terça-feira, 27 de agosto de 2013

NA ERA DO RADIOTEATRO... MAIS ALGUMAS HISTÓRIAS DAQUELE TEMPO

Uma das novelas que sucedeu a Em busca da felicidade no horário das dez e meia da manhã, foi  As tranças de Madalena, que tinha Isis de Oliveira no papel título. Certa manhã, como acontecia nos finais de semana eu e minha mãe pegamos a barca na  praça Quinze de Novembro para chegar a tempo de ouvir a novela do outro lado da baía. Desembarcamos na  praça Araribóia e rumamos para um café que havia na esquina da avenida Amaral Peixoto. Lá estava um rádio ligado em alto volume, transmitindo  As tranças...Que uma pequena multidão de radiocalçadas ouvia com atenção. Entramos no café e minha mãe pode acompanhar a novela, enquanto eu saboreava um daqueles deliciosos bolinhos que os bares vendiam e que ficavam sob uma redoma de vidro sobre as  mesas, acompanhado de uma xícara de café com leite. Quando a novela  acabou , a multidão se dissipou, dona Áurea pagou a conta e me disse:
-Betinho, agora  vamos naquela barraca comprar um peixe para eu preparar para domingo na fazenda.
Se o mercado informal nos dias de hoje é uma tônica, imagine naqueles tempos de pós-guerra. Por isso havia na calçada que dava para o mar uma quantidade de barracas que vendiam o peixe fresco que vinha do entreposto da   praça  Quinze. Minha mãe escolheu um lindo badejo de mais de dois quilos, que o barraqueiro embrulhou em várias folhas de jornal. Não se espantem, mas naquela época ainda não havia sido inventado o plástico e o papel de embrulho era artigo de luxo. Nos tempos bicudos do pós-guerra era tudo embrulhado em jornal mesmo.
Rumamos para o terminal do ônibus e embarcamos na viação Cabuçu, rumo ao Rodo de São Gonçalo.
Quando o ônibus chega ao bairro de Neves, um passageiro salta carregando um peixe embrulhado em jornal. Imaginando que aquele era o seu peixe, minha mãe interrompe a saída do veículo e interpela o passageiro que já estava na calçada:
- Senhor, será que este peixe não é o meu?
Ao que ele respondeu a distância:
-Não senhora. Esse badejo é meu. Comprei nas barcas de Niterói.
-Pois eu também! E  não estou encontrando o meu embrulho.
 Um pequeno alvoroço se instala no ônibus, que não estava lotado. O motorista sai do seu posto e junto com os passageiros se propõe a esclarecer o incidente, procurando o embrulho. Para resumir: o peixe de dona Áurea estava caído no chão, sob dois acentos adiante de onde  estávamos.Era na realidade um embrulho igualzinho  ao do homem o que havia gerado a dúvida de  minha mãe.
Desfeito o mistério, foi uma risada geral, inclusive do homem da calçada, que felizmente, levou tudo na esportiva.
No domingo, sintonizada no Programa Casé, toda a família Salvador, festejava a Páscoa saboreando enchovas preparada por dona Áurea em meio a muitas gozações pelo ocorrido.




Antes da metade dos anos quarenta e emissora da praça Mauá já havia colocado no ar mais de uma centena de novelas, todas elas patrocinadas e distribuídas a partir do tradicional horário  das dez e meia , entrando pela tarde, às 13 horas e chegando  no horário nobre. A Colgate-Palmolive  jogou suas novelas para as 8 da noite.                          
O elenco de radioteatro  recebia direto dos anunciantes o mesmo ocorrendo com Vitor Costa. O faturamento da rádio deu um pulo, os horários das novelas aumentaram e a audiência idem.
A PRE-8 era líder em todo o Brasil. Chegaram novos transmissores de ondas curtas além da onda média e a cobertura era nacional.


Entre os novos horários  de novelas que a PRE-8 criaria nos anos quarenta  destacou-se  o de 21 horas. O patrocinador, um produto que existe até hoje, era anunciado pelo excelente locutor Aurélio de Andrade:

“No ar a novela das nove, sob o patrocínio do Óleo de Peroba, o supremo renovador dos móveis”.

