quinta-feira, 29 de maio de 2014

VOZES QUE IRRADIAVAM FUTEBOL NO RIO DE JANEIRO

Estamos no final dos anos trinta. O rádio começava a tomar conta dos lares. O novo veículo transmitia as primeiras novelas, os programas de radioteatro, a alegria dos humorísticos e os cantores do rádio que despontavam. Quando veio a Copa do Mundo de 1938 o Brasil estava presente com seus craques nos gramados da França. Mas como satisfazer a curiosidade dos amantes do futebol diante da precariedade dos recursos técnicos da época? Como trazer do longínquo continente europeu as emoções do grito de gol? O rádio deu a resposta.

O zagueiro Machado, observado por Domingos da Guia. As jogadas dos backs da seleçao brasileira eram transmitidas pelo pioneiro Gagliano Neto.


GAGLIANO NETO: O PIONEIRO QUE ENTROU PARA A HISTÓRIA DAS COPAS PELO RÁDIO!
No dia 5 de junho de 1938, o povo brasileiro viveu um momento histórico. Teve a chance de ouvir, pela primeira vez, uma partida de Copa do Mundo ao vivo. O Brasil venceu a Polônia na prorrogação por 6 x 5 naquela que seria a primeira transmissão do rádio brasileiro realizada de outro continente. A missão de narrar as jogadas de Leônidas e companhia em solo francês coube ao pernambucano Leonardo Gagliano Neto.  Locutor – ou, como se dizia à época, “speaker” esportivo – da Rádio Clube do Brasil, localizada no Rio de Janeiro, ele já havia sido pioneiro um ano antes, quando, trabalhando na Rádio Cruzeiro do Sul, realizou a primeira transmissão de um jogo da Seleção Brasileira, durante o Sul-Americano de 1937, na Argentina. Na ocasião do jogo contra a Polônia, o presidente Getúlio Vargas, que considerava o rádio um instrumento fundamental no processo de transformação do futebol em símbolo de sucesso de seu governo, decretou feriado nacional e ordenou que fossem instalados alto-falantes nas praças e locais públicos para que os brasileiros pudessem contemplar a inédita  transmissão.


Gagliano Neto, voz  pioneira vinda da França pelo cabo submarino e ondas curtas: emoção no Brasil na Copa de 38.


 A Copa de 1938 foi a última antes da Segunda Guerra Mundial. Veio um jejum de 12 anos até que a Copa de 1950 fosse realizada no Brasil. Já então vivianos o apogeu do rádio e as transmissões esportivas recebiam enorme audiência nas vozes de locutores tão famosos quanto os ídolos do futebol.
Vamos conhecer alguns deles.

ALGUNS LOCUTORES FAMOSOS DO RÁDIO CARIOCA QUE NARRARAM COPAS DO MUNDO.
   Ary Barroso,  dispensa qualquer comentário e maiores apresentações. Um dos nossos maiores nomes na música, amante da boemia, advogado, também era locutor esportivo. Torcedor confesso do Flamengo,  torcia descaradamente a favor do rubro-negro nas transmissões que eram feitas pelo rádio. Quando o Flamengo era atacado, ele dizia mensagens do tipo: “Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar.”, se recusando claramente a narrar o gol do adversário. Quando o embate era realizado entre equipes que não fossem o Flamengo, sempre que saía um gol, primeiro ele narrava, e depois tocava uma gaita.Narrava praticamente no meio da torcida. No momento do gol a gritaria era tamanha que ele inventou a gaitinha para os ouvintes saberem que havia saído um gol.


ARY E SUA FAMOSA GAITINHA

Luiz Mendes, considerado um dos maiores comentaristas esportivos do país. Gaucho, nasceu em 1924. Veio para a Rádio Globo, nos anos 40 e começou a narrar jogos de futebol. Inventou um efeito sonoro que era um cuco, que anunciava o tempo de jogo decorrido. Foi assim um dos primeiros locutores a introduzir efeitos sonoros nas partidas.  Ficou na rádio Globo muitos anos, e lá conheceu a radioatriz Daisy Lúcide com quem se casou e viveu até sua morte. Mendes integrou, entre 1977 e 1988, a equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Voltou para a Globo como comentarista.                                                                    Sua voz bela, firme e clara, não mudou desde que era jovem, quando começou na Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Era  conhecido como o“ comentarista da palavra fácil”.

