Mangueira
bairro do Rio de Janeiro. Veio de uma família de músicos e cantores,
pois seu pai, Jaime Moreira Cardoso, era seresteiro e tocava violão. Sua mãe,
Maria José Pilar, gostava de cantar. A família em geral, principalmente seu Tio
Pedro, participava da vida musical da cidade, frequentand as sociedades
dançantes da época, convivendo com grandes músicos em reuniões na casa de Tia
Ciata berço do samba carioca.
Elizete era assim quando gravou seu primeiro sucesso nos anos 40.
Começou muito cedo, pois com apenas 5 anos, subiu no palco
da antológica Sociedade Familiar Dançante Kananga do Japão e, desenvolta, deixando todos surpresos, pediu para o pianista acompanhá-la
na marchinha "Zizinha". Em 1930, aos dez anos, começou a trabalhar
para ajudar a família. Foi balconista, peleteira, saponeteira e cabeleireira.
No aniversário de seus 16 anos, a família se reuniu na casa de uma tia da
adolescente, a Tia Ivone. Elizete não parou de cantar.
Por volta de 1938, adotou uma menina, Tereza Carmela, a quem
criou como filha por toda a vida. Em 1939, casou-se com Ari Valdez, o
Tatuzinho, comediante e músico cavaquinista, com quem teve seu único filho
legítimo, Paulo César Valdez. O casamento durou pouco, pois Tatuzinho, segundo
ela própria, tinha problemas mentais. Era uma ótima pessoa, mas tinha "um
parafuso a menos", segundo o amigo e violonista Luís Bittencourt.
Evaldo Rui:
problemas depressivos o levaram ao suicídio.
Mas Elizete não teve culpa. Evaldo, irmão de Haroldo Barbosa, era compositor e produtor
Em 1954, Elizete sofreu duro golpe: Evaldo Rui , seu
namorado, suicidou-se. A imprensa explorou o envolvimento amoroso dela , já
então cantora famosa, com o compositor, apesar dos familiares de Evaldo
insistirem que ela nada teve a ver com o suicídio de Evaldo. No final de 1954, estava no auge, cantando em estações de rádio
e gravando. Foi quando sofreu intervenção cirúrgica, por causa de uma crise de
apendicite aguda. Mas recuperou-se a voltou ao sucesso.
Elizete Cardoso e Cyro Monteiro:
desentendimentos sobre a capa do disco que gravaram juntos.
desentendimentos sobre a capa do disco que gravaram juntos.
Em 1966, viveu uma
polêmica com o cantor Cyro Monteiro, que, depois de gravar um LP a seu lado,
programou alguns shows que ela não aceitou, por causa dos baixos cachês. O
cantor ficou mais magoado quando, na capa do LP, viu que sua foto era menor que
a dela. Esse incidente ainda atiçou a rivalidade entre ela e Elis Regina.
Elizete se apresentava no mesmo programa de Ellis Regina,
Ellis Regina não era fácil!
Bossaudade da TV Record. A “Pimentinha” que via
em Elizete uma rival (sem motivos)
resolveu tomar as dores de Cyro Monteiro. Resultado: acabou
recebendo um carão de Elizete "Se você não quer me respeitar como
cantora, não precisa respeitar. Mas exijo que me respeite como mulher. Tenho
idade para ser sua mãe!"
Elizete e Silvio Caldas:
encontro no auditório da Rádio Nacional
Elizete e amigos: Tostão, Pelé e Jair Rodrigues.
Em 1987, quando estava em uma excursão no Japão, os médicos
japoneses diagnosticaram um câncer no estômago, que obrigou a cantora a uma
cirurgia.
Apesar disso, a doença ainda a acompanharia durante os três últimos
anos de vida. A cantora faleceria às 12h28 do dia 7 de maio de 1990, na Clínica
Bambina, no bairro carioca de Botafogo. Foi velada no Teatro João Caetano, onde
compareceram milhares de fãs. Foi sepultada, ao som de um surdo portelense, no
Cemitério da Ordem do Carmo, no bairro carioca do Caju.
Elizete não foi rainha de nada, mas foi e seria sempre "A Magnifica", "A Divina" no coração de seus admiradores.
Elizete não foi rainha de nada, mas foi e seria sempre "A Magnifica", "A Divina" no coração de seus admiradores.
ADEMILDE FONSECA - A RAINHA DO CHORINHO
Tudo começou quando Ademilde foi fazer um teste com o Renato Murce na Rádio Clube do Brasil. Cantou o samba Batucada em Mangueira, do repertório da Odete Amaral, acompanhada pelo Benedito Lacerda, e passou. Desde então eles ficaram amigos, e passaram a cantar juntos em clubes e festas particulares.
