NÃO HÁ COMO NEGAR!
A influência do velho rádio no carnaval brasileiro foi muito grande.As poderosas emissoras de ondas curtas e médias cobriam o território nacional, divulgando as músicas do carnaval do ano.
Tais músicas, sambas e marchinhas, eram especialmente escritas para o período de Momo a cada ano..
Tudo começava uma semana antes do Ano Novo. Revistinhas especializadas eram vendidas a preços populares com as letras das músicas. O rádio, através de seus programas de auditório, produziam espaços musicais, onde grandes arranjadores, músicos e cantores famosos divulgavam as músicas, que em apenas 3 meses eram aprendidas pelo povo e consumidas no carnaval de fevereiro ou março daquele ano mesmo.
Mas não era proibido cantar músicas de anos anteriores, porém a quantidade era tão grande, que o gostoso mesmo era aprender sambas e marchinhas novas.
Tais programas musicais contavam com apoio de grandes patrocinadores. Na Rádio Nacional, a Coca Cola, através do famoso e conceituado programa Um milhão de melodias, produzia, nos 15 minutos finais, o seu suplemento de carnaval. Era vez dos grandes músicos e arranjadores se exibirem. Na programação noturna da mesma Nacional havia o famoso Carnaval Brahma Chopp, depois também lançado nas noites da Rádio Tupi. Uma famosa loja de roupas populares chamada Miveste também patrocinava programas carnavalescos na Tupi. Os programas de auditório de Paulo Gracindo, Manoel Barcelos e Cesar de Alencar abriam amplos espaços para as músicas de carnaval.
O SAMBA DE CARNAVAL: Eram peças muito lindas, assinadas por grandes compositores como Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine, Herivelto Martins, Mário Lago e outro.Mas como ninguém aguentaria pular intensamente o carnaval somente ao som das marchinhas, em determinados momentos entravam os sambas de carnaval. Seu compasso mais lento e dolente embalava os blocos de rua e os salões de clubes. Mas não confundir com a marcha-rancho, uma marcha cadenciada que também ajudava a turma recuperar o fôlego.Bons exemplos de marcha-rancho: Pastorinhas e Máscara Negra.
Os velhos discos de 78 rotações tinham apenas duas musicas gravadas. Um lado A e um lado B. Embora não fosse uma regra, era comum um cantor gravar de um lado uma marchinha e o outro, um samba.
Não Me Diga Adeus
Samba de Carnaval que fez enorme sucesso nos anos 40'.
Aracy de Almeida era a intérprete preferida de Noel RosaEra assim quando gravou "Nao me diga Adeus"
Em final de carreira, jurada do Programa Silvio Santos:
não cantava mais.
Aracy de Almeida
Não. . . . não me diga adeus
Pense nos sofrimentos meus
Se alguém lhe dá conselhos
Pra você me abandonar......
Não devemos nos separar
Não vá me deixar
Por favor
Que a saudade é cruel
Quando existe amor
Não . . . .não me diga adeus
Pense nos sofrimentos meus.
Pense nos sofrimentos meus
Se alguém lhe dá conselhos
Pra você me abandonar......
Não devemos nos separar
Não vá me deixar
Por favor
Que a saudade é cruel
Quando existe amor
Não . . . .não me diga adeus
Pense nos sofrimentos meus.
Antigamente os desfiles de carnaval eram na Praça Onze, hoje descaracterizada. Quando começou a construção da avenida Presidente Vargas nos anos 40 veio a notícia de que praça ia acabar. Foi quando a dupla Herivelto Martins e Grande Otelo compôs este lindo samba, que expressa bem o sentimento da época.
Vão acabar com a
Praça Onze
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim
Chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro
Mangueira, Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai
Porque a Escola de Samba não sai
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim
Chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro
Mangueira, Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai
Porque a Escola de Samba não sai
Adeus, minha Praça Onze, adeus
Já sabemos que vais desaparecer
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração
E algum dia nova praça nós teremos
E o teu passado cantaremos
Já sabemos que vais desaparecer
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração
E algum dia nova praça nós teremos
E o teu passado cantaremos
É Bom Parar, foi outro samba que fez muito sucesso no final dos anos 30'.
