Os lançamentos para o carnaval que aconteceria em fevereiro ou março se misturavam com as melodias de Natal já em dezembro. De tal forma, que quando chegava a festa do Ano Novo todo mundo já tinha na ponta da linguá as músicas que serviriam para pular o carnaval.
Os futuros foliões recortavam as letras das marchinhas e dos sambas que vinham publicadas aos montes nos jornais diários. Havia também as revistinhas baratas que se compravam nas bancas ou nos camelôs e que se colocava ao lado do rádio e com elas se acompanhavam os programas de auditório ao vivo por onde desfilavam os cantores com as orquestras ou conjuntos musicais.
Revista A Modinha Popular: baratas e eficientes na divulgação das letras
Discos 78 rotações por minuto.
Sensação dos anos 30 ao final dos 40. Feitos de cera de carnaúba.
Se caíssem no chão quebravam feito vidro.
Agulha que precisava ser trocada a cada 10 execuções.
Mas todo mundo achava legal!
Blecaute: O General da Banda
O cantor Blecaute na Rádio Nacional, emplacou grandes sucessos.
Pedreiro Valdemar, Maria Candelária, General da Banda, que lhe valeu o apelido.
Havia ainda os lançamentos dos discos de 78 rotações por minuto. Possuíam lado A e lado B. Geralmente o lado A era a música mais forte. Porém, com frequência o lado B "pegava" no gosto popular, contrariando as previsões dos programadores das gravadoras. E então o artista começava a "trabalhar" mais essa música que estourava nas paradas de sucesso.
Isso porque, além dos programas de rádio com os interpretes ao vivo, havia os programas que tocavam as gravações, incansavelmente, durante toda a programação diária. Isso acontecia nos emissoras mais modestas, que tinham elenco.
Braguinha, foi certamente, um dos maiores compositores de todos os tempos.
Gilberto Milfont ganhou muitos carnavais. Atuava na Nacional
Gilberto Alves, interpretou Rosa Maria samba que tinha a cara do carnaval de 1951.
Quatro Ases e um Coringa: É com esse que eu vou e Pescaria
Raul Moreno e seu coro no auditório da Rádio Club do Brasil
Esse "martelar musical" fazia com que todo mundo aprendesse as musicas de carnaval e as soubesse na ponta da língua, como se dizia então.
As rádios que possuíam programas musicais ao vivo eram a Nacional, Tupi, Mayrink Veiga e Club do Brasil que depois passou a se chamar Mundial. As demais, Guanabara, Tamoio, Globo, Rio de Janeiro, somente executavam gravações.
O auditório da Rádio Mayrink Veiga era pequeno,
então o Trem da Alegria foi parar no Teatro Carlos Gomes.
Paulo Gracindo dança em ritmo de carnaval
seguido por Dona Berenice, o cantor João Dias, Mara Abrantes, Grande Otelo e Pitaluga Filho.
Festa de Marlene no programa de Manoel Barcelos
Ao microfone, Zezé Macedo e Oscarito.
Ele gravou para o carnaval de 50 a famosa Marcha do Gago
As primeiras possuíam seus próprios auditórios, mas os programadores tinham a alternativas de transmitir de auditórios de clubes, cinemas ou teatros, em programas diurnos, aproveitando a capacidade ociosa desses espaços.
Poderosos patrocinadores bancavam os programas ao vivo. Geralmente eram produtores de bebidas, especialmente as alcoólicas, cigarros, inseticidas, lojas de roupas, tecidos e produtos carnavalescos, incluindo-se ai os famosos lança-perfumes, liberados na época. e até mesmo pastilhas para garganta.
As Pastilhas Valda patrocinavam a Parada dos Maiorais
no programa Cesar de Alencar.
Para muitos, lança-perfume era imprescindível para brincar o carnaval.
Mas Jânio Quadros acabou com a farra em seu curto governo em 1961.
Um dos programas que divulgavam as músicas de carnaval era o de Cesar de Alencar.
Aqui com as cantoras Linda e Dircinha Batista. Ao fundo o famoso maestro Chiquinho.
Linda Batista no programa de Cesar de Alencar.
Clima de pré-carnaval.
Cesar, a cantora portuguesa Esther de Abreu e Floriano Faissal.
A quase totalidade dos cantores de rádio da época gravavam para o carnaval. Não importava se eram cantores românticos, de voz pequena ou daqueles que soltavam a voz. Quando chegava o período carnavalesco todo mundo tinha pelo menos duas músicas para justificar uma "bolacha" com lado A e lado B. Mas havia também os artistas que não eram propriamente cantores e gravavam carnaval. Atores, radioatores, vedetes, humoristas e até locutores.
Chico Anísio também compunha.
O famoso conjunto regional de Dante Santoro:
muito requisitado no pré-carnaval da Nacional
O mesmo acontecia na hora de compor as músicas.Se havia as tradicionais duplas de compositores carnavalescos: Haroldo Lobo & Milton de Oliveira. Klecius Caldas & Armando Cavalcanti, João de Barro e Alberto Ribeiro, os campeões João Roberto Kelly, Zé da Zilda,Noel Rosa e outros, havia também os eventuais compositores surgidos do meio da classe artística. Os radioatores Roberto Faissal, Francisco Anísio e Domício Costa e animadores como Cesar de Alencar, Afrânio Rodrigues, Abelardo Chacrinha Barbosa, produtor Max Nunes são exemplos.
O Carnaval Brahma Chopp acontecia dois meses antes nas rádios Tupi ou Nacional.
Auditório da Nacional no período pré-carnavalesco
Animador José Messias, cantoras Bidu Reis e Rosita Gonzales
com Murillo Latini
Naqueles tempos que antecederam aos desfiles de escolas de samba, o que pontificava no reino de Momo era mesmo o carnaval de rua. Para tanto enfeitavam-se os bondes que percorriam as cidades levando os alegres foliões ao som de marchinhas e sambas de carnaval que as rádios e os discos haviam fixado na memoria do povo.
Brincar carnaval a bordo de um bonde da Light era diversão barata.
Bonde enfeitado tendo o cobrador de terno escuro em primeiro plano. Ninguém pagava passagem...E na frente estava escrito:"Saudamos o povo carioca". Bons tempos que o velho rádio ajudou a compor.
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Bom carnaval!
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