Tudo começou quando Ademilde foi fazer um teste com o Renato Murce na Rádio Clube do Brasil. Cantou o samba Batucada em Mangueira, do repertório da Odete Amaral, acompanhada pelo Benedito Lacerda, e passou. Desde então eles ficaram amigos, e passaram a cantar juntos em clubes e festas particulares.
Ademilde Fonseca, Rainha do Chorinho,
título dado por Benedito Lacerda.
Ademilde se
destacou fazendo shows e foi a primeira cantora nordestina a encantar o
país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado:o chorinho. Ademilde Fonseca tirou de letra aqueles intervalos criados normalmente para
serem executados por instrumentos, que não têm as limitações da escala vocal.
Com um aparelho vocal e um fôlego para
lá de privilegiados, ela ainda conseguia manter uma dicção impecável e clara em
suas interpretações. Cantando com uma velocidade incrível, sem perder a dicção, fez juz ao titulo de Rainha do Chorinho.
Em 2001
Ademilde, por conta de seu aniversário, foi recebida na Rua do Choro, com
direito a um recital dos chorões locais. E em Pirituba, lugarejo próximo a
Natal (RN), onde nasceu, uma praça foi batizada com seu nome. Ela aproveitou a
viagem a sua terra e abriu o Projeto Seis e Meia em Natal, no Teatro Alberto
Maranhão.
Voltando a 1942.
Quando tinha 21 anos de idade, Ademilde,
que já morava no Rio, decidiu cantar durante uma festa,
acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional,
uma música que conhecia desde criança: o choro Tico-Tico no
Fubá, de Zequinha de Abreu.
Acabou sendo
levada aos estúdios de gravação para registrar a tal façanha. Sucesso total.
que já morava no Rio, decidiu cantar durante uma festa,
acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional,
uma música que conhecia desde criança: o choro Tico-Tico no
Fubá, de Zequinha de Abreu.
A partir daí, vieram outros lançamentos imortais, como Apanhei-te Cavaquinho, Urubu Malandro (com letra), Rato, Rato, Teco-Teco, Pedacinhos do Céu, Acariciando, além de Brasileirinho e do baião Delicado. Essas duas últimas acabaram rodando o mundo em sucessivas regravações internacionais.
Gravou um belo
choro de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (Fala Baixinho) no II
Festival Internacional da Canção da TV Globo, em 1967, e teve um expressivo
revival nos anos 70 com apresentações concorridas no Teatro Opinião, gravando
dois novos discos.
Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela era única no estilo que consagrou. Ademilde disse certa vez: “ só não fui mais longe por pura acomodação”.
Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela era única no estilo que consagrou. Ademilde disse certa vez: “ só não fui mais longe por pura acomodação”.
E que só
recentemente se deu conta de seu valor e de que ninguém jamais cantou choro como
ela.
Benedito Lacerda, gênio da flauta:
um verdadeiro padrinho para Ademilde
um verdadeiro padrinho para Ademilde
Ademilde
trabalhou na Rádio Tupi cantando e encantando em programas de auditório e
depois, com a decadência do rádio foi para a televisão e atuou por mais de dez
anos na TV Tupi. Cantou também na
Nacional. Seus discos renderam mais de meio milhão de cópias. Além do êxito em terras nacionais, regravou grandes sucessos
internacionais e se apresentou em outros países.
Ademilde
teve algumas chances de se apresentar fora do país. Em 52, cantou em Paris,
numa festa dada por Assis Chateaubriand aos vips locais, e, em 84, abriu o
carnaval brasileiro de Nova York.
Ademilde se
destacou fazendo shows e foi a primeira cantora nordestina a encantar o
país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado.
Ademilde Fonseca tirou de letra aqueles intervalos criados normalmente para
serem executados por instrumentos, que não têm as limitações da escala vocal.
Com um aparelho vocal e um folego para
lá de privilegiados, ela ainda conseguiu manter uma dicção impecável e clara em
suas interpretações. Cantando com uma velocidade incrivel, sem perder a dicção, fez juz ao titulo de Rainha do Choro.
Em 2001
Ademilde, por conta de seu aniversário, foi recebida na Rua do Choro, com
direito a um recital dos chorões locais. E em Pirituba, lugarejo próximo a
Natal (RN), onde nasceu, uma praça foi batizada com seu nome. Ela aproveitou a
viagem a sua terra e abriu o Projeto Seis e Meia em Natal, no Teatro Alberto
Maranhão.
Adelaide Chiozo,
outra grande cantora, amiga de Ademilde
Ademilde visita Ricardo Cravo Albin no Museu do Rádio
Voltando a 1942.