Em 1950, narrou para a Rádio Globo o jogo decisivo da Copa do Mundo daquele ano, entre o Brasil e o Uruguai. Em suas entrevistas, Luiz Mendes sempre se referia ao baque emocional que sentiu ao narrar o gol de Gighia que tirou do Brasil a chance do primeiro título mundial. Ele acompanhou, como locutor ou comentarista de rádio e televisão, 16 Copas do Mundo, inclusive a última, em 2010.
AQUI A BOLA QUE CALOU O MARACANÃ E O BRASIL EM 16 DE JULHO DE 1950.
SÓ NÃO CALOU LUIZ MENDES QUE GRITOU UM DRAMÁTICO GOOOLL!!


LUIZ MENDES ERA ASSIM NA COPA DE 50

JORGE CURI -Nasceu em Caxambu, Minas Gerais  e morreu em acidente na estrada de Caxambu, quando voltava à  sua cidade para as festas de Natal.
Filho do comerciante José Kalil Curi e de Maria Curi, teve oito irmãos, entre os quais, o cantor, compositor e humorista Ivon Curi e o também o locutor  radialista Alberto Curi.
Iniciou sua carreira na emissora local de sua cidade natal, Caxambu, em 1942. No ano seguinte, teve a chance de fazer um teste para a Rádio Nacional, onde, aprovado, permaneceu até 1972. Na Nacional  era locutor e narrador de programas noturnos. Transferiu-se para a Rádio Globo para ser exclusiuvamente narrador esportivo.
Foi um dos maiores locutores esportivos  de seu tempo, ao lado de Oduvaldo Cozzi, Waldir Amaral, Orlando Batista  e Doalcey Bueno de Camargo. Além de locutor esportivo na Nacional, também conduziu o programa dominical de calouros A Hora do Pato.

Em 1984 foi demitido da Rádio Globo e no final da última partida que narrou na Globo (Vasco X Botafogo), fez uma despedida e um desabafo contra os dois diretores que o demitiram, Paulo Cesar Ferreira e Jorge Guilherme, sendo substituído por Washington Rodrigues e José Carlos Araújo. Em seu desabafo ele disse abertamente ter sido "tocaiado" por esses diretores citando o título de uma obra de Jorge Amado.

JORGE CURI: NARRADOR DE 9 COPAS DO MUNDO.NARROU O GOL DE GIGHIA AO LADO DE ANTONIO CORDEIRO EM 50.POUCO ANTES DE SUA MORTE HAVIA SE TRANSFERIDO PARA A TUPI.


Oduvaldo Cozzi foi um grande locutor esportivo do rádio brasileiro, nas décadas de 40, 50,60. Em 1947, quando a transmissão de futebol vira uma febre, Oduvaldo Cozzi é considerado o melhor. Todos os demais procuram imitá-lo, sem conseguir. Era considerado o locutor lírico, assim chamado por ter uma maneira mais lenta e macia de falar e transmitir as partidas. Os gaúchos consideraram que Oduvaldo revolucionou as estruturas das transmissões esportivas no sul. Ele era capaz de falar por duas horas seguidas, sem dizer bobagens. Dono de um estilo bem diferente para a época, fez enorme sucesso. No início da Rádio Nacional ocupou cargos de direção na emissora. Era um profundo conhecedor do rádio. Nos anos 40 assumiu a transmissão esportiva da Rádio Mayrink Veiga e depois ocupou a direção artística da PRA-9.

COZZI: IMAGEM DE GALÃ,  ELEGANTE NO FALAR E NA APARÊNCIA

Nos anos 50 foi para a  Tamoio transformando-a na emissora brasileira dos esportes. O autor deste blog trabalhou com Cozzi  na Tamoio, produzindo um programa chamado               A Juventude e o Esporte, nos tempos dos Jogos da Primavera e dos Jogos Infantis do Jornal dos Sports. Em 1957 transferiu-se com toda a equipe para Super Tupi, quando a Tamoio passou a tocar música, exclusivamente música.

COZZI NA COPA DE 58 IRRADIAVA: GARRINCHA, HOMEM SEM ALMA PASSA POR MAIS UM SUECO!!


COZZI EM 58 APÓS O CHAPÉU HISTÓRICO DO REI:
 GOL MARAVILHOSO DE PELÉ!!

COPA DE 58: MÁRIO AMÉRICO CORREU PARA O GRAMADO E ROUBOU A BOLA DO  JOGO JUIZ FRANCES.


Quando a partida acabou com a vitória de 5 a 2 sobre a Suécia, Oduvaldo Cozzi descrevia emocionado a volta olímpica dos brasileiros. Subitamente, conforme havia sido tramado, Mário Américo, massagista da seleção corre e rouba a bola do árbitro francês  Maurice Guigue. Cozzi, vibra: ...e Mário Américo roubou a bola do juiz! Ele veio por trás, deu um tapinha e roubou a bola do juiz! Agora é perseguido por policiais, mas consegue escapar!

