Em
1950 Lourival Marques assumiu a direção artística da PRA-9 e contratou o novelista
Edgard G.Alves para escrever novelas. Ele escrevia duas novelas diárias,
simultaneamente, fato muito comum entre
os novelistas da época.
Outro
que escrevia muito para a Mayrink Veiga era Raimundo Lopes. Todas as
sextas-feiras ás 10 da noite ia ao ar o Teatro Sertanejo. Eram
histórias rurais focalizando a vida interiorana, muito dentro da realidade do
Brasil dos anos 40 e 50- um país extremamente rural. Eram também peças
completas, muito bonitas, bem feitas, com
sonoplastia e efeitos. O estúdio da Mayrink não era exclusivo
para radioteatro, porém o produto final
era bom. Destaque para os atores Selma Lopes, Chico Anysio, Germano, Nancy
Wanderley e outros, que embora também
participassem de programas humorísticos, eram extremamente versáteis e
faziam belo trabalho.
E
a Mayrink não ficou com apenas Raimundo Lopes. Ela foi buscar um dos novelistas
que estavam mais em evidência no rádio carioca: Amaral Gurgel.
O
Jornal “A Noite” em sua seção “A Noite
no rádio” publicou em sua edição do dia 11 de dezembro de 1956 a seguinte nota.
O grande
produtor Amaral Gurgel está realizando
bonitos programas para a série “Lendas e verdades de todo o mundo”,
todas as 5ªs feiras às 22 horas na Rádio Mayrink Veiga.
Esse programa conta com a participação do
grande elenco de radioteatro da PRA-9.
Observe-se
a interessante consolidação do radioteatro do horário das 22 horas na Mayrink o
que foi mantido durante alguns anos.
Mas a radiodramarturgia não era propriamente o maior investimento da programação noturna da PRA-9. Ela contratou os melhores comediantes cariocas, outros que vieram de São Paulo e garimpou novos jovens talentos do humor. Chamou produtores de nome, que vieram da Tupi e lançou uma linha de programas noturnos de humor que marcaram época no rádio carioca. Vamos ver alguns deles.
Foi assim que por
volta do ano de 1953, a Rádio Mayrink Veiga produziu uma guinada no rádio
carioca. Fazendo parte das Organizações Vitor Costa ela contratou os maiores
astros do humor no Rio de Janeiro, como dissemos. Para
lá foram também produtores já consagrados como Haroldo Barbosa e Antonio Maria
e outros que estava começando entre eles um jovem e talentoso produtor: Sérgio
Porto, o famoso Stanislau Ponte Preta. Pescou também atores e locutores de alto
nível entre eles um monstro sagrado chamado Luiz Jatobá.
ANTONIO MARIA: DA TUPI PARA A MAYRINK
CHICO ANYSIO
ROSE RONDELLI, MISS CAMPEONATO E UMA DAS CERTINHAS DO LALAU: ESCAPOU DO ACIDENTE DE AVIÃO
HAROLDO BARBOSA VEIO DA TUPI PARA A MAYRINK
SERGIO PORTO, O STANISLAU PONTE PRETA:
DO JORNALISMO, ESTOUROU NA MAYRINK NOS ANOS 50.
E
dois jovens locutores que também surgiam: Carlos Henrique e Cid Moreira.
Conseguiu patrocinadores para todos os horários noturnos e lançou uma linha de programas humorísticos
que roubou audiência da Tupi e da Nacional numa faixa de horário que ia de oito
às dez da noite, de segunda a sexta –feira.
Dois
humoristas se destacavam na Mayrink Veiga nesse período: Zé Trindade e Chico
Anísio, sendo que este passou também a escrever quadros humorísticos. Foi na
Mayrink que surgiu um quadro em “A cidade se diverte”: a “Escolinha do
professor Raimundo”.
Havia
a boazuda dona Zezé, Nanci Wanderley; um mineirinho meio caído vivido por
Antonio Carlos, um aluno muito burro com ares de sofredor interpretado João
Fernandes e um espertalhão: Zé Trindade.
LUIZ JATOBÁ E WALTER DAVILA
JATOBÁ: DA RADIO JB PARA OS ESTADOS UNIDOS.VOLTOU AO BRASIL PARA A MAYRINK.
SILVIO CALDAS, O CABOCLINHO QUERIDO E CESAR LADEIRA
CARLOS HENRIQUE: DUPLA COM O JOVEM CID MOREIRA NAS NOITES DA MAYRINK.
