É assim que costumamos nos referir a pessoas deste mundo e que se foram e que deixaram saudade. Mas esta querida emissora de rádio, embora não possuísse alma, representava a alma de milhões de brasileiros. Vamos contar um pouco de sua história.
Cesar Ladeira, gênio do velho rádio:
dirigiu a Mayrink a partir de 1933 e transformou a emissora.
Ladeira, uma das mais bonitas vozes da locução radiofônica,
criava slogans para os artistas.
Desde o fim dos anos
20, e, principalmente, após o radialista César Ladeira assumir sua direção
artística, em 1933, a emissora abriu seus microfones para os maiores craques da
Música Popular Brasileira da época: Francisco Alves, Silvio Caldas, Vicente
Celestino, as irmãs Carmen e Aurora Miranda, Noel Rosa, Gastão Formenti, Carlos
Galhardo e Moreira da Silva, entre outros.
Aracy de Almeida e Carmem Miranda:
atrações da Mayrink nos anos 30 e 40.
Artistas do elenco da Mayrink
Aracy de Almeida era a maior intérprete de Noel Rosa
A popularidade da Mayrink, líder de audiência até o surgimento da Rádio
Nacional, acabou sendo registrada por Lamartine Babo, na canção “As cinco
estações”: “Sou a Mayrink popular e conhecida”, diziam os versos entoados, na
gravação original, por Carmen, Francisco Alves, Almirante e Mário Reis.
Lamartine Babo, além de compositor produzia programas
Francisco Alves,
antes de ser o Rei da Voz atuou na Mayrink
Ao longo da década de 30, a emissora emplacou programas que marcaram
época na história do rádio no Brasil, como "Canção do dia", com
Lamartine Babo; "Trem da alegria", com Lamartine Babo, Yara Sales e
Heber de Boscoli, "Picolino", com Barbosa Junior; "Horas do
outro mundo", com Renato Murce, e o "Programa Casé", com Ademar
Casé, entre outros.
Ademar Casé e seu fabuloso programa, que revelou centenas de talentos.
Toni Mayrink Veiga, representante da família, e o famoso microfone
Ruy Porto narrou futebol nos anos 50.
Assim era Ângela Maria: começo na Mayrink
Ângela Maria hoje: ícone das cantoras brasileiras.
Antonio Maria,além de compositor, narrava futebol e escrevia belos programas noturnos. Foto arquivo Osmar Frazão
Como o auditório da rádio era pequeno, o público lotava o teatro.
Yara e Heber de Boscoli: casamento de estrelas.
A esquerda Lamartine Babo
Yara, Vitor Binot e Heber.
Vitinho era filho do primeiro casamento de Iara Sales.
Vários de seus astros brilharam também no cinema, como Aurora e, principalmente Carmen Miranda, que estourou nos Estados Unidos, e Vicente Celestino, que estrelou "O ébrio", escrito ele e por sua mulher, Gilda de Abreu, que também dirigiu o filme, lançado em 28 de agosto de 1946. O longa-metragem, que tinha ainda a cantora Ademilde Fonseca no elenco, se tornou um grande sucesso nacional, e estima-se que 5 milhões de espectadores tenham visto o filme nos quatro primeiros anos de lançamento. Segundo Alice Gonzaga, herdeira da Cinédia, produtora do melodrama, o filme pode ter vendido 8 milhões de ingressos.
Vicente Celestino interpreta O Ébrio, anos 40.
Vicente Celestino nos tempos da Mayrink. Dizem que sua voz era tão poderosa que tinha que cantar a dois passos do microfone para não derrubar a emissora...Foto arquivo Osmar Frazão
Vicente Celestino
Ademilde Fonseca, agilidade e folego ao cantar.
No início dos anos 60 participou ativamente da Campanha
da Legalidade. Ela constituía a Rede
da Legalidade, e mobilizando a opinião pública em defesa dos direitos do
vice João Goulart, ameaçado pelos militares de não assumir a presidência da
República, com a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1962.
Governador Brizola, do Rio Grande do Sul, fala pela Rede da Legalidade.
Presidente João Goulart, sua derrocada levou também a Mayrink Veiga.