Os autores que mais se destacaram nessa faixa foram Oduvaldo Vianna, Amaral Gurgel e  Guiaroni
Duas  novelas, entre as muitas que fizeram enorme sucesso foram “A bela e a fera” e A gloriosa mentira “esta última de Guiaroni”.
Numa dessas novelas, não sei qual das duas, havia um personagem cômico, alegre,  vivido pelo grande Walter Dávila. Era o doutor Memeco, que ao formular qualquer frase. Tinha um cacoete que o fazia dizer
- “Meco! Meco-meco”!                                                                                                                E depois dizia o que tinha que dizer.
A gloriosa mentira” tinha Ismênia dos Santos  e Celso Guimarães como o casal de mocinhos.
Destaque para Floriano Faissal que interpretava um tio, apaixonado pela sobrinha (Ismênia dos Santos) .

Numa noite,no clímax da novela, um dos capítulos termina com o tio, embriagado, querendo agarrar a moça para beijar. A cena foi forte, pois a contra-regra arrastava cadeiras,  louça se quebrava,  com  ela tentando se  desvencilhar, enquanto se ouvia o personagem de Floriano gritar:

-Venha cá ! Quero beijar estes lábios carnudos e vermelhos!
Este rosto lindo e macio !

E a moça gritava e fugia:
-Não meu tio ! Não faça isso !
Ao fundo, a sonoplastia executava uma música agitada e dramática que se fundiu com
O sufixo da novela.                                                                                                                     No dia seguinte à transmissão houve  reação  do público. Muitos protestos escandalizados enquanto  outros, veladamente, invejando o tio tarado, pois a voz de Ismênia dos Santos era uma tentação de tão linda.
Confesso que até hoje não consigo aceitar aquela “escorregada” de “A gloriosa mentira”. Foi uma cena forte, embora em uma novela às 9 da noite. (Naquela época as crianças dormiam cedo). Não consigo compreender simplesmente pelo fato de que os padrões de autocensura na emissora eram muito fortes. E o próprio Floriano, que interpretou a cena, se transformaria, mais tarde, num zeloso guardião da ética e da moral no radioteatro que ele veio a dirigir, como veremos um pouco mais adiante.
Leio, com algum a frequência, que as novelas do velho rádio  evitam tocar em determinados assuntos tabus para a época. Realmente as novelas jamais falavam de homossexualismo. Este era abordado apenas de forma jocosa nos programas humorísticos como acontece até hoje na  televisão.O mesmo acontecendo com determinados tipos de preconceito  que estavam presentes a todo instante, ridicularizando o negro, o nordestino, o imigrante, o gago, o surdo ou o mudo. Isto era mais evidente nos programas de humor.

Floriano Faissal dirigia o radioteatro da Nacional com mão de ferro, mas era doce e humano quando necessário.

Castro Gonzaga era radioator e escrevia novelas.Dono de uma bela voz grave, foi da Tupi e da Nacional. Nos anos 80 ainda atuava em novelas da TV Globo.