CID MOREIRA: INICIO DE CARREIRA NA MAYRINK NOTURNA
ZÉ TRINDADE DESPONTOU NA PRA-9 NO ANOS 50.
Quando
“A cidade se diverte” saiu da Tupi e foi para a Mayrink Veiga, levou também “Cazuza,o calouro
que já vem gongado” juntamente com outros personagens e intérpretes.
As
segundas-feiras era dia de “Miss Campeonato”, uma sátira ao futebol e que
levava torcidas ao auditório para eleger a miss mais bonita. Quem assinava o
programa era Sérgio Porto e parece-me que foi daí que surgiriam pouco depois as “Certinhas do
Stanislau” que tanto furor provocaram naqueles dias.
Destaque
em “Miss Campeonato” era a vedete e mais
tarde radioatriz Rose Rondelli,que
depois se casou com Chico Anísio e tiveram dois filhos,Nizo Neto e Ricardo.
Mas,
Rose, na ocasião, passou um tremendo susto, quando o avião da Vasp em que viajava com a mãe caiu nas águas da
Guanabara, logo após decolar.
Vamos
relembrar o que a edição de O Globo de
31 de dezembro de 1958. publicou.
Irremediavelmente afetado pelo incêndio
que lavrou num de seus motores, um Scandia da Vasp mergulhou ontem na Baía
de Guanabara , pouco depois de ter
decolado do aeroporto Santos Dumont rumo a São Paulo, com 33 passageiros e
quatro tripulantes a bordo, num dos mais dramáticos desastres aéreos de que se
tem notícia nesta capital. Ainda não se sabe o número exato de mortes. Até o
fechamento desta edição tinham sido recolhidos cinco cadáveres ao necrotério do
IML. Entre os sobreviventes estão a vedete Rose Rondelli e sua mãe.
A tragédia, segundo relato das poucas
pessoas que a testemunharam em todos os lances, consumou-se de repente. O avião
movimentava-se normalmente e, quando já perdera contato com o solo, na altura
dos 800 metros da pista, notou-se a fumaceira que saia do motor esquerdo, logo
seguida de grossas línguas de fogo. Os que
estavam no Santos Dumont viveram
instantes profundamente dramáticos, pois já não acreditavam que o piloto, por
mais habilidoso que fosse, conseguisse chegar de volta à pista, como parecia
ser o seu propósito. E esses prognósticos infelizmente se confirmaram. A
aeronave girou em torno do próprio leme, tombou pesadamente para a esquerda e
caiu no mar.
Houve
grande comoção quando se noticiou que a Miss Campeonato estava entre os
passageiros. Somente quando as rádios
esclareceram que Rose Rondelli havia escapado com vida é que os
admiradores ficaram aliviados.
Rose
Rondelli também era muito conhecida em São Paulo , onde estrelava Miss Campeonato para a
TV Paulista.
Mas
voltando a Sérgio Porto.
Ele
também assinava com Haroldo Barbosa o sucesso que foi “Levertimentos”.
A
famosa coluna de rádio de O GLOBO “O ouvinte desconhecido” assim publicou em 12
de abril de 1957:
‘A
rádio Mayrink Veiga, na próxima terça-feira, vai festejar o terceiro
aniversário do programa humorístico “Levertimentos” escrito por Haroldo Barbosa
e Sérgio Porto e interpretado pelo melhor cast cômico do rádio brasileiro”.
Não
poderíamos deixar de falar de um programa humorístico, que se não era capaz de
arrancar gargalhadas dos ouvintes e assistentes do auditório, fazia um tipo de
humor inteligente, criativo e eu diria fleumático.
Chamava-se,
“Vai dar Valsa”. Com um texto muito interessante Haroldo Barbosa, pegava um tema ou uma
história e em vinte e cinco minutos o analisava sob diversos ângulos. Grande
parte do programa recaia sobre a
narração a cargo do genial Luiz
Jatobá. As falas do narrador eram
entremeadas com participações rápidas do elenco. Todas as vezes que entrava o
narrador, entrava junto um piano,ao vivo, tocando notas em ritmo de valsa. Lembro-me de um
programa em que Barbosa
focalizou o que pode acontecer com amadores que resolvem preparar uma pescaria
numa desabitada praia da Barra da Tijuca do início dos anos 50. Não se esquecem de nada, inclusive comida e
cachaça. “Na verdade o objetivo era
encher a cara e a pescaria era apenas um remoto detalhe” diz o narrador.