Gravado
Por Francisco Alves, carnaval dos anos 30', autoria de Noel Rosa.
Por que bebes tanto
assim, rapaz?
Chega, já é demais!
Se é por causa de mulher, é bom parar
Porque nenhuma delas sabe amar
Chega, já é demais!
Se é por causa de mulher, é bom parar
Porque nenhuma delas sabe amar
Se tu hoje estás
sofrendo
É porque Deus assim quer
E quanto mais vais bebendo
Mais lembras dessa mulher
É porque Deus assim quer
E quanto mais vais bebendo
Mais lembras dessa mulher
Não crês, conforme
suponho,
Nestes versos de canção:
Mais cresce a mulher no sonho,
(Oi...) Na taça e no coração¹
Nestes versos de canção:
Mais cresce a mulher no sonho,
(Oi...) Na taça e no coração¹
Sei que tens em tua
vida
Um enorme sofrimento
Mas não penses que a bebida
Seja um medicamento
Um enorme sofrimento
Mas não penses que a bebida
Seja um medicamento
De ti não terei mais pena
É bom parar por aí
Quem não bebe te condena, oi...
Quem bebe zomba de ti
Vale recordar outro samba que ficou para sempre: Helena Helena, Vamos recordar?
É bom parar por aí
Quem não bebe te condena, oi...
Quem bebe zomba de ti
Vale recordar outro samba que ficou para sempre: Helena Helena, Vamos recordar?
Autor: Antonio Almeida
Gravado pelo conjunto Quatro Azes e um Coringa
e depois pelos Demônios da Garoa.
Ontem cheguei em casa, Helena / Te procurei
E não encontrei / Fiquei tristonho a chorar
Passei o resto da noite a chamar
Helena, Helena / Vem me consolar
E não encontrei / Fiquei tristonho a chorar
Passei o resto da noite a chamar
Helena, Helena / Vem me consolar
Mesmo depois de cansado / Teu nome falava baixinho
Helena dos meus encantos / Vem me fazer um carinho
E fiquei desesperado / Cadê Helena, meu bem
O dia já vem raiando/ E a minha Helena não vem
Mário Lago, homem versátil:
o autor de Ai Que Saudades Da Amélia
Nunca vi fazer
tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava
fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a
menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Às vezes passava
fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
MARCHA DE CARNAVAL: Também
conhecida como "marchinha", é um gênero de música popular que foi
predominante no carnaval dos brasileiros dos anos 20 aos anos 60 do século XX.
A primeira marcha foi a composição de Chiquinha Gonzaga, intitulada Ó Abre Alas
feita para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, em 1899.
A autora da primeira marchinha, quando jovem.
A grande compositora: avançada para seu tempo
Ó Abre Alas de 1899
Autoria de Chiquinha
Gonzaga
Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar.
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar.
A nossa marchinha de carnaval é um estilo musical importado para o Brasil. Descende diretamente das marchas populares portuguesas, partilhando com elas o compasso binário das marchas militares, embora mais acelerado, melodias simples e vivas, e letras picantes, cheias de duplo sentido. Marchas portuguesas faziam grande sucesso no Brasil até 1920, destacando-se Vassourinha, em 1912, e A Baratinha, em 1917. Inicialmente calmas e bucólicas, a partir da segunda década do séc XX passaram a ter seu andamento acelerado, devido a influência da música comercial norte-americana da era jazz-bands, tendo como exemplo as marchinhas Eu vi e Zizinha, de 1926, ambas do pianista e compositor José Francisco de Freitas, o Freitinhas...