Orlando Batista das Chagas era seu nome completo. Nasceu em Tijuca, Santa Catarina  no dia 11 de junho de 1928.
Orlando Batista  conhecido como o “mais laureado locutor esportivo do Brasil”, iniciou a carreira no rádio em 1944 na Rádio Tupi, cantando e participando de um programa infantil. Em seguida ingressou na Rádio Mauá, onde teve sua formação como  locutor
Orlando Batista comandou durante muito tempo o programa "Turma do Bate-Papo", na rádio Mauá e posteriormente na rádio Nacional. Também esteve à frente de "Campo do 13", na TV Record, e "Dois na Bola", na TV Brasil.  Quando havia um gol, costuma bradar: bota no meio juiz!  A última Copa do Mundo em que participou como narrador foi a de 2002.
Batista participou da cobertura de 14 Copas do Mundo, sendo considerado um dos mais importantes  do rádio esportivo. Morreu aos 83 anos no dia 26 de janeiro de 2012, vítima de enfarte.
ORLANDO AOS 83 ANOS:  CARREIRA BRILHANTE NO RADIO ESPORTIVO


ORLANDÃO EM 58: BOTA NO MEIO MAURICE GUIGUE!
BRADAVA A CADA GOL DO BRASIL NA DECISÃO CONTRA A SUÉCIA.


Waldyr Amaral, foi um dos pioneiros na transformação das jornadas esportivas do rádio num verdadeiro show. Criou apitos e vinhetas, efeitos sonoros que coloriam a transmissão esportiva, no que foi seguido por todas as demais emissoras.A famosa flauta que ecoa hoje por todos os estádios, gravada por Altamiro Carrilho, recebeu outras imitações pelo Brasil afora. Bolou  bordões que atravessaram todo o Brasil e tornaram-se referência nacional como “indivíduo competente”, “o relógio marca”, e “tem peixe na rede”. Criou também o apelido “Galinho de Quintino” que acompanha Zico até os dias de hoje. Vindo de Goiânia, foi para o Rio de Janeiro onde trabalhou em várias emissoras de rádio. Marcou época na Continental e depois na Globo onde viveu sua melhor fase. Faleceu com 71 anos, em 1997.
WALDYR AMARAL: NARRADOR IMPÔS ESTILO REVOLUCIONÁRIO DE NARRATIVA CADENCIADA


JORNALISTAS SE DIVERTEM EM RETORNO VITORIOSO DA SELEÇÃO:
WALDYR AO FUNDO E CURI DE BABADOR.


Doalcey Bueno de Camargo nasceu em Itápolis em 1930 –Morreu em 29 de agosto de 2009, quando atuava na radio Tupi.
Doalcey ganhou notoriedade nas grandes emissoras do Rio de Janeiro como Globo, Tupi, Nacional, Continental, Tamoio e Guanabara (atual Bandeirantes). Desde 1965estava na Super Rádio Tupi, onde acumulou o cargo de diretor do departamento de esportes. Atualmente não narrava mais, mais participava do programa "Bola em Jogo" aos domingos com  apresentação de Luiz Ribeiro.
Doalcey era torcedor confesso do América-RJ, começou sua carreira na Rádio Clube de Marília, no final da década de 1940, a convite do irmão Wolner Camargo, foi para o Rio de Janeiro, onde sua carreira deslanchou profissionalmente.
Narrou grandes clássicos dos clubes cariocas, Copas do Mundo, e foi ele quem criou a figura do comentarista de arbitragem. Por sinal, o primeiro que esteve ao seu lado na cabine de rádio foi o saudoso Mário Vianna. Outro comentarista que trabalhou ao lado de Doalcey, foi Benjamim Wright, pai do ex-árbitro José Roberto Wright.
Vários grandes locutores trabalharam ao lado de Doalcey, entre eles: Waldir Amaral, Júlio César Santana, Sérgio Moraes, Paulo César Tênius (já falecidos) e José Carlos Araújo, Edson Mauro, César Rizzo, Garcia Júnior, Jota Santiago, entre outros.
A EQUIPE ESPORTIVA TUPI DIRIGIDA POR DOALCEY

DOALCEY ERA UM DOS MAIS VETERANOS NARRADORES.

Faleceu na madrugada do dia 29 de agosto de 2009, aos 79 anos, vítima de um enfarte fulminante.

DOALCEY EM UM DE SEUS ÚLTIMOS TRABALHOS


JOSÉ CARLOS ARAUJO, AINDA GAROTINHO,  NARRA  AS EMOÇÕES DE UMA PARTIDA DE  FUTEBOL... DE BOTÃO.

