No
início dos anos quarenta o Velho Capitão, como era conhecido o jornalista e empresário Assis Chateaubriand, presidente dos Diários e Emissoras Associadas, queria transformar a rádio Tupi na maior emissora carioca.Ele perseguia o sucesso da Nacional como uma obsessão. As pioneiras instalações da rua Santo Cristo 148, Zona Portuária do Rio de Janeiro, foram transferidas para a rua Venezuela 43.O prédio está la até hoje. Fiz esta foto em 2009. Quando o Porto Maravilha ficar pronto ele ficará em um lugar muito valorizado. Mas hoje não tem mais nada a ver com a Tupi.
A outrora Zona Portuária,
hoje é o Rio Maravilha.
Um projeto executado em plena guerra. Mas, Chateaubriand com enormes sacrifícios montou a rádio com o que havia de mais moderno. No andar térreo, instalaram-se estúdios e palco auditório,
como se dizia na época.
E
a rádio foi, aos poucos, montando uma programação bem ao gosto popular:
radiojornalismo, futebol, radionovela , programas de auditório e muita música
ao vivo.
O
auditório da rádio Tupi era lindo ! Possuía até ar condicionado! Um luxo para a época! No hall de entrada o famoso pintor Cândido Portinari pintou um lindo painel a pedido de seu amigo Chateaubriand.
Instalações
e acústica perfeitas. Ele só tinha um pavimento e na extremidade contrária à
porta de entrada ficava o palco. Da plateia se tinha acesso por meio dos seis
degraus de uma escada que acompanhava toda a frente do palco. Este era grande
suficiente para abrigar uma orquestra de 20 figuras, material de contrarregra e
três microfones, sendo um deles do tipo girafa
ou boom que poderia ser manobrado por
um técnico, dando-lhe mais versatilidade
e maior raio de ação.
No
fundo do palco havia uma parede. Do outro lado dessa parede ficava o estúdio de
radioteatro
Pela
esquerda, na lateral do palco, se dava a entrada dos artistas. As crianças como
eu ficavam sentadinhas na escada de modo que era possível ver os artistas a um
metro de distância e acompanhar a ação dos operadores dentro da cabine de
vidro, a entrada e saída dos artistas, enfim todo o movimento da produção.
O
auditório era muito comportado. Motivado pelo requinte e conforto das
instalações, o público ia bem vestido, vibrava, aplaudia, participava, mas
dentro dos limites da boa educação.
A
direção da Tupi decidiu criar uma programação de auditório, num horário
inédito: de onze da manhã a uma e meia da tarde.
Chamava-se
Rádio Sequencia G-3, sob o comando de
Gilberto Martins e depois de Paulo Gracindo, que pertencia ao radioteatro. O prefixo da Tupi era PRG-3. Dai o nome do programa.
Paulo Gracindo, astro nos anos 40
com sua mulher e o filho recém nascido.
Era o animador da Sequencia G3
Tal
horário pegava os ouvintes almoçando em suas casas, bares e restaurantes que
ligavam o rádio a todo o volume. Até nas calçadas do centro da cidade se podia escutar o animado programa.
Ele
era um “fantástico-show da vida” da era do rádio. Tinha de tudo um pouco:
poesia, humor, informação, promoções, sorteios, pontuado por muita música e
tudo ao vivo, com o público participando do auditório.
Tio
Walter era irmão de minha mãe. Ele trabalhava nos serviços gerais da Tupi e conseguia ingressos promocionais. Meu
avô materno era um português que morava
num sobrado que existe até hoje, no largo São Francisco da Prainha número
quinze, a uma centena de metros do prédio da Tupi. Assim,nas férias,
almoçávamos mais cedo e lá íamos a pé para ver “Rádio Sequencia G-3” .
O autor deste blog morava neste sobrado de toldo vermelho.
Ficava a 100 metros da Tupi.
Eu, com apenas 7 anos, vibrava com tudo o que via. Tinha a orquestra de um jovem maestro que chegara a
pouco de Recife: Severino Araújo.
Quem
escrevia os textos humorísticos eram Silvino Neto e Manuel de Nóbrega, dois
jovens que mais tarde se destacariam na vida radiofônica. Silvino, pai de Paulo
Silvino, seria o autor da Pensão do
Pimpinela onde ele, sozinho, interpretava uma dezena de personagens. Manuel
de Nóbrega seria destaque no rádio paulista e depois na famosa Praça da Alegria na televisão.
Manoel de Nóbrega: início de carreira na rádio Tupi,
antes de ir para São Paulo e para a televisão
E
na parte musical, destaque para Gilberto Alves, Pixinguinha, Odete Amaral,
Carlos Galhardo, Silvio Caldas, o casal Zé e Zilda,o conjunto regional de
Benedito Lacerda e um jovem de cabelos pretos que se apresentava com seu violão
cantando o mar e a Bahia: Dorival Caymmi.
Maestro Severino Araujo
cercado por alguns de seus músicos
O jovem Severino quando chegou ao Rio vindo de Recife
Silvino Neto na Tupi.Fazia diversas vozes e imitações
Ele era assim quando entrou para a Tupi nos anos 30
Dorival Caymmi se revelou de imediato.
O
contra-regra do programa era Jorge Veiga que desejando ser cantor de qualquer
maneira, ficava implorando uma oportunidade a Paulo Gracindo. O que acabou
conseguindo, alcançando muito sucesso. Veiga, com sua bossa e voz fanhosa,
inconfundível seria apelidado, pelo próprio Gracindo de Caricaturista do samba.
Jorge Veiga: de contraregra a cantor famoso
Gilberto Alves: atração da Rádio Sequência G-3
Paulo da Portela,Heitor dos Prazeres,Gilberto Alves, Bide e Marçal:
Mitos do velho samba carioca.
E havia, finalmente, um rapaz magrinho, de
cabelos pretos, terno e gravata, que sem dizer
uma palavra,percorria o auditório e entregava notas de 5 e 10 cruzeiros
aos acertadores das promoções que Gracindo comandava do palco. Esse auxiliar
prestimoso, que entrava mudo e saia calado era Abelardo Barbosa, que anos mais
tarde se transformaria num fenômeno de comunicação e incorporaria o nome “Chacrinha”, porque o programa de rádio
dele que era uma zorra total, chamava-se
“O cassino do Chacrinha”.
O magrinho ao microfone, quem diria..
.é o Abelardo Chacrinha Barbosa!
O mito,depois da Tupi e Tamoio, passagem pela Globo
antes de emplacar na televisão.
Já
que o Presidente Dutra havia fechado os
cassinos no Brasil, em 1945, o Abelardo Barbosa resolveu criar o seu.
Olá, você tem o prefixo desse programa Radio Sequencia?
ResponderExcluirse tiver, por favor me envie um e-mail: caiotr@hotmail.com
Obrigado.
Olá. Meu nome é Pedro Dufriche e quero chanar a atenção sobre um engano nessa página. O homem que aparece na foto acima com a legedda "Gilberto Alves: atração da Rádio Sequencia G-3" não é o cantor Giberto Alves, e sim o compositor Roberto Martins. É isso.
ResponderExcluirOlá Pedro Dufriche, agradeço haver me chamado a atenção para o erro da legenda.Tenho uma foto do Gilberto Alves na qual está muito parecido com Roberto Martins. Ai me confundi. Farei a rectificação. Muito obrigado!!
ExcluirPrezado Pedro Dufriche, acabo de trocar a foto. Agora trata-se mesmo do famoso cantor Gilberto Alves.Mais uma vez gratissimo por sua observação.Escreva sempre.
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