Num velho Chevrolet 39 eles partem para a aventura. Acendem o lampião,armam a
barraca de lona, mas começa a chover.E tome cachaça. È quando levam um grande
susto com um enorme siri, que se alojara na barraca. E tome cachaça...Após
expulsarem o siri aos berros, eles tentam se abrigar da chuva e do frio. Como a
chuva melhorasse, eles resolvem, já completamente tontos, retomar os molinetes
e reiniciar a pescaria. Mas quem está pescando com o molinete deles: o siri !
Mediante berros e ameaças o siri interrompe a pescaria
e se afasta displicentemente. E as vicissitudes prosseguem. Tudo que eles
decidissem fazer o siri tomava a frente.
Exaustos,
tocados e sem pescar nada, resolvem bater
em retirada. Mas ,
para desespero do grupo, o carro não pega de jeito nenhum. Não têm uma
ferramenta, uma chave de fenda que seja,
desesperados, sentam-se no chão, arrependidos do programa furado. Eis
que, para surpresa do grupo, quem aparece para consertar o carro? O siri!
Nesta
história cheia de surrealismo, o siri conserta o carro, vê o carro partir e
ainda acena se despedindo.
Após
rápidas considerações sobre o perigo de se promover certos programas,à
semelhança da pescaria frustrada de nossos heróis, o narrador adverte:
“ Você deve planejar tudo e pensar bem
no que pretende fazer. Caso contrário, certamente ...
Ao
que um coro exclamava:
Vai dar valsa !
E
ai a orquestra, que permanecera silenciosa durante todo o programa, atacava uma
valsa que era o sufixo do programa.
A
propósito desse programa assim se expressou a Revista do Rádio de abril de 1958.
O programa se fez popular em face dos
temas que Haroldo Barbosa escolhe.: todos quase sempre envolvendo o próprio
ouvinte, participante indireto das situações pitorescas que ali se fazem
pródigas. A exemplo do que aconteceu a um cidadão que levou a família para um
´piquenique na Ilha do Governador. E sofreu como tambor em dia de parada.
Francisco Anísio fez bem o chefe da família (mulher e quatro filhos) que sofre
com a esposa (Ema D’Àvila) e a garotada (Nanci Vanderlei, Antonio José,Jaime
Filho e Selma Lopes, todos em ótimo nível) em meio às peripécias de quem
enfrenta um domingo ensolarado, de maiô e tudo, sem contar com o resto.
Narração convincente de Sérgio de Oliveira. Parte comercial coerente.
OS PROGRAMAS TINHAM UM PREFIXO MUSICAL ESPECIAL.
O
humorístico de Haroldo Barbosa “A cidade se diverte” entrava no ar com uma composição que dizia assim:
A cidade se diverte,
Vamos todos gargalhar.
Faz de conta que a tristeza
Foi morar noutro lugar.
A cidade se diverte,
Quá, quá, quá.
Faz de conta que a tristeza,
Foi morar noutro lugar!
Em rua da alegria, de Antonio Maria, o programa começava assim nas
noites de terças-feiras na Mayrink Veiga:
Essa rua não é minha, não é sua.
Essa rua é de todos nós.
Tem gritos e canções.
Tem risos, emoções.
Vamos cantar a uma voz.
Alegria, alegria da rua.
Essa rua é de todos nós.
Era uma marchinha alegre e
gostosa que o auditório lotado acompanhava junto ao ritmo de palmas.
A frente da orquestra estava o maestro Peruzzi e o coro era composto pelos próprios atores.
A programação noturna da Mayrink Veiga tinha também musicais com Ângela Maria, Luiz Gonzaga, Silvio Caldas e outros astros.
O chamado horário nobre ia de 20 ás 23 horas. Eram programas caros com bons patrocinadores, grande elenco e que marcaram época no velho rádio. Todas as emissoras se esmeravam em produzir programas para o horário nobre. Mas a Mayrink Veiga, a Tupi e a Nacional eram as campeãs de audiência.
tenho muita saudade dos programas noturnos da mayrink veiga,alem do hoje e dia de rock com Jair de taumaturgo
ResponderExcluirum trabalho nota 10 ok
ResponderExcluirjaemataruna.blogspot.com
BONS TEMPOS DOS PROGRAMAS HUMORÍSITICOS DA RÁDIO MAYRINK VEIGA COMO POR EXEMPLO: Mis Campeonato, vai da Valsa, Alegria da Rua, Levertimentos, Boate do Ali-Babá, Vai Levando, Me Da´meu Boné entre outros.
ResponderExcluir