Conheci o José Carlos quando ele tinha catorze anos. Foi no Clube Juvenil Toddy, onde atuava como locutor lendo textos variados. Apesar da idade já possuía um desembaraço fora do comum e uma voz de adolescente que brevemente se consolidou:
timbre claro,leve, porém  elegante, que fugia do tom exageradamente solene de muitos locutores da época.
Quando a professora Maria de Lourdes criou o Bandeirantes do Ar, fomos para a Rádio Roquette-Pinto, mas continuamos também na Nacional. No Bandeirantes, como já disse, por ter um horário maior desfrutávamos todos a possibilidade de experimentar. José Carlos gostava de ler textos românticos chegou a fazer radioteatro. Mas se consolidou como  uma espécie de “locutor padrão” lendo a abertura e o encerramento do programa. Tanto que a Roquette não escalava um locutor profissional para fazê-lo. Ficava por conta do José Carlos Araújo. Lembro-me dele, ainda na metade dos anos 50, apresentando um gostoso programa musical de uma hora de duração, nas manhãs de domingo. Vida que segue, em 1959 nos encontramos calouros na Faculdade de Educação da UDF, hoje UERJ. Ele  cursando Geografia e eu História Natural. Nossa formatura foi em 1962. Depois tentamos concurso para professor do Estado e passamos. Ele foi dar aula de Geografia  no Colégio Estadual Daltro Santos em Bangu. Lá quem dava aula de Educação Física era um jovem professor, chamado Carlos Alberto Parreira, que faria carreira  vitoriosa como técnico de futebol. Eu fui lecionar Ciências e Biologia no Colégio Estadual Cidade de Lisboa. Tivemos algo em comum: sempre conseguimos conciliar o magistério com o rádio.E a vida seguiu. José Carlos, no final dos anos 60 foi para a Rádio Globo como narrador  esportivo. Vibrei muito quando ele transmitiu as primeiras vitórias de um piloto que despontava na Fórmula 1: Emerson Fittipaldi. Vibrava eu  mais com a vitória do meu amigo José Carlos do que com as conquistas do nosso piloto. Em 1976, quando eu retornava de uma pós-graduação em rádio e televisão na cidade do México  fui encontrar José Carlos comandando o futebol da Rádio Nacional. Era o Garotinho voltando ao mesmo microfone que o acolhera  nos anos 50. Em 1983, meu amigo retorna à Globo, como locutor titular onde permanece até hoje, com seu estilo único: moderno, vibrante e descontraído de fazer rádio e narrar futebol. Lembro-me, que ainda muito jovem, José Carlos  cultivava o hábito de chamar seus amigos de garotinho. Era garotinho pra cá, garotinho pra lá. Daí foi que,  creio eu,  de tanto chamar os outros de garotinho, quem virou Garotinho foi ele...Por sinal, o verdadeiro Garotinho. Uma marca forte, comercializada pelo José Carlos Araújo.
Um outro Garotinho surgiria depois. O político. Mas, legalmente,   somente o primeiro e verdadeiro é que pode utilizar comercialmente a marca. E com muita justiça, pois sou testemunha, desde o início de nossas carreiras, de quando e como nasceu o Garotinho.
Afinal de contas, ele era apenas um garotinho quando começou a narrar partidas de futebol... de botão. Ali  despontava  sua paixão pelo rádio e pelo futebol. José Carlos Araújo, um vitorioso no rádio esportivo e que em minha opinião, seria um  gênio no rádio e na televisão, qualquer que fosse o gênero que tivesse abraçado. 
MENDES FOI UM MESTRE PARA GAROTINHO

O JOVEM JOSE CARLOS ARAUJO: INICIO EM PROGRAMAS DE ESTUDANTES NOS ANOS 50.
VIBRAÇÃO QUE CONTAGIA O OUVINTE

NA TRANSAMERICA COM GILSON RICARDO E GERSON CANHOTINHA



JOSE CARLOS ARAUJO EM SEU TEMPLO: O ESTÁDIO DO MARACANÃ
GAROTINHO E ROBERTO SALVADOR,AUTOR DESTE BLOG.
VELHOS AMIGOS, COMEÇARAM JUNTOS AINDA ADOLESCENTES: CADA UM COMPROU O LIVRO DO OUTRO.