Jango assumiu, veio o regime
parlamentarista mas os militares tinham a Rede da Legalidade atravessada na
garganta.. Em 1º. de abril mesmo após as rádios de todo o país anunciarem que
Jango renunciara e fugira para o Uruguai,a Mayrink Veiga e Farroupilha de Porto
Alegre remanescentes da Rede da
Legalidade continuaram a conclamar o
povo a resistir. Foi quando a Mayrink
foi também ocupada,obrigada a sair do ar tendo
seus transmissores lacrados. Finalmente, em julho de 1965 a PRA-9 teve
sua freqüência definitivamente cassada,
depois de 39 anos de destaque na radiofonia brasileira.
Bem ao lado da Mayrink no dial,
ficava a Rádio Globo, PRE-3. Embora poucas pessoas soubessem, a Globo
utilizava, precariamente, um canal pertencente ao governo do Chile.
Os chilenos já haviam pedido o
canal de volta e a situação da Globo era portanto, difícil.
Com a cassação do canal
internacional da Mayrink, os militares deram-no para a Globo, que de emissora
de pouca expressão, iniciou uma escalada, que fez dela líder do Ibope em curto
espaço de tempo.A Mayrink, era
uma emissora pioneira.Possuía nos anos 40 e 50, um belo elenco de radioteatro,
orquestras, cantores, auditório refrigerado e um prédio de 5 andares
exclusivamente destinado a seu uso. Tudo isso desmoronou, para tristeza de seus
ouvintes. Seu acervo e patrimônio se
perdeu de vista.
O abandonado prédio da Mayrink em 2009.
A porta central era a entrada para o auditório situado no térreo.
Uma placa. Uma rua.
Uma estação de rádio que um dia fez vibrar o público
Hoje quem passar pela rua Mayrink
Veiga número 15, no centro do Rio de Janeiro,vai ver lá um prédio de 5 andares
com fachada de acabamento desbotado e sujo. Fui rever o prédio.
O pequeno, mas aconchegante
auditório refrigerado substituiu as poltronas por carros. Hoje é um
estacionamento disputado, pela carência de vagas na região central.Indaguei de
dois vigias o que funcionava no prédio.
-Nada. Está vazio. Parece que é do Banco Central. Nós ficamos aqui
tomando conta dos carros e para que não seja invadido.Disse-me um dos
vigias.
Dei mais uma olhada no que era o
auditório e pareceu-me ouvir o eco das vozes de Zé Trindade e Chico Anísio. De
Carlos Henrique e Cid Moreira. De Cesar Ladeira e Nancy Wanderley. De Ângela
Maria e da Orquestra de Peruzzi.
Sai de fininho, antes que os
olhos ficassem úmidos.Atravessei a rua e olhei mais uma vez para o edifício.
No frontispício, as letras de metal foram
arrancadas, ou certamente roubadas. Mas deixaram marcas que teimam em
permanecer, onde se pode ler claramente, soando como um lacônico epitáfio:
Rádio Mayrink Veiga.
Querido leitor de meu blog, espero que tenha gostado de minha pesquisa sobre a histórica
Rádio Mayrink Veiga.
Mande sua opinião e sugestões. Ficarei feliz em recebê-las!
meu pai tem hoje 66 anos e recorda com saudade o tempo de criança, quando ouvia no rádio as novelas com sua mãe.
ResponderExcluirFico feliz em saber! Foi um tempo delicioso, Marcos.
ExcluirMeu Maria Socorro Mendes. Gostei da sua história pois estou participando de uma peça de teatro e o meu tema é a Radio Mayrink Veiga e isso me ajudou muito na historia dessa Rádio obrigado
ExcluirOuvi muito a rádio Mayrink veiga no sertão da paraPar o rei do baião Luiz Gonzag aos domingos,
ResponderExcluirquanta saudade parabéns ao blog
Obrigado Antonio, por suas palavras. Fico feliz!
ExcluirForam muitos os programas que assisti nos anos 60,programa o trabalhador se diverte com Raimundo Nóbrega de Almeida e os programas humorísticos com Zé Trindade,Castrinho entre outros da época,Regional de canhoto Luiz Gonzaga trio nordestino e tantos outros,que saudades
ResponderExcluirO Raimundo Nobre de Almeida era o chefe do jornalismo quando a rádio foi fechada.
