sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

RADIO MAYRINK VEIGA 91 ANOS!

FUNDADA EM 21 DE JANEIRO DE 1926, SE FOSSE VIVA ESTARIA COMPLETANDO 91 ANOS!
É assim que costumamos nos referir a pessoas deste mundo e que se foram e que deixaram saudade. Mas esta querida emissora de rádio, embora não possuísse alma, representava a alma de milhões de brasileiros. Vamos contar um pouco de sua história.



Cesar Ladeira, gênio do velho rádio:
 dirigiu a Mayrink a partir de 1933 e transformou a emissora. 


Ladeira, uma das mais bonitas vozes da locução radiofônica,
 criava slogans para os artistas.


 Desde o fim dos anos 20, e, principalmente, após o radialista César Ladeira assumir sua direção artística, em 1933, a emissora abriu seus microfones para os maiores craques da Música Popular Brasileira da época: Francisco Alves, Silvio Caldas, Vicente Celestino, as irmãs Carmen e Aurora Miranda, Noel Rosa, Gastão Formenti, Carlos Galhardo e Moreira da Silva, entre outros.


Aracy de Almeida e Carmem Miranda:
atrações da Mayrink nos anos 30 e 40.



Artistas do elenco da Mayrink

Aracy de Almeida era a maior intérprete de Noel Rosa

A popularidade da Mayrink, líder de audiência até o surgimento da Rádio Nacional, acabou sendo registrada por Lamartine Babo, na canção “As cinco estações”: “Sou a Mayrink popular e conhecida”, diziam os versos entoados, na gravação original, por Carmen, Francisco Alves, Almirante e Mário Reis.
Lamartine Babo, além de compositor produzia programas




Francisco Alves,
 antes de ser o Rei da Voz atuou na Mayrink

Ao longo da década de 30, a emissora emplacou programas que marcaram época na história do rádio no Brasil, como "Canção do dia", com Lamartine Babo; "Trem da alegria", com Lamartine Babo, Yara Sales e Heber de Boscoli, "Picolino", com Barbosa Junior; "Horas do outro mundo", com Renato Murce, e o "Programa Casé", com Ademar Casé, entre outros.


        Ademar Casé e seu fabuloso programa, que revelou centenas de talentos.

    Toni Mayrink Veiga, representante da família, e o famoso microfone





Ruy Porto narrou futebol nos anos 50.



Assim era Ângela Maria: começo na Mayrink


Ângela Maria hoje: ícone das cantoras brasileiras.



Antonio Maria,além de compositor, narrava futebol e escrevia belos programas noturnos. Foto arquivo Osmar Frazão

Como o auditório da rádio era pequeno, o público lotava o teatro.

Yara e Heber de Boscoli: casamento de estrelas.
A esquerda Lamartine Babo

Yara, Vitor Binot e Heber.
 Vitinho era filho do primeiro casamento de Iara Sales.

Vários de seus astros brilharam também no cinema, como Aurora e, principalmente Carmen Miranda, que estourou nos Estados Unidos, e Vicente Celestino, que estrelou "O ébrio", escrito ele e por sua mulher, Gilda de Abreu, que também dirigiu o filme, lançado em 28 de agosto de 1946. O longa-metragem, que tinha ainda a cantora Ademilde Fonseca no elenco, se tornou um grande sucesso nacional, e estima-se que 5 milhões de espectadores tenham visto o filme nos quatro primeiros anos de lançamento. Segundo Alice Gonzaga, herdeira da Cinédia, produtora do melodrama, o filme pode ter vendido 8 milhões de ingressos.
Vicente Celestino interpreta O Ébrio, anos 40.




Vicente Celestino nos tempos da Mayrink. Dizem que sua voz era tão poderosa que tinha que cantar a dois passos do microfone para não derrubar a emissora...Foto arquivo Osmar Frazão



Vicente Celestino


Ademilde Fonseca, agilidade e folego ao cantar.



 No início dos anos 60 participou ativamente da Campanha da Legalidade. Ela constituía a Rede da Legalidade, e mobilizando a opinião pública em defesa dos direitos do vice João Goulart, ameaçado pelos militares de não assumir a presidência da República, com a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1962.
Governador Brizola, do Rio Grande do Sul, fala pela Rede da Legalidade.