A marchinha destinada expressamente ao carnaval brasileiro passou a ser produzida com regularidade no Rio de Janeiro, a partir de composições de 1920 como Pois não de Eduardo Souto e João da Praia, Ai amor de Freire Júnior e Ó pé de anjo de Sinhô, e atingiu o apogeu com intérpretes como Carmen Miranda, Emilinha Borba, Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Jorge Veiga e Black-out, que interpretavam, ao longo dos meados do século XX, as composições de João de Barro, o Braguinha e Alberto Ribeiro, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo. O último grande compositor de marchinha foi João Roberto Kelly.Mas não esquecer do Homero Ferreira,autor de Me dá um dinheiro ai ,recentemente falecido e que até completar 86 anos, ganhou vários concursos da Fundição Progresso
Vamos recordar algumas marchinhas famosas? Allah-La Ô de Haroldo Lobo e Nássara... Apareceu a Margarida... A Pipa do Vovô de Manoel Ferreira e Ruth Amaral... As Pastorinhas... As águas vão rolar... Atrás do trio elétrico... Aurora de Mário Lago em parceria com Roberto Roberti... Bandeira branca... Bota camisinha de João Roberto Kelly... Cabeleira do Zezé de João Roberto Kelly e Roberto Faissal...
Ai vai a letra, que nos dias de hoje poderia provocar um processo para cima dos autores.Se duvidam, é só dar uma lida.
Olha a cabeleira do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele é?
Olha a
cabeleira do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele
é bossa nova?
Será que ele é Maomé?
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é
Será que ele é Maomé?
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é
Corta o
cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Black-Out, campeão de muitos carnavais. Quem se lembra?Maria Candelária, Pedreiro Valdemar, General da Banda e por ai vai.
Gilberto Milfont: gravava durante o ano
e ganhou muitos carnavais.
Gilberto Alves: sucesso com Rosa Maria
Dalva de Oliveira gravou Bandeira Branca
O gênio de Max Nunes:
produtor de grandes programas e autor de Bandeira Branca
Cachaça não é água de Carmen Costa e Mirabeau Pinheiro... Chiquita
Bacana de Braguinha, e Alberto Ribeiro... Chuva, Suor e Cerveja... Cidade
maravilhosa... Está chegando a hora... Índio quer Apito... Haroldo Lobo de e Milton de Oliveira... Jardineira de Benedito Lacerda e Humberto Porto/1939...
Jura... Linda loirinha... Linda morena de Lamartine Babo... Mamãe eu quero de
Vicente Paiva/1937... Máscara negra (marcha-rancho) de Zé Keti e Pereira Mattos/1967...
Homero Ferreira, pouco antes de morrer em fevereiro aos 86 anos continuava escrevendo marchinhas .
Moacyr Franco: Me dá um dinheiro ai!
Me Dá Um Dinheiro Aí – Moacyr Franco
Homero, Ivan e Glauco Ferreira
Ei você aí, me dá um
dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí.
Ei você aí, me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí.
Não vai dar?
Não vai dar não?
Você vai ver, a grande confusão
Que eu vou fazer, bebendo até cair
Me dá, me dá, me dá, (oi)
Me dá um dinheiro aí.
Ei você aí, me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí.
Não vai dar?
Não vai dar não?
Você vai ver, a grande confusão
Que eu vou fazer, bebendo até cair
Me dá, me dá, me dá, (oi)
Me dá um dinheiro aí.
Mulata iê-iê-iê João Roberto Kelly.....
Ô balancê... O teu cabelo não nega mulata" de Lamartine Babo... Pirata da
Perna de Pau de Braguinha... Pó-de-mico... Saca rolha... Sassassaricando de
Luiz Antônio, Zé Mário e Oldemar Magalhães... Ta-hí de Joubert de
Carvalho/1930... Touradas de Madri de Braguinha... Tristeza de Haroldo Lobo e
Niltinho... Turma do Funil de Braguinha... Um pierrô apaixonado... Yes, nós
temos bananas...
Carnaval das marchinha e dos sambas!
Depois tudo mudou. Vieram as Escolas de Samba, os desfiles, os patrocinadores, os turistas... Mas até hoje os sambas e as marchinhas de carnaval, resistindo ao tempo, estão ai para alegrar o carnaval dos blocos e dos salões.
Já não precisam mais do velho rádio.
Estão na memória dos carnavalescos de todas as idades.
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