O adultério, a suposição de incesto, a  curra ou a tentativa de estupro, volta e meia rolavam, embora em cenas veladas ou levemente  sugeridas ou referidas, especialmente nas novelas noturnas. Esses assuntos não eram tratados de forma explícita. Eram apenas “sugeridos” com habilidade pelos novelistas. O restante ficava por conta da imaginação do ouvinte
Embora,  palavra amante não fosse citada,   o adultério, a traição, os triângulos amorosos era uma constante. Cá pra nós, caso contrário as histórias seriam uma enorme chatice.
Se as relações sexuais eram apenas sugeridas nos filmes, não seria o rádio que as explicitaria. Assim, gritos e sussurros para sugerir atos sexuais  eram muito discretos ou praticamente ausentes. O máximo que acontecia era um beijo mais demorado com os atores  inspirando e em seguida prendendo a respiração por dois segundos e expirando juntos. Esse era o beijo “cinematográfico” através do rádio.
Meu amigo Sérgio Rubens que trabalhou comigo no Clube Juvenil Toddy me conta que ele soube na ocasião que a atriz  Lygia Sarmento foi advertida pela direção da rádio por ter se excedido em sussurros durante a  cena de um caloroso beijo de amor.
Lygia era uma excelente atriz que começou em teatro aos 16 anos na década de vinte. Trabalhou na Companhia Jaime Costa, quando viajou pelo Brasil inteiro. Entrou para o cinema em 1931 com “Alvorada da Serra”. Depois fez  “O jovem tataravô” e  “Segredo das asas”. Era, portanto, uma estrela, quando entrou para  o radioteatro da Nacional nos anos 40. Era uma figura encantadora na vida real, mas nas novelas era muito escalada para fazer o gênero megera. Morreu recentemente em  2007,  aos 94 anos por ironia, um dia após  a morte de Ghiaroni que morreu aos 89 anos.
Do  Anuário do Rádio, publicado em 1956, consta a seguinte declaração de Floriano Faissal o mesmo que 10 anos havia protagonizado a cena do “ataque” à sobrinha.
As novelas da Rádio Nacional se caracterizam sempre pela boa qualidade. Não admitimos a irradiação de textos negativos, destrutivos e em conseqüência indignos. Há assim, muita vigilância em torno das novelas programadas. Quer um pequeno detalhe? Ei-lo: não se permite na Rádio Nacional que o vocábulo “amante” apareça no texto de uma novela.
E na mesma publicação, há este depoimento de Sérgio Vasconcelos, outro diretor da emissora:
Na Rádio Nacional procuramos educar o público também através das novelas, incutindo no ouvinte bons  sentimentos, maneiras corretas de agir em sociedade. Quero apenas demonstrar que é assim que a Rádio Nacional educa, levando o ouvinte a repelir o mal e aplaudir o bem.
Minha aluna da Faculdade Moacyr Bastos, Cátia dos Santos Machado, em novembro de 2004 escreveu uma interessante monografia  sob o título: “A Rádio Nacional fazendo a alegria dos cariocas no final da década de 1940”.
No tocante à moralidade das novelas da época, extraio mais este  trecho.
“Na realidade a Nacional constituía-se assim, em um importante instrumento de influência na opinião  pública. A respeito, Miriam Goldfeder afirma que a emissora  fazia parte de um mecanismo de controle social, ‘destinado a manter as expectativas sociais dentro dos limites compatíveis com o sistema como um todo’. A mesma autora pondera: ‘ O que a Rádio Nacional propagava, em última instância, não era a excelência de um modelo político, mas a legitimidade de um tipo de sociedade e de um quadro de valores éticos’”.


Na segunda metade dos anos quarenta a Nacional lançou um programa muito interessante chamado “Atire a primeira pedra”. Era uma coletânea de histórias verídicas, que os ouvintes enviavam e eram radiofonizadas em histórias completas (isto é: princípio, meio e fim no mesmo dia). “Atire”...  Foi escrita durante anos por novelistas variados: Raimundo Lopes, Ghiaroni, Haroldo Barbosa entre outros, segundo registros dos arquivos da Nacional.  Às sextas-feiras às dez da noite, uma história completa em 25 minutos  na qual o personagem principal contava seu drama.A narrativa, sempre começava com a frase: “Meu nome é”...Ou “Eu me chamo”...  E ao final tomava uma decisão. Cabia ao ouvinte julgar se  o personagem agira certo ou errado.
Eram histórias muito bonitas e criativas que focalizavam temas humanos e bastante maduros e polêmicos para a época.Anos depois mudou de horário e passou para sábados às 11 e quinze da manhã  no horário patrocinado pela Sidney Ross. E também mudou de nome para “Que o céu me condene”. Os temas, por força do horário deixaram de  ser mais pesados, mas a beleza das histórias continuou a mesma.
Esta série é precursora do famoso “Você decide” que a TV Globo mostrou com enorme sucesso. No tempo do velho rádio, a interatividade usada pela televisão, décadas depois, era inviável  tecnicamente
Era, portanto um formato interessante, que consistia como dissemos em um narrador na primeira pessoa do singular que contava o seu drama com entradas de diálogos pelos demais atores. Ao fim do capítulo, tendo ao fundo o poema sinfônico “Morte e Transfiguração” de Richard Strauss, o ator dizia com toda  ênfase :

- Esta é a minha história. Estou aqui para ser julgado  E se agi errado alguém terá o direito de   me condenar.Que esse alguém, com a força de sua convicção  me atire a primeira pedra!

Quando o seriado mudou  de nome, logicamente  o  texto final sofreu alteração e ficou assim:
- Esta é a minha história. Estou aqui para ser julgado (a). E se agi errado, que o céu me condene “!”.

E a música que estava em fundo subia  a primeiro plano dando um clima de encerramento ao programa.