Quando tinha 21 anos de idade, Ademilde, que já morava no Rio, decidiu cantar
durante uma festa, acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional, uma música
que conhecia desde criança: o choro Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu.
Acabou sendo
levada aos estúdios de gravação para registrar a tal façanha. Sucesso total. A
partir daí, vieram outros lançamentos imortais, como Apanhei-te Cavaquinho,
Urubu Malandro (com letra), Rato, Rato, Teco-Teco, Pedacinhos do Céu,
Acariciando, além de Brasileirinho e do baião Delicado. Essas duas últimas
acabaram rodando o mundo em sucessivas regravações internacionais.
Gravou um belo
choro de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (Fala Baixinho) no II
Festival Internacional da Canção da TV Globo, em 1967, e teve um expressivo
revival nos anos 70 com apresentações concorridas no Teatro Opinião, gravando
dois novos discos.
Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela era única no estilo que consagrou. Ademilde disse certa vez: “ só não fui mais longe por pura acomodação”.
Pixinguinha, seu saxofone e seus músicos
Herminio Bello de Carvalho compôs com Pixinguinha gravação de Ademilde nos anos 60.
Fala baixinho só prá eu ouvir
Porque ninguém vai mesmo compreender
Que o nosso amor é bem maior
Que tudo aquilo que eles sentem
Eu acho até que eles nem sentem, não
Espalham coisas só prá disfarçar
Daí então porque se dar
Ouvidos a quem nem sabe gostar
Olha só, meu bem, quando estamos sós
O mundo até parece que foi feito pra nós dois
Tanto amor assim que é melhor guardar
Pois que os invejosos vão querer roubar
A sinceridade é que vale mais
Pode a humanidade se roer de desamor
Vamos só nós dois
Sem olhar pra trás
Sem termos que ligar pra mais ninguém
Fale baixinho: Pixinguinha e Herminio Bello de Carvalho.
Fale baixinho: Pixinguinha e Herminio Bello de Carvalho.
Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela era única no estilo que consagrou. Ademilde disse certa vez: “ só não fui mais longe por pura acomodação”.
E que só
recentemente, ela, talvez tenha se dado conta de seu valor e de que ninguém jamais cantou choro como
ela.
CARMELIA ALVES
A RAINHA DO BAIÃO
Carmélia Alves, a Rainha do Baião
CARMELIA ALVES
A RAINHA DO BAIÃO
Carmélia Alves, nomeada
por Luís Gonzaga a "Rainha do Baião", fez sucesso na década de 1950
nos auditórios das rádios cariocas. Havendo gravado grandes sucessos, muitos
deles em ritmo de baião. Todos os baiões que gravava eram sucesso nos discos e
nas emissoras.
Carmélia Alves, a Rainha do Baião
Carmélia e Luiz Gonzaga: a rainha e o rei do Baião
Maestro Hervê Cordovil, Carmélia, Gonzagão e Humberto Teixeira:
só pessoal do baião!
CAROLINA CARDOSO DE MENEZES
Atuou em diversas emissoras cariocas, como Philips, Mayrink Veiga, Tupy e Rádio Nacional. Não foi cantora, e sim magestral pianista. Esteve ao lado de cantores famosos, dentre eles Carmen Miranda, Silvio Caldas e Elisinha Coelho. Estabeleceu parcerias musicais de destaque, como o duo com o violinista Fafá Lemos, que mais tarde daria origem ao disco Fafá & Carolina.
Carolina e seu piano:
fama no rádio e depois na televisão
Carolina fez também parte da “era de ouro” do rádio no Brasil.
Atuou em diversas emissoras cariocas, como Philips, Mayrink Veiga, Tupy e Rádio Nacional. Não foi cantora, e sim magestral pianista. Esteve ao lado de cantores famosos, dentre eles Carmen Miranda, Silvio Caldas e Elisinha Coelho. Estabeleceu parcerias musicais de destaque, como o duo com o violinista Fafá Lemos, que mais tarde daria origem ao disco Fafá & Carolina.
Famoso encontro musical
Em se tratando de gravações, Carolina participou da
elaboração de mais de cinquenta discos. Gravou composições de Nazareth,
Almirante, Ary Barroso, Nonô e Chiquinha Gonzaga; também gravou composições de
sua própria autoria, como, por exemplo, Brasil Rock (escrita em 1956 e gravada
no ano seguinte), obra precursora do gênero rock, tão conhecido em tempos atuais .
Valorização dos grandes compositores brasileiros
Só gravava sucessos
E então amigos, gostaram desta postagem?
Mandem seu comentários. Meu interesse é sempre o de preservar a memória de nosso velho rádio e seus realizadores.
Grande abraço e até a próxima!
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