terça-feira, 24 de setembro de 2013

MAIS RADIOCASSETADAS !


O OPERADOR GREGÓRIO E O DISCO IMPOSSÍVEL.

A vítima aqui  foi  um operador de áudio.Aconteceu com o Gregório, um dedicado funcionário da Roquette Pinto responsável pela manutenção dos equipamentos. Desmontava, consertava e montava de novo aquelas complicadas traquitanas valvulares dos anos 40 e 50 que eram as mesas de áudio,  garantia do bom funcionamento de nossas emissoras.Gregório era um negro,bom, simpático, enorme de gordo,que me lembrava muito aqueles tipos que habitam as ruas de New Orleans.Após estas informações preliminares, vamos a este “causo” contado por Josecy Lira Lima.

Eu dirigia a programação da Rádio Roquette Pinto. Fazia parte da mesma a transmissão de programas que eram encaminhados a nós pelo Serviço de Transcrição das Embaixadas. Havia programas da Voz da America, da Rádio Netherland da Holanda, da Rai da Itália, da Deutsche Welle da Alemanha e da Radio Difusion Television Française  Geralmente esses programas vinham gravados em fita magnética com exceção dos programas da Holanda que vinham em discos de vinil e eram doados à rádio e da França que vinham em discos de cera e tínhamos que devolver logo depois de ir ao ar para que fossem encaminhados a outras emissoras e por isso vinham com muitas recomendações de cuidados. Esses discos tinham uma particularidade: eram gravados de dentro para fora. Começavam a tocar junto do selo. Devido a tantas recomendações na hora do programa ir ao ar, entreguei pessoalmente nas mãos do Gregório, o operador do horário, e renovei as recomendações e fiquei por ali para o caso de alguma dúvida. O locutor anunciou o programa e o Gregório colocou o pick-up no lado de fora onde se inicia qualquer disco normal. Claro,não deu outra: a agulha caiu para fora do disco!Ele fez nova tentativa e novamente ela caiu para fora do disco e antes que eu tivesse tempo de falar qualquer coisa o Gregório pegou o disco e dizendo: "este disco está com defeito!” bateu com ele na quina da mesa quebrando em mil pedaços. Não me lembro como o programa prosseguiu. O difícil foi dar a notícia ao pessoal da embaixada.

CONHAQUE É RUIM PARA OS PÉS.
Esta me foi contada pelo professor e jornalista Nilandi Carneiro que atuou nas principais emissoras do Rio.Embora não seja propriamente um “causo” de radioteatro, resolvi incluí-lo, por seu aspecto grotesco e tratar-se de  um belíssimo locutor-noticiarista.Na década de 80, foi um dos titulares  de leitura dos jornais noturnos da Rádio Globo.       Mas vamos ao fato, narrado pelo Nilandi.                             A redação da Globo funcionava onde é até hoje, no quarto andar da Rua do Russel, 434, na Glória, Rio de Janeiro. A tarefa do locutor era ler os noticiários O Globo no Ar das 21h, 22h, 23h, todos com mais ou menos cinco minutos de duração, e O Seu Redator Chefe, à meia-noite, com 25, 30 minutos de duração.
    Do estúdio, no terceiro andar, ele lia o jornal das 21 horas e, em determinados dias, em vez de terminar a leitura, subir para a redação e devolver o original lido e rubricado, com as possíveis observações de ocorrências durante a leitura, não fazia isso. Preferia pegar o elevador e descer direto para a rua, onde no bar do Albino, ao lado da porta da emissora, tomava "uma" daquelas que matou o guarda e botou a família do sargento na UTI, tirava o gosto com um pé de galinha cozido e ao molho – especialidade da casa - jogava um pouco de conversa fora com os taxistas que ali faziam ponto, para então, depois de 30, 40 minutos dar as caras na redação. 
     Na leitura do jornal das 22, o ritual se repetia e o nosso companheiro só reaparecia faltando poucos minutos para entrada no ar do noticiário das 23 horas. Nova descida, mais uma talagada e uma descansada para a leitura do grande jornal, à meia-noite, com duração de meia-hora, aí em dupla com outro profissional.
      Numa dessas jornadas, pouco antes do tradicional prefixo "meia-noite em ponto!Novo dia chegaaandooo....”, alguém entra apressadamente na redação e avisa ao editor que surgira um problema e que ele se virasse para arranjar um locutor para ler "O Seu Redator Chefe", o tal jornalão.È que o personagem de nossa história, um dos titulares – o noticiário era lido por dois locutores, repito - depois da terceira dose, resolvera se encostar  na lataria de um carro estacionado na calçada em frente ao portão do prédio da rádio, no meio de uma curva, com os pés para a rua. Um veículo passou desenvolvendo alta velocidade, justamente em cima de um dos pés do moço, numa verdadeira proeza, talvez pilotado por um também consumidor da água que locutor não deveria ter bebido durante o trabalho. 
Testemunhas, como sempre exageradas, disseram que o sapato que estava no pé danificado foi parar em frente ao Hotel Glória, ou seja, a uns 100 metros de distância. O apresentado, com o pé parecendo uma bola, foi parar no estaleiro, onde ficou por alguns dias, longe do microfone e – provavelmente – do maldito conhaque.

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