O segredo do sucesso das radionovelas consistia simplesmente no fato, de que ao ouvinte  era permitido tudo imaginar. A interpretação dos atores, a sonoplastia, a contra-regra e o  texto levavam o ouvinte a idealizar a cena e com isso aflorar nele fortes emoções : ódio ou amor, ternura ou revolta, amizade ou horror, antipatia ou afeto.
Usando a entonação e a voz com habilidade, o radioator conseguia levar até o público emoções, muitas emoções. Paulo Gracindo certa vez interpretou um personagem que era um galã um negro. Ele falava corretamente. Era admirado, forte e respeitado,mas sempre evitando os  estereótipos. Chamava-se  Bentão.
De outra feita o mesmo Gracindo fez, sozinho o papel de dois irmãos gêmeos. Um era bom e o outro mau caráter. Mas para não se atrapalhar ele marcava o script com cores diferentes  já que às vezes eles contracenavam.


Muitos ouvintes,com frequência, misturam realidade com fantasia. Isto acontece até hoje nas telenovelas, quando confundem  Persona com pessoa.


Em A bela e a fera, Henriqueta Brieba (lembram-se dela em Por falta de roupa nova passei o ferro na velha quando já estava com quase 90 anos?) no final dos anos 40 interpreta uma mulher muito má. De tantas maldades que fez com Ismênia dos Santos, acaba, no derradeiro capítulo, louca, vagando pelas ruas e servindo de galhofa para os moleques e júbilo dos ouvintes.

Uma tarde, Henriqueta recebe recado para retirar no serviço de correspondência da Nacional uma enorme caixa de papelão que havia chegado pelo correio.
Feliz da vida, imaginando um presente que uma ardorosa fã lhe havia mandado.
Ao abrir a caixa, na frente dos funcionários, o que viu foi uma grossa corda de uns 2 metros, e um bilhete que dizia:

“Esta corda é para você se enforcar, para pagar as maldades que fez na novela, sua megera”!
Esta história me foi contada por Daisy Lúcidi.
Certa vez a excelente atriz Elza Gomes, que vivia um papel de megera numa novela da Nacional, quase foi agredida numa feira por uma fã revoltada com suas maldades.


QUAL DE VOCES É A GENOVEVA? QUERO QUEBRAR A CARA DELA!

Carmem Sheila me contou a seguinte história. Houve nos anos 50 uma novela na Nacional escrita por Amaral Gurgel. Chamava-se a Menina da saudade e se passava no interior de uma fazenda no tempo da escravidão. O senhor do engenho, homem rico e poderoso,amiúde escolhia uma negrinha filha de escravos para transar. Eis que uma delas engravida.Nasce, então, uma menina que cresce e se transforma numa linda mulata, de feições finas e olhos esverdeados. Por outro lado, o dono da fazenda tem também uma filha com a esposa. Sendo a filha branca um pouco mais nova que a mulatinha. A fim de manter esta sempre por perto da casa grande, o dono reserva à negrinha a missão de ajudar a tomar conta da filha legítima. As duas crescem e brincam juntas. Ocorre que a branca, Genoveva era seu nome, era feia que nem a necessidade, contrastando com a beleza da mulatinha. Por inveja e despeito Genoveva está sempre fazendo maldades com a mulatinha, sem que esta possa se defender dada a enorme distância social. Os ouvintes tomam as dores da mulatinha e passam a ter ódio de morte por Genoveva.  Cartas e cartas chegam à emissora condenando a jovem megera e assumindo as dores da indefesa mulatinha. A novela seguia outras vertentes, mas a história das duas meninas, que fora concebida por Gurgel para ser uma história  secundária, repercutiu tanto, que superou o interesse da linha mestra da radionovela.
Numa tarde, uma ouvinte revoltada,  invade a sala de ensaios com a intenção de  agredir  a jovem atriz que interpretava a Genoveva. E dirigindo-se para as duas jovens atrizes, que estavam sentadas lada a lado segurando seus roteiros exclama: Qual de vocês é a Genoveva? Quero quebrar a cara dela!.Sorte das duas, que a ouvinte não pode concretizar o ato, impedida que foi por outros artistas.

 DOUTOR MENDONÇA ATENDE NO CORREDOR DA RÁDIO.
FÃ ENTREGA UM ENXOVAL DE BEBÊ A ISIS DE OLIVEIRA.