ALGUNS COMENTARISTAS DE FUTEBOL DO VELHO RÁDIO CARIOCA.
   Nos anos 40 e 50, quem ligasse o rádio na Tupi do Rio para ouvir a narração flamenguista apaixonada de Ary Barroso, no intervalo e no final dos jogos ouvia os comentários de José Maria Scassa. Era brilhante em suas análises e possuía um público cativo. Depois Scassa acompanharia Ary nas tardes esportivas da TV Tupi e nas famosas mesas redondas dos domingos á noite. Falava pausada e claramente. Improvisava bem e era um contra-ponto à paixão exacerbada de Ary.
Os ouvintes que sintonizassem a Mayrink Veiga nessa época para ouvir a elegante narração de Oduvaldo Cozzi ouvia os comentários de  Valdemar de Barros, um comentarista sóbrio que também falava bem e analisava tecnicamente o futebol como poucos.
Na Globo onde reinava Luiz Mendes, o comentarista era Geraldo Romualdo que alternava com Benjamin Right, pai do árbitro e hoje comentarista de arbitragem José Roberto Right. Benjamin cunhou a expressão o futebol é uma caixinha de surpresas!que persiste até hoje.
Na Mauá a narração era com o vozeirão de Orlando Batista e os comentários do ex-técnico da seleção brasileira Adhemar Pimenta.

AS TRANSFORMAÇÕES DOS PIONEIROS.
   Narrar 90 minutos de futebol não é para qualquer um. Exige preparo físico, boa saúde e disposição. José Carlos Araújo declarou-me, certa vez, que perde no calor de uma narração esportiva, cerca de 2 quilos! Isto representado pela perda de suor. Precisa, portanto, beber muita e muita água para repor. Usa também umas pastilhas de menta para manter a garganta fresca. Leva sempre outra muda de roupa, pois ao final da jornada calça, camisa, cuecas... fica tudo encharcado der suor. Não bebe álcool de jeito nenhum. Na véspera das transmissões não vai a festas. Dorme cedo e repousa.
Não pense que o narrador tem sempre ao seu dispor uma cabine de rádio com todo o conforto. Muitas vezes, nos pequenos estádios, ficamos a poucos metros da torcida, sofrendo com o calor e no maior desconforto. 
Veja um pouco mais acima o exemplo mostrado na foto de Orlando Batista, sentado numa desconfortável cadeira, a beira do gramado e debaixo de sol.
Luiz Mendes disse-me certa vez: eu tinha que segurar o texto com os comerciais que tinha que ler durante a narração, o microfone, os textos com anotações sobre o jogo, o nome dos jogadores, a renda!Muitas vezes sem ter onde apoiar.
Eu só tinha duas mãos! Ah! outra coisa, muito cuidado para não se enrolar nos fios e manter os fones colados nos ouvidos.
Hoje, nos modernos estádios as cabines destinadas aos locutores são climatizadas e confortáveis. 



Mas quando viajamos para o exterior nos grandes eventos esportivos, não há cabines para todas as emissoras e temos que ficar nas cadeiras ou na tribuna da imprensa,  declarou-me o veterano de muitas Copas do Mundo Doalcey Bueno de Camargo.

Narrar 90 minutos de futebol com prorrogação e possível disputa de pênalti exige um esforço extra, como aconteceu na Copa de 92.
Tem que estar em forma.
Certa vez o locutor Antonio Cordeiro, que narrou com Jorge Curi a Copa de 50, sofreu fortes dores no peito em pleno Maracanã em um domingo a tarde. Narrou até o final! Levado para o hospital logo após o término da partida, os médicos constataram que ele estava enfartando! Mas conseguiu se salvar e voltou a transmitir jogos de futebol.
O famoso narrador José Cabral, vascaíno, oficial da reserva da Aeronáutica, o famoso homem da maricota, passou mal quando transmitia um jogo pela Rádio Jornal do Brasil nos anos 80. Resistiu o quanto pode, até pedir desculpas aos ouvintes e entregar o microfone ao repórter que ficava no gramado.
Conforme a idade foi chegando muitos narradores transformaram-se em comentaristas no rádio ou passaram a transmitir pela televisão, que exige menos esforço. Foi o que aconteceu com Luiz Mendes e Oduvaldo Cozzi.
Outros permaneceram no rádio, mas passaram a comentaristas.
Entre estes Doalcey Camargo, Carlos Marcondes, Gilson Ricardo e outros..
Luiz Mendes deixou a TV e retornou á Rádio Globo, já agora como comentarista, onde ficou até sua morte.

TRAGÉDIAS EM PLENA COPA DO MUNDO.
Seleciono aqui dois episódios envolvendo dois grandes do futebol e do rádio carioca.
Um aconteceu com Oduvaldo Cozzi e o outro com João Saldanha.
Falemos primeiro de Cozzi. Ele era comentarista de televisão e em um pool de várias emissoras comentava a final de Alemanha versus Holanda, vencida pelos anfitriões alemãs. Cozzi encerrou seu brilhante comentário e sofreu um AVC. Apesar de imediatamente socorrido teve sequelas. Permaneceu na Alemanha longo período hospitalizado e retornou ao Brasil. Nunca mais recuperaria a fala, apesar dos esforços de uma de suas filhas que era fonoaudióloga.
Uma ironia do destino que aquele homem de voz bonita e fala brilhante perdesse a voz para sempre, justamente em uma final de Copa do Mundo!