Presidente João Goulart, sua derrocada levou também a Mayrink Veiga.

Jango assumiu, veio o regime parlamentarista mas os militares tinham a Rede da Legalidade atravessada na garganta.. Em  1º. de abril mesmo após as rádios de todo o país anunciarem que Jango renunciara e fugira para o Uruguai,a Mayrink Veiga e Farroupilha de Porto Alegre remanescentes da Rede da Legalidade  continuaram a conclamar o povo a resistir. Foi quando a  Mayrink foi também ocupada,obrigada a sair do ar tendo  seus transmissores lacrados. Finalmente, em julho de 1965 a PRA-9 teve sua freqüência  definitivamente cassada, depois de 39 anos de destaque na radiofonia brasileira.


Bem ao lado da Mayrink no dial, ficava a Rádio Globo, PRE-3. Embora poucas pessoas soubessem, a Globo utilizava, precariamente, um canal pertencente ao governo do Chile.
Os chilenos já haviam pedido o canal de volta e a situação da Globo era portanto, difícil.
Com a cassação do canal internacional da Mayrink, os militares deram-no para a Globo, que de emissora de pouca expressão, iniciou uma escalada, que fez dela líder do Ibope em curto espaço de tempo.A Mayrink, era uma emissora pioneira.Possuía nos anos 40 e 50, um belo elenco de radioteatro, orquestras, cantores, auditório refrigerado e um prédio de 5 andares exclusivamente destinado a seu uso. Tudo isso desmoronou, para tristeza de seus ouvintes. Seu  acervo e patrimônio se perdeu de vista.
O abandonado prédio da Mayrink em 2009. 
A porta central era a entrada para o auditório situado no térreo.

Uma placa. Uma rua.
 Uma estação de rádio que um dia fez vibrar o público


Hoje quem passar pela rua Mayrink Veiga número 15, no centro do Rio de Janeiro,vai ver lá um prédio de 5 andares com fachada de acabamento desbotado e sujo. Fui rever o prédio.
O pequeno, mas aconchegante auditório refrigerado substituiu as poltronas por carros. Hoje é um estacionamento disputado, pela carência de vagas na região central.Indaguei de dois vigias o que funcionava no prédio.
-Nada. Está vazio. Parece que é do Banco Central. Nós ficamos aqui tomando conta dos carros e para que não seja invadido.Disse-me um dos vigias.
Dei mais uma olhada no que era o auditório e pareceu-me ouvir o eco das vozes de Zé Trindade e Chico Anísio. De Carlos Henrique e Cid Moreira. De Cesar Ladeira e Nancy Wanderley. De Ângela Maria e da Orquestra de Peruzzi.
Sai de fininho, antes que os olhos ficassem úmidos.Atravessei a rua e olhei mais uma vez para o edifício.
 No frontispício, as letras de metal foram arrancadas, ou certamente roubadas. Mas deixaram marcas que teimam em permanecer, onde se pode ler claramente, soando como um lacônico epitáfio: 
Rádio Mayrink Veiga.

Querido leitor de meu blog, espero que tenha gostado de minha pesquisa sobre a histórica
 Rádio Mayrink Veiga. 
Mande sua opinião e sugestões. Ficarei feliz em recebê-las!


28 comentários:

  1. meu pai tem hoje 66 anos e recorda com saudade o tempo de criança, quando ouvia no rádio as novelas com sua mãe.

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    1. Fico feliz em saber! Foi um tempo delicioso, Marcos.

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    2. Meu Maria Socorro Mendes. Gostei da sua história pois estou participando de uma peça de teatro e o meu tema é a Radio Mayrink Veiga e isso me ajudou muito na historia dessa Rádio obrigado

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  2. Ouvi muito a rádio Mayrink veiga no sertão da paraPar o rei do baião Luiz Gonzag aos domingos,
    quanta saudade parabéns ao blog

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  3. Foram muitos os programas que assisti nos anos 60,programa o trabalhador se diverte com Raimundo Nóbrega de Almeida e os programas humorísticos com Zé Trindade,Castrinho entre outros da época,Regional de canhoto Luiz Gonzaga trio nordestino e tantos outros,que saudades

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    1. O Raimundo Nobre de Almeida era o chefe do jornalismo quando a rádio foi fechada.