ExcluirSaudades do hoje e' dia de rock comandado por jair e isack
ResponderExcluirNesse programa, Roberto, Erasmo e muitos outros iniciantes, tiveram vez. bem lembrado,
ExcluirObrigado por seu comentário. Grande abraço!
ExcluirAmigo,obg pelo seu relato sobre essa rádio pq sou apaixonado pelos anos de ouro do rádio e por suas cantoras ! Sou de Belém do Pará e todo ano visito o Rio , de feria ! Sou apaixonado por essa cidade !
ResponderExcluirBoa tarde!Meu avô escrevia atas para o jornal na época em que fez parte do grupo dos onze na luta com Carlos Prestes. Foi até preso em 64. Gostaria muito de saber se encontraria ainda arquivado e poder ler o que ele escrevia para esta rádio. E obrigada, gostei de sua pesquisa.
ResponderExcluirSe você souber para que veiculo seu avô escrevia. Sabendo a época e o nome do jornal poderá ter acesso nos arquivos da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Eles tem tudo microfilmado. Fiz várias consultas lá para escrever meu livro. Muito obrigado por seu precioso comentário.
ExcluirApesar de ter nascido em 1947, ouvi muito a radio, acompanhei os programas. QUE SAUDADES.
ResponderExcluirEu tenho fotos antigas relacionada ,sou nora de Ary Neri pires .
ResponderExcluirMas que honra saber disso! Gostaria de ver essas fotos. Você é daqui do Rio? Faça contato comigo. Meu celular é 21-9 99124202. Grande abraço!
ExcluirSou neta dele! Não o conheci mas procuro lembranças!
ExcluirEu gostaria de saber se vc tem alguma informação sobre o prédio número 18 da Rua Mayrink Veiga. É o prédio que o senhor tirou a foto da placa da rua que está aqui no blog. Dizem que esse prédio era um manicômio, mas essas informações são bem no estilo boato. Teria alguma informação sobre isso?
ResponderExcluirEstimado Raphael, antes de mais nada obrigado por seu comentário.Não tenho notícia de que o prédio tenha sido um manicômio. Para saber eu teria que fazer uma longa pesquisa na Prefeitura, creio que consultando o Arquivo da Cidade. Mas nesse momento de isolamento é impraticável. Mas quem sabe eu conseguirei quando isso passar? Você me deixou curioso! Não seria de admirar! Você sabia que o prédio onde se instalou a Rádio MEC nos anos vinte na Praça da República 141-A abrigou o necrotério do Rio de Janeiro? Grande abraço e continue nos prestigiando!
ResponderExcluirMeu pai veio de Recife para servir na Marinha em 1956, ele sempre me conta que ia na Mayrink Veiga as quartas-feiras ouvir o tio dele que tocava na orquestra Tabajara. Ele ia sempre fardado. Boas lembranças do Rio antigo que ele sempre me conta ... Obrigada por essas memórias... Um abraço...
ResponderExcluirGrande abraço! Obrigado!
ExcluirEu passo muito pela rua Mayrink veiga, lembro do final dos anos 50 e início de 60 do programa hoje é dia de rock, onde iniciou Roberto Carlos, Wanderléa, Erasmo, hoje o prédio fechado, o auditório servindo de estacionamento. É uma lástima, poderia ser restaurado e transformado em museu do rádio.
ResponderExcluirMuitas lembranças!!!
ExcluirEu conheci a Radio Mayrink Veiga mais todo vida sempre procuro ler tudo sobre essa Radio e também sobre os artista , cantores e humorista que frequentaram essa Radio não vou falar os nomes porque são muitos .É uma pena saber de tudo que aconteceu com ela e em que o predio se transformou .
ResponderExcluirMaria do Socorro, obrigado pelo comentário!
ResponderExcluirOi sou nora do saudoso Ary Nery pires e tenho muitas fotografias do tempo e uma lembrancinha da rádio.
ResponderExcluirOie! Sou neta dele e tô procurando lembranças! Por favor, se ver essa mensagem me contate no karenmgm@gmail.com!
ExcluirQue bom saber! Gostaria de ver essas relíquias. Grande abraço e obrigado pelo contato.
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