Cozzi: voz calada em pleno cenário da Copa 74`.



Viaduto Oduvaldo Cozzi: acesso ao Maracanã.

CORREÇÃO E ENRIQUECIMENTO DE INFORMAÇÃO.
Acabo de receber  de Leilane Cozzi um pedido de correção sobre o conteúdo incluído neste blog a respeito de seu pai, notável e querido radialista Oduvaldo Cozzi. Ai vai, portanto a transcrição do comentário de Leilane.

Meu nome é Leilane Cozzi sou a filha caçula de Oduvaldo Cozzi. Gostaria de fazer uma correção a respeito do texto sobre meu pai. Depois que ele voltou da Alemanha, após um mês inteiro em tratamento intensivo , imediatamente começou o tratamento no Rio de Janeiro com os melhores médicos cada uma em sua especialidade. Clinico, neurologista, cardiologista, fonoaudiólogas, fisioterapeutas e fisiatra. A recuperação dele foi, considerada por todos eles, surpreendente. Ele ia ao cinema constantemente, lia muito, assistia os jogos pela televisão, recebia os amigos em casa e participava dos eventos familiares sempre com muito bom humor e alegria. Tenho duas irmãs que são  fonoaudiólogas , mas nenhuma das duas tratou dele por não ser a especialidade de nenhuma das duas. Mas muito obrigada pela lembrança. Um abraço da família Cozzi.

MEU COMENTÁRIO. Estimada Leilane, fico-lhe imensamente grato pela enorme contribuição. Assim nossos leitores puderam saber um pouco mais sobre Cozzi, uma vez que, lamentavelmente, os meios de comunicação, na época, não deram o merecido destaque à saga de sua recuperação e à dedicação da equipe que cuidou dele. Que bom que desfrutou de momentos felizes na companhia de amigos e familiares! Estou seguro que os remanescentes admiradores de Oduvaldo Cozzi, ao lerem este blog e este seu comentário se sentirão alentados e felizes. Muito obrigado!

ALGUMAS FOTOS ADICIONAIS DE ODUVALDO COZZI
Cozzi, liderava audiência e atraia patrocinadores

Palácio do Catete, final dos anos 50:
Juscelino recebe o campeão olímpico Ademar Ferreira da Silva.
Cozzi fez a reportagem.

Final dos anos 30:
Na cobertura de Carmem Miranda na Rádio Nacional


JOÃO SALDANHAJoão Sem Medo
      Cid Moreira, Hilton Gomes e João Saldanha, comentarista do Jornal Nacional nos anos 70.

Gaúcho, nascido em Alegrete, em 1917, Saldanha falava a linguagem do povo. Era um ídolo popular. Todos queriam ouvir o João, no “rádio de pilha”, no intervalo dos jogos. Começava sempre seus comentários com o bordão “Meus amigos”.



Saldanha: linguagem que o povo curtia porque entendia. 
Aqui, ao lado de Geraldo José de Almeida

              Era conhecido como João Sem Medo por suas críticas, inclusive, ao regime militar, como fez como comentarista na Copa de 70 no México, denunciando as prisões e torturas no Brasil. Como militante comunista, enfrentou a polícia de peito aberto, ganhou uma bala que lhe perfurou o pulmão e ajudou a organizar a guerrilha camponesa de Porecatu, no Paraná. Nunca abriu mão de seus ideais. Nem da sua profissão de jornalista.
Saldanha entrou para o rádio esportivo como comentarista. Atuou na Rádio Guanabara, junto com Cozzi, Curi, Doalcey, Clóvis Filho e outros. brilhantes narradores.  Já estava muito debilitado, porem, mesmo assim viajou  para Roma, a fim de comentar a Copa de 90 para a TV Manchete e Jornal do Brasil. 

 Saldanha: morte causada por enfisema pulmonar devido ao fumo.

 Deslocava-se em cadeira de rodas e não conseguiu concluir seu cometário. Morreu no próprio cenário da Copa. Segundo seu grande amigo Luiz Mendes, "Saldanha, como os heróis, morreu no campo de batalha".


Gostou desta postagem? Mande seus comentários! 

Quer saber mais? Leia nosso livro. Meu objetivo é preservar a memória do velho rádio



Até a próxima!







43 comentários:

  1. Sensacional este blog com estas figuras, principalmente as dos anos 70 - quando tive o prazer de começar a ouvir rádio. Não sou locutor (embora desejasse sê-lo), mas amo as transmissões esportivas. Doalcei, Saldanha, Mendes, Luciano do Valle, José Carlos Araújo, me marcaram muito.