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  4. Saudades do hoje e' dia de rock comandado por jair e isack

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    1. Nesse programa, Roberto, Erasmo e muitos outros iniciantes, tiveram vez. bem lembrado,

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    2. Obrigado por seu comentário. Grande abraço!

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  5. Amigo,obg pelo seu relato sobre essa rádio pq sou apaixonado pelos anos de ouro do rádio e por suas cantoras ! Sou de Belém do Pará e todo ano visito o Rio , de feria ! Sou apaixonado por essa cidade !

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  6. Boa tarde!Meu avô escrevia atas para o jornal na época em que fez parte do grupo dos onze na luta com Carlos Prestes. Foi até preso em 64. Gostaria muito de saber se encontraria ainda arquivado e poder ler o que ele escrevia para esta rádio. E obrigada, gostei de sua pesquisa.

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    1. Se você souber para que veiculo seu avô escrevia. Sabendo a época e o nome do jornal poderá ter acesso nos arquivos da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Eles tem tudo microfilmado. Fiz várias consultas lá para escrever meu livro. Muito obrigado por seu precioso comentário.

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  7. Apesar de ter nascido em 1947, ouvi muito a radio, acompanhei os programas. QUE SAUDADES.

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  8. Eu tenho fotos antigas relacionada ,sou nora de Ary Neri pires .

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    1. Mas que honra saber disso! Gostaria de ver essas fotos. Você é daqui do Rio? Faça contato comigo. Meu celular é 21-9 99124202. Grande abraço!

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    2. Sou neta dele! Não o conheci mas procuro lembranças!

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  9. Eu gostaria de saber se vc tem alguma informação sobre o prédio número 18 da Rua Mayrink Veiga. É o prédio que o senhor tirou a foto da placa da rua que está aqui no blog. Dizem que esse prédio era um manicômio, mas essas informações são bem no estilo boato. Teria alguma informação sobre isso?

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  10. Estimado Raphael, antes de mais nada obrigado por seu comentário.Não tenho notícia de que o prédio tenha sido um manicômio. Para saber eu teria que fazer uma longa pesquisa na Prefeitura, creio que consultando o Arquivo da Cidade. Mas nesse momento de isolamento é impraticável. Mas quem sabe eu conseguirei quando isso passar? Você me deixou curioso! Não seria de admirar! Você sabia que o prédio onde se instalou a Rádio MEC nos anos vinte na Praça da República 141-A abrigou o necrotério do Rio de Janeiro? Grande abraço e continue nos prestigiando!

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  11. Meu pai veio de Recife para servir na Marinha em 1956, ele sempre me conta que ia na Mayrink Veiga as quartas-feiras ouvir o tio dele que tocava na orquestra Tabajara. Ele ia sempre fardado. Boas lembranças do Rio antigo que ele sempre me conta ... Obrigada por essas memórias... Um abraço...

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  12. Eu passo muito pela rua Mayrink veiga, lembro do final dos anos 50 e início de 60 do programa hoje é dia de rock, onde iniciou Roberto Carlos, Wanderléa, Erasmo, hoje o prédio fechado, o auditório servindo de estacionamento. É uma lástima, poderia ser restaurado e transformado em museu do rádio.

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  13. Eu conheci a Radio Mayrink Veiga mais todo vida sempre procuro ler tudo sobre essa Radio e também sobre os artista , cantores e humorista que frequentaram essa Radio não vou falar os nomes porque são muitos .É uma pena saber de tudo que aconteceu com ela e em que o predio se transformou .

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  14. Oi sou nora do saudoso Ary Nery pires e tenho muitas fotografias do tempo e uma lembrancinha da rádio.

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    1. Oie! Sou neta dele e tô procurando lembranças! Por favor, se ver essa mensagem me contate no karenmgm@gmail.com!

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  15. Que bom saber! Gostaria de ver essas relíquias. Grande abraço e obrigado pelo contato.

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