Mas havia também o outro lado: uma senhora, apaixonada pela voz de Sant-Clair Lopes, o seu Benjamim, de “Em busca”...  decidiu doar em cartório, com reserva de uso e fruto, (citam algumas fontes, por testamento, segundo outros autores), seu único e modesto apartamento onde morava. Como não tinha herdeiros, doou
para “aquele que,  por meio da voz lhe tinha trazido tantas e tantas emoções através de seus personagens”.

Em busca da Felicidade” por ser uma novidade para os ouvintes, criou nesses uma empatia em que fantasia e realidade se confundiam.
Floriano Faissal,  o doutor Mendonça, se vestia muito bem. Gostava dos ternos brancos, inclusive os sapatos, como era moda nos anos 40.
Certa tarde, uma senhora foi à rádio dizendo que queria falar com o doutor Mendonça.
O porteiro, encaminhou-a ao Floriano, lógico.
Ao vê-lo no corredor o cumprimentou e chamando-o sempre de doutor Mendonça, pediu que Floriano a examinasse pois estava com um problema abdominal.
O ator  tentou explicar à ouvinte que ele não era a pessoa indicada para cuidar dela e para não magoá-la sugeriu que procurasse o doutor Paulo Roberto.
Esse era médico mesmo !
Desconheço o final dessa história, que  foi contada pelo próprio Floriano, durante uma palestra que coordenei na Universidade do Estado do Rio de Janeiro com a professora Marlene Blois em  22 de outubro de 1984
Mais adiante falarei da grande figura de Paulo Roberto, médico e radialista da Nacional.
Em O direito de nascer, Isis de Oliveira que interpreta a jovem Maria Helena do Juncal, recebeu um enxoval completo de bebê, quando sua personagem engravidou e foi desprezada pelo pai o terrível Dom Rafael do Juncal.Sobre essa novela falaremos mais adiante.
Certa vez Rodolfo Mayer quase foi agredido por um grupo de ouvintes. Elas não aceitavam ver o personagem interpretado por ele,um homem sem escrúpulos,que engravidara uma jovem (Iara Sales), omitindo que era casado com uma senhora decente(Zezé Fonseca). O pequeno grupo ludibriou a segurança e partiu para cima do Rodolfo ofendendo-o. Eu e outros companheiros entramos no meio e tiramos o Rodolfo do sufoco. Contou Floriano Faissal em depoimento ao Museu da Imagem e do Som.
Saint-Clair Lopes foi outro que recebeu ameaças por carta e pessoalmente, ao interpretar uma peste chamada Manuel Justino na novela Renúncia,sucesso que ia ao ar às 9 da noite nos anos 40.



Embora o fato não tenha acontecido entre nós, que é o objeto deste livro, resolvi relatá-lo  por ser, bastante comentado, e que mostra como os ouvintes frequentemente confundiam  realidade  e fantasia nos tempos do velho radioteatro.
Refiro-me ao que aconteceu na noite de domingo de 31 de outubro de 1938 nos Estados Unidos, quando Orson Welles, com sua voz grave e marcante anunciou pelos microfones da CBS no programa Teatro Mercúrio:
-Atenção senhoras e senhores  ouvintes...Os marcianos estão invadindo  a Terra...Atenção senhoras e senhores, os marcianos estão invadindo os Estados Unidos da América... Atenção senhoras e senhores  ouvintes ...
O que aconteceu foi que a dramatização se fez de forma tão real que desencadeou um verdadeiro pânico na população. Pessoas buscavam-se desesperadas, procuravam fugir das cidades. Outras passavam mal e desmaiavam. Casais trocavam juras de amor e se despediam esperando o pior. O programa transmitido de costa a costa alcançou uma repercussão que saiu de controle e praticamente parou o país!
Ao perceber o que estava acontecendo a alta direção da Columbia Broadcasting System ordenou que o programa fosse retirado do ar e  feitos os devidos esclarecimentos aos apavorados ouvintes.
Quando, finalmente,  ficou claro que se tratava de uma dramatização, as coisas se acalmaram. Mas que houve muito estrago, houve.
Este acontecimento fez com que regulamentos internos de emissoras de rádio,em todo o mundo, seguindo recomendações das autoridades, jamais colocassem no ar uma dramatização sem que ficasse claro para o ouvinte que o que estava sendo levado ao ar era um programa de radioteatro.

Marion, Lolita França, Paulo Gracindo (de óculos), Ismênia dos Santos,
Neuza  Maria e Altivo Diniz cumprimentam Isis de Oliveira.


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