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    1. OLÁ vitor, obrigado por sua participaçao. Continue visitando nosso blog!

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    2. Obrigado amigo! Desculpe não haver respondido antes, mas teu precioso comentário não havia sido localizado por mim.Continue visitando nosso blog.

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  2. Vcs. se esqueceram do CLOVIS FILHO ?!!!!!
    FALECEU CEDO, MAS FOI UM DOS MAIS EXTRAORDINÁRIOS LOCUTORES E FOI ELE QUEM GRITOU PELA PRIMEIRA VEZ O GOLAAAÇO, NA COPA DO CHILE. o GOL FOI DE AMARILDO.
    SOU GILKA, vúva dele.

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    1. Muito bom falar com a Sra.; para mim, o maior de todos.
      Quando narrada um "golaço" ou gritava no "cant'é" goooooooooooollllllll do Flamengooooooooo; anos 60 e 70 na Continental, Rio!
      Boa noite!!!

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    2. Gilka. O Clóvis era meu locutor favorito. Eu narrava jogos de futebol de botao imitando o Clóvis: " Eu dizia " ele narrava quando algo que ele previra, acontecia...deixou saudades.

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    3. Gilka. O Clóvis era meu locutor favorito. Eu narrava jogos de futebol de botao imitando o Clóvis: " Eu dizia " ele narrava quando algo que ele previra, acontecia...deixou saudades.

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    4. Fico feliz em saber disso. Clovis brilhou também nas mesas redonda de futebol aos domingos a noite. Pena que morreu precocemente.

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    5. GILKA, OBRIGADO POR SUA PARTICIPAÇAO. lEGAL SABER QUE VOCE É A VIUVA DO QUERIDO CLOVIS FILHO.

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    6. Gosto tanto de rádio que escrevi um livro sobre o mesmo aqui em Belem do Pará.Já passei dos setenta e até hoje tenho uma grande dúvida.Para mim -sem puxar o microfone para o meu lado por ele ser paraense - o primeiro comentarista de arbitragem foi Gama Malcher, ex-árbitro de futebol.Juro que cheguei(não posso afirmar se foi por tão breve tempo -a ouvi-lo sendo Waldir Amaral o narrador do jogo, nesse tempo creio que já na Globo ou ainda na Continental.Nunca li, entretanto, nada sobre isso.Vc confirmaria o que eu digo? Foi um pouco antes de Mário Vianna.Espero por sua resposta.Abs.

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    7. Realmente Expedito, Malcher foi o primeiro comentarista de arbitragem do rádio. O Mário Vianna veio depois. Ambos lançados por Waldyr Amaral.

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    8. Grato por sua confirmação. Tenho uma foto de um livro em que Malcher aparece ao lado e Waldyr Amaral. Ambos na Globo. Outra dúvida, mas acho que esta por breve tempo. Quando Oduvaldo Cozzi foi titular (narração) na Mayrink Veiga, antes de 1964, Gentil Cardoso foi seu comentarista. Acho que por brevissimo tempo. Cheguei a ouvi-lo. Gentil era metido a "falar difícil" pois quando esteve aqui em Belém sendo técnico do Paissandu, ele só se referia "eau grand complete" para dizer que o time jogaria com todos os titulares. Mas era um cara inteligente, sem dúvida.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Melhor foi Clóvis Filho principalmente quando narrava "gol do Batafogo". Era um delírio.

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    1. Obrigado por sua oportuna opinião Lorismario. Continue vendo meu blog.

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  5. Clovis Filho, para mim o maior de todos.

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  6. Realmente, Alfredo, o Clovis Filho era muito bom. Teve como mestres Luiz Mendes, Cozzi e Waldir Amaral. Foi do tempo de João Saldanha na Emissora Continental. Lutou contra um câncer de garganta, mas morreu precocemente.

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  7. Ficou faltando Clovis Filho que ocupou o o lugar de Waldir Amaral na Continental.Morreu muito cedo, salvo engano, ainda na década de 70.E Raul Longras que usava o bordão:"pimba, gol" quando transmitia pela extinta mundial?Era engraçado demais.Sou de Belém do Pará, já acima dos 70 anos mas ouvia quase todas as rádios cariocas em suas ondas curtas.Naquele tempo longe da internet.Cheguei a escutar narrações da antiga Federal(depois Manchete) quando transmitia de Niteroi e a Vera Cruz com Darcio Campelo.Escrevi um livro (Rádio-Repóter) sobre o rádio paraense em 2010.Saudosos tempos.

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  8. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  9. Realmente cade o grande Clovis Filho. Que eu curtia na Continental que estava em todas.

