No programa “Noturno” na rádio JB-AM, Luiz Carlos Saroldi, produtor, relata um fato importante, que soube eu, aconteceu na hora do almoço no bar da
Nacional.
È que Mário Brasini, Max Nunes e
Paulo Gracindo,muito amigos, costumavam almoçar juntos lá. Pela manhã,
Brasini,que além de excelente ator e produtor,
era muito bom datilógrafo batia os roteiros à máquina que Max lhe ia
ditando. Gracindo ficava peruando, ajudando a fechar umas piadas, dando
palpites e coisa e tal. Foram almoçar e durante o almoço, Brasini desabafou:
-Max, eu fico aqui de datilógrafo de luxo, por que o Gracindo não passa
a escrever o programa com você?
Ao que Max Nunes respondeu:
-Paulo, eu topo, desde que você me ceda aquele quadro que você escreve no 24
horas da vida alheia, do Parente pobre e o parente rico.
E ali, na mesa de almoço ficou
decidido:
Brasini escreveria o 24 horas. Paulo Gracindo e Max Nunes
seriam parceiros no Balança,mas não cai e
o quadro do Parente... passaria a constar do Balança, com o título
alterado para Primo rico e primo pobre.
E assim, enquanto saboreavam
gelatina Royal sabor morango,festejam o acordo que renderia excelentes frutos
para os três.
O Bar da Rádio Nacional ficava no terraço e foi palco de histórias interessantes.
Gracindo ainda jovem quando escrevia o Balança mas não cai.
Mario Brasini era parceiro de Gracindo e Max Nunes
Max Nunes foi o criador do famoso Edifício balança, mas não cai.
O ambiente no bar, naturalmente
era descontraído e após uns drinques ficava melhor ainda. Conversa fora jogada em
mesa de bar eis que surgiam alguns
apelidos para os artistas dados pelos próprios
colegas. Geralmente irreverentes,uns pegavam, outros não. Se você
conhecer o artista, vai sentir que o apelido se encaixa como uma luva. De
alguns eu tenho a explicação, mas não me peçam para esclarecer a origem de outros. Vejamos:
Wilson Batista, Virilha; Silvio
Caldas,Saci ou Preto Velho; Orlando Silva,Sovaco; Ciro Monteiro, Formigão;
Dolores Duran, Caxumba.
O locutor Afrânio Rodrigues,
aquele que narrava o “Edifício balança, mas não cai” certa vez entrou no bar e
amigos exclamaram:
-Chegou o “chão de garagem”!
È que Afrânio usava muito Gumex
no cabelo. (Duralex, sed-lex, no cabelo
só Gumex”).
Ataulfo Alves, tinha um andar
elegante e cadenciado, por isso veio logo o apelido:”Urubu Malandro”.
Francisco Alves era o “Carne
assada” ou “Chico Duro” certamente porque não abria mão para pagar nada para os
amigos.
Alguns apelidos eram tão maldosos
e encerravam tamanha dose de preconceito que nos dias atuais, creio, seria
processado quem os propagasse. Exemplo: o do cantor Black-Out era “Negativo de Fotografia”.
Enquanto Evaldo Rui era o
“Espanador da lua”, Gilberto Milfont, por sua baixa estatura era o “Jóquei de
Cabrito.”
O alto Evaldo Ruy era o Espanador da lua
Gilberto Milfont, cantor de bela voz, baixinho era o Jóquei de cabrito
O penteado de Afrânio Rodrigues lhe valeu o apelido Chão de garage.
A elegância e o andar cadenciado de Ataulfo Alves:
apelido de Urubu malandro.
Esta também se passou no bar da
Nacional. Certa noite sentaram-se a uma mesa, Renato Murce e Fernando Lobo, dois grandes produtores,
sendo que o Fernando é o pai de Edu Lobo, uma das glórias da música brasileira
e Murce criador de Piadas do Manduca, Papel Carbono e outros sucessos. Pois
bem, pediram um whisky com gelo.
Fernando era uma excelente pessoa e muito
brincalhão. O garçom, solícito trouxe os copos, a garrafa e um balde com gelo. Quando colocou as primeiras
pedras no copo de Murce, exclama para o companheiro:
-Você vai consumir este gelo,
Renato? Este gelo é de ontem!
O pobre garçom, espantado, sem
nada entender, acabou caindo na gargalhada no que foi acompanhado por Renato.
Este fato está no livro Bastidores do Rádio, que Renato
Murce escreveu, mas Fernando Lobo, todas
as vezes que contava esta história a atribuía a Renato.
Fernando Lobo
Renato Murce
Bem, esta não aconteceu no bar da
Nacional, mas poderia ter acontecido e é contada por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, no prefácio do excelente livro de Paulo
Perdigão sobre a PRK-30. Vamos transcrever o trecho em que Boni se refere a
Lauro Borges.
O Lauro era um eterno brincalhão. Quando entrava em um restaurante,
sentava à mesa e dizia para o garçom:
-Quer me chupar os nabos, por
favor?
E os garçons, atônitos, perguntavam:
- O que o senhor disse?
E ele dizia:
Guardanapos, por favor.
Um dia, no Hotel da Bahia, ele repetiu a brincadeira:
-Quer me chupar os nabos, por
favor?
E para surpresa de Lauro, o garçom respondeu:
Chupo, sim, senhor, O senhor é o Lauro Borges, e eu o considero o maior
humorista do Brasil. Para homenageá-lo, eu faço qualquer coisa.
Pela primeira vez na minha vida eu vi o Lauro Borges sem graça.
Boni
Lauro Borges
Na época radioator mirim Abelardo Santos contou-me que a chegada da
cantora Marlene ao bar era apoteótica.
Antes de adentrar no salão, se via alguma amiga sentada a uma mesa,
dava um oh! Abria os braços como se fosse uma estrela entrando num palco. Todos
paravam para olhar e morriam de rir com o histrionismo da rainha do
Rádio.Marlene era muito alegre.Concluiu Abelardo
Já que falei de Abelardo, vai
mais essa. Quando ele foi contratado para o radioteatro da Nacional com pouco
mais de 10 anos, apreciava muito comer pêssegos em calda com catupiry.Menino
pobre, nascido na ladeira do Barroso, no morro da Providência, aquilo era, para
ele, um manjar dos deuses.Entre um capítulo de novela e outro, lá ia ele ao bar
comer seu prato preferido. O restaurante tinha convênio com o departamento de
pessoal. Assim, bastava a Abelardinho assinar um vale e pronto.Quando seu pai
foi receber o pagamento do menino,no fim do mês, eram vales e mais vales do
restaurante. Pagamento? Muito pouco.
Meu pai chegou pra mim e disse, Abelardinho, você está trabalhando,
praticamente para comer pêssego em calda com Catupiry! Dê um jeito nisso!
Nora Ney possuía uma dicção perfeita. Mas
adorava encarnar em sua amiga, a também cantora Alayde Costa, uma das
precursoras da bossa-nova. Alayde,criatura humana calma e tranqüila aceitava as brincadeiras. Ela possuía um
problema de dicção que não prejudicava,
em nada sua atuação. Mas no bar, Nora dizia para Alayde:
Te pago o lanche, desde que você peça ao garçom: Televisão, (apelido do
garçom) me serve um pudim? E Alayde,
então, atendia:
Oh, Televissão me serve um putim?
Afranio Rodrigues, pela quantidade de gumex que usava
ResponderExcluirFazia do seu penteado uma camada ondulada e dura. Seu spelido era "Jacaré Engomado"