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  10. ELE JUNTO COM POLINHO HOJE NA TUPI RRJ.
    DOIS AMIGOS VIPs.
    ARARUAMA,13.02.2018
    6.2.18 FOI ANIVERSÁRIO DE ARARUAMA, 159 ANOS.
    JRNAL MATARUNA ESPORTIVO

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  11. Preciso da biografia de Clovis Filho para incluir no blog Projeto vip que tem a historia diaria dos vivos e mortos de primeiro de janeiro a 31 de dezembro ok - se tiver me envie
    Email - miguelsampaiomonte@gmail.com

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  12. Clovis Filho... inesquecível. guardo na memória sua locução do gol do Flamengo contra o Botafogo em 1967, quebrando um jejum longo, ele dizendo:"É uma festa maluca, minha gente, milhares de bandeiras desfraldadas para o gol de Doval''... Para mim, foi o maior de todos.

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    1. O texto acima é meu, Luiz Antônio Lopes - lalopesbr@yahoo.com.br

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  13. Como era o nome daquele locutor carioca que na hora do gol gritava : " ta laaaaaaa, Zicoooo o. .." anos 70

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  14. Muito obrigado por lembrar-nos destes monstros do rádio brasileiro. De todos estes, o meu preferido é Waldyr Amaral. Dono de uma voz marcante e estilo único!

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  15. Waldyr Amaral quando entrava e saia das transmissões esportivas, dizia seu refrão: "Você ouvinte é a nossa meta. É pensando em você que procuramos fazer o melhor"! Preciso dizer mais, Valdek. Obrigado por comentar.

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  16. Obrigado! Numa só palavra você expressou seu sentimento. Adorei!

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  17. GRANDES PROFISSIONAIS DO RÁDIO BRASILEIRO!!!

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  18. GRANDES PROFISSIONAIS DO RÁDIO BRASILEIRO!!!

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  19. Havia no Maracanã a sala Clovis Filho. Depois da reforma para a Copa ela ainda existe? Tem foto dele? Nunca vi foto dele nem nunca o vi na resenha esportiva de domingo a noite na tv continental mas o comentarista qie fazia dupla com ele na radio continental, o Carlos Marcondes, estava lá todos os domingos. Queria que a viúva dele, Gilka Pereira, entrasse em contato comigo no email fmbartholomei@gmail.com Meu nome é Fernando e Clóvis Filho é inesquecivel

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  20. Bom dia,
    Meu nome é Leilane Cozzi sou a filha caçula de Oduvaldo Cozzi. Gostaria de fazer uma correção a respeito do texto sobre meu pai. Depois que ele voltou da Alemanha, após um mes inteiro em tratamento intensivo , imediatamente começou o tratamento no Rio de Janeiro com os melhores medicos cada uma em sua especialidade. Clinico, neurologista, cardiologista, fonoaudiologas, fisio terapeutas e fisiatra. A recuperação dele foi, considerada por tds eles, surpreendente.Ele ia ao cinema constantemente, lia muito, assistia os jogos pela televisão, recebia os amigos em casa e participava dos eventos familiares sempre com muito bom humor e alegria. Tenho duas irmãs que são fonoaudiólogas mas nenhuma das duas tratou dele por não ser a especialidade de nenhuma das duas.Mas muito obrigada pela lembrança. um abraço da familia Cozzi.

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  21. Estimada Leilane, muito e muito obrigado por sua correção. Além de fazer justiça a todos os que cuidaram de Cozzi com dedicação e amor, mostra a saga e a força de sua recuperação! Visite novamente a postagem e verá que inclui sua correção e enriqueci com mais uma fotos de meu arquivo. Por oportuno, caso você possua algum material sobre seu pai e que possa compartilhar comigo, ficarei grato. Quem sabe eu preparo uma postagem especial sobre a vida desse grande radialista, com o qual eu trabalhei quando tinha 17 anos? Muito obrigado e felicidades a este linda família.

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  22. Oi amigo. Nao vi nenhuma mencao sobre o locutor Sergio Paiva da antiga radio Continental. Muito ecletico narrava varios esportes e ate mesmo.dublagensm

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  23. Roberto, muito interessante a pesquisa sobre o Radio Teatro. Vc ainda tem algum exemplar?

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  24. Você está se referindo ao livro A Era do Radioteatro? Tenho sim.

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  25. Na minha juventude acompanhava o Cozzi, maior locutor deb todos os tempos, na Emissora Continental, junto a equipe do OC nomes como Waldyr Amaral, Clovis Filho e muitos outros que mqis tarde brilharam na radiofonia brasileira, que saudade!

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  26. Parabéns! Excelente texto. D alguns me lembro e de outros não foram de meu tempo.

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  27. Fico desvanecido com teu comentário! Me estimula a seguir com este trabalho! Muito e